Cadastre-se gratuitamente e leia
O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
em seu dispositivo preferido

Travessia Frades x Salinas, um caminho para se apaixonar pelos Três Picos

Trilhas e estradas conectam Teresópolis e Nova Friburgo de uma maneira diferente e desafiadora

Mochileiro – Marcello Medeiros

De um lado, Teresópolis e o majestoso Vale dos Frades. Do outro, Nova Friburgo e a magia de montanha da região de Salinas, tendo como ponto alto o local conhecido como Vale dos Deuses. Em comum, a proteção integral garantida pelo Parque Estadual dos Três Picos e atrativos turísticos para quase todos os públicos, desde trilhas fáceis a escaladas de dia cheio. Além disso, a proximidade dessas localidades permite a realização de incursões por um lado ou por outro para as mesmas montanhas e até uma travessia cruzando duas das regiões mais bonitas da Serra Carioca e cobiçadas por “aventureiros” de todo o país e até do exterior.
Alguns dos roteiros possíveis nos dois municípios por essas localidades já foram destaque por aqui, mas nunca é demais divulgar novos ou antigos caminhos comuns apenas para quem já é frequentador dessas áreas. Uma boa opção para conhecer o Vale dos Frades e o Vale dos Deuses no mesmo dia é realizar uma travessia que tem início às margens da RJ-130, nas proximidades do quilômetro 20,5, em Teresópolis, e termina quase em frente ao Colégio Ibelga, já em Nova Friburgo. Cruzando estradas de terra batida e trechos em fechadas e convidativas trilhas, é possível admirar diferentes ângulos de montanhas como as que dão nome à unidade de conservação ou a impressionante Caixinha de Fósforos, entre tantas outras belezas. Se optar em atravessar a região dessa forma a pessoa irá caminhar cerca de 30 quilômetros. Porém, a possibilidade de dividir o roteiro em etapas pode criar um passeio mais tranquilo.

Bate e volta
Recentemente realizei apenas um trajeto de aproximadamente 13 quilômetros (ida e volta), na “parte central” dessa travessia. Deixei o carro na portaria da Fazenda Itatyba, no final da Estrada dos Frades, e caminhei até a Pedra do Sofá, já de frente para os imponentes Três Picos, nesse ponto já em Nova Friburgo, retornando para o lado teresopolitano após registrar e contemplar os paredões do Pico Maior e Capacete, além do bonito e grande vale na direção oposta, que tem como destaque bem ao fundo o maciço do friburguense Caledônia.

Fazenda e Caixinha
A portaria da Itatyba, por onde também é acessada outra fazenda, a Itauá, é o limite para os veículos. Os proprietários não se opõem a presença de visitantes, desde que respeitem essa e outras regras, como não fazer barulho, deixar ou levar nada, além de, logicamente, não sair dos caminhos demarcados em direção às residências e outras dependências.
O primeiro trecho da caminhada é por uma pequena estrada, iniciada em calçamento rústico de pedras e em seguida tomada pela característica terra batida da zona rural. Muitas flores ou árvores floridas, além de pequenos mas charmosos cursos d´água, dão o clima nessa primeira etapa. Cerca de um quilômetro depois da portaria, entram em cena os gigantes eucaliptos com seu perfume e simetria característicos. Após dois quilômetros de subida, é hora de tocar para a direita. A pequena estrada começa a virar um trilho, ainda ladeado pelas árvores de origem exótica. Quando se alcança uma determinada altura, começa a aflorar o fragmento florestal de Mata Atlântica comum à nossa região.

Já na região do Vale dos Deuses, com a primeira grande vista para o Capacete e o Pico Maior (Montanha mais alta da Serra do Mar)


Nesse ponto o caminhante também tem sua atenção despertada para um dos principais atrativos dessa trilha, a Caixinha de Fósforos, vista a partir de seu mais impressionante ângulo. “Quadradinha”, a grande formação rochosa se mostra muito maior do que sua base, além de fora de centro de equilíbrio. A impressão que se tem é que ela vai desabar a qualquer momento. Em um futuro distante, acredito, isso pode acontecer. Basta aguardar a continuidade da ação das intempéries na parte de baixo do fragmento rochoso – que é um só, por isso ainda está de pé… E mais uma informação: a Caixa de Fósforos fica em TERESÓPOLIS e não Nova Friburgo, como tem sido divulgado em algumas redes sociais.

De volta ao Vale dos Deuses, agora seguindo em direção ao local onde deixamos o carro, no Vale dos Frades

Ufa!
O trecho onde é possível admirar a curiosa formação, cujo cume se eleva a 1.800 metros de altitude, é o mais íngreme da caminhada. Quase no final da parte com maior altimetria, uma nascente recompensa os caminhantes. Como pode parecer muito longe, principalmente para os menos preparados fisicamente, recebeu o nome de “Fonte Até Que Enfim”. Um refresco e bora seguir adiante, já estando bem próximo o Vale dos Deuses.

O visual
Quando as árvores começam a ficar menores, característica dos campos de altitude, é sinal que se está bem próximo da parte mais alta – pelo menos dessa travessia. Primeiro o caminhante vai ladeando o Capacete (Com 2.200m de altitude e dezenas de vias de escalada) e logo a seguir já avista pela primeira vez desse ponto o Pico Maior (2.366m de altitude, o mais alto local de toda a Serra do Mar). Mas uma dica é olhar para trás, registrando nova impressão da Caixinha e de montanhas do Vale dos Frades como o Quarteto e o Morro dos Cabritos.

Ainda cruzando a Itatyba em trecho cercado por árvores exóticas, com sua simetria e perfume característicos

Área de lazer
No local justamente batizado de Vale dos Deuses existe uma área de camping, com estrutura rústica de cozinha e banheiro, um luxo para quem pratica esse tipo de atividade. Bem perto dela também foi criada uma área de lazer com brinquedos e até um murinho de escalada, ação realizada em parceria entre o PETP e o Centro Excursionista Friburguense (CEF). Perto desses setores funciona uma sede avançada da unidade de conservação, onde guarda-parques se revezam para realizar a manutenção e a ordem relacionada aos visitantes.

A impressionante Caixinha de Fósforos, também conhecida como Pedra dos Milagres por conta do seu curioso formato

Seja montanhista
O trajeto relatado tem altimetria acumulada de apenas 607 metros e é de fácil orientação. Porém, lembre-se sempre das regrinhas acima e de uma máxima muito importante: Montanha não é shopping. Sair para visitar ambientes naturais não é o mesmo que passear em uma área comercial. É preciso conhecer seus limites e respeitar o ambiente que irá visitar, garantindo assim que ele possa ser contemplado também pelas nossas futuras gerações. Está na moda atualmente usar o termo “trilheiro” – o que é muito diferente de ser montanhista. Todo montanhista é trilheiro, mas nem todo “trilheiro” é montanhista. Esse é um esporte que vai muito além de uma foto bonita em rede social. É preciso conhecer, valorizar e trabalhar para que ele continue sendo um excelente estilo de vida e ainda contribua com a preservação de ricos espaços como os vales dos Frades e dos Deuses! Para mais informações sobre esse e outros trajetos, o e-mail da coluna é o marcello_medeiros@yahoo.com.br e o Instagram é o @mochileiro_marcello


Edição 22/11/2024
Diário TV Ao Vivo
Mais Lidas

Sítio Assunção, 95 anos de história e espiritualidade em Teresópolis

Último domingo de novembro com promoção no Parc Magique do Le Canton

Rota Serra Verde ganha reforço na sinalização

Teresópolis mais uma vez na rota da Caravana da Coca-Cola

Imóvel que a Prefeitura de Teresópolis comprou por R$ 6,5 milhões pode ser vendido em leilão 65% mais barato

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE