A questão da volta às aulas se tornou um tema muito polêmico em Teresópolis com opiniões diversas entre pais de alunos, autoridades públicas e sindicatos, enquanto a Secretaria Municipal de Educação está no meio dessa discussão buscando a melhor forma de cumprir com as medidas das autoridades de Saúde e com as obrigações do ano letivo. Em entrevista ao Jornal O Diário de Teresópolis, a professora Satiele Santos, responsável pela pasta, explicou que está seguindo o protocolo foi estabelecido em conjunto com autoridades de Saúde e que está ouvindo os profissionais das escolas e os pais de alunos sobre o tema. Ela explicou também que neste mês de fevereiro está sendo feita a avaliação das necessidades e particularidades de cada uma das unidades escolares.
Abertura do ano letivo
Após o retorno às aulas ainda no modelo online, Satiele afirmou que toda movimentação nas escolas estão ocorrendo dentro do que foi estipulado pelo cronograma: “Começamos o ensino remoto no dia 2 de fevereiro, carregamos o cartão alimentação e começamos a ouvir os nossos diretores com relação à possibilidade do ensino híbrido. Temos 96 unidades escolares no município, então são muitas realidades diferentes. Voltamos com as aulas no ensino remoto ainda, nossas equipes estão desde 18 de janeiro nas escolas organizando, preparando ouvindo os responsáveis, o que é uma movimentação muito importante e necessária nesse momento muito delicado. O calendário atual da rede pública municipal está atendendo aos 200 dias letivos e a carga horária estipulada na Lei de Diretrizes e Bases na lei federal que regulamenta o calendário escolar. Esse calendário é flexível e vai atender tanto o ensino remoto que estamos hoje e o presencial, se até o final do ano conseguirmos colocar todas as crianças novamente dentro da sala de aula como a gente vinha fazendo até 13 de março de 2020 que foi quando começou a pandemia”.
Opiniões divididas
A secretária de Educação explicou que está realizando uma consulta aos pais e responsáveis dos estudantes da rede municipal sobre o que pensam do modelo de ensino que deve ser seguido, mas enfatizou que em caso de mudança para o sistema híbrido, não será obrigatória a presença dos alunos: “Eu tenho hoje em um resultado ainda parcial, porque estamos ainda buscando informações, que 50% desses responsáveis hoje se sentiriam confortáveis em mandar seus filhos para a escola. Mas é importante ficar claro que na rede pública municipal, mandar o filho para o ensino híbrido vai ser facultativo. O ensino remoto em casa é obrigatório, é obrigação do responsável manter os seus filhos matriculados e fazendo suas atividades na participação remota, contudo, o híbrido é facultativo. A gente vai acompanhar semana a semana. Temos um plano de retomada construído junto com a Secretaria Municipal de Saúde ele prevê o início possível do híbrido a partir de março, desde que as nossas escolas estejam prontas para isso e a cada 20 dias os números serão reavaliados.
Tecnologia como suporte
Existe também no protocolo os procedimentos a serem seguidos pelos profissionais das escolas sobre os cuidados individuais de prevenção, quando (e se) os alunos voltarem a frequentar as escolas : “É importante que os funcionários da escola e equipe diretiva, professores, pessoal de apoio, todo mundo que frequenta aquele espaço escolar baixarem nos seus celulares o aplicativo Minha Saúde e que diariamente, ao entrar na escola, preencham aquele aplicativo, apontem ali algum sintoma para que a Secretaria de Saúde seja capaz de rastrear e monitorar os bairros e as pessoas que estão frequentando os espaços escolares”.
Investimento em prevenção
Satiele garantiu que só haverá retorno de aulas presenciais após todas as unidades escolares tiverem comprovadamente condições de funcionar com segurança: “A Secretaria Municipal de Educação segue e vai seguir rigorosamente o que está posto no decreto em que foi construído esse plano de retomada pela Secretaria de Educação junto com a Secretaria de Saúde e a Vigilância Sanitária. Nós estamos seguindo e vamos seguir todos os protocolos que estão postos ali. Vamos equipar nossas escolas com todo o material necessário para a higiene do espaço, para a proteção dos funcionários da unidade escolar. Os alunos também vão receber máscaras, receber kits que contenham álcool gel. Toda a equipe vai tomar conta de toda segurança. Não faremos nenhuma movimentação sem a escola estar adequada e equipada para isso. Vamos seguir o ensino remoto até as escolas estarem preparadas começar a receber os nossos alunos”.
Possibilidade de retorno
Caso haja realmente o aval das autoridades de Saúde para que o sistema de aulas evolua para o híbrido, a secretária explicou que haverá todo o cuidado para proteger não só os alunos como também os servidores das escolas: “A primeira intenção, possivelmente em março, se tudo correr bem e conseguirmos estruturar as escolas, será de até 30% dos nossos alunos retornando ao ambiente escolar. E vamos entender junto com as equipes pedagógica e técnica da Secretaria de Educação quem serão esses alunos. Estamos estruturando tudo, então em fevereiro ficamos no ensino remoto, em março possivelmente retomamos com híbrido para quem quiser mandar os seus filhos para escola. É muito importante também preservar os nossos funcionários, os nossos servidores. Quem tem alguma comorbidade, quem tem mais de 60 anos, fica no remoto, dão apoio remoto, vamos entender quem pode voltar nesse momento para trabalhar na escola também. Estamos coletando dados, então por enquanto ficamos no remoto estruturando as escolas e a equipe para o retorno, possivelmente a partir de março”.
Sindicatos se posicionam contra retorno de atividades presenciais
No último dia 9, os sindicatos que representam os profissionais da Educação se reuniram com o prefeito Vinícius Claussen para tratar do retorno das atividades presenciais e apresentaram todas as preocupações e restrições que possuem sobre o tema.
De acordo com a representação do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE) em Teresópolis, foi entregue um documento conjunto chamado “Manifesto pela vida: pelo retorno seguro às aulas presenciais, vacinação já!”, relatando que são contra o retorno sem que antes todos os servidores da área sejam imunizados.
Entre as preocupações apresentadas, o SEPE enumerou questões como o momento da pandemia, o pedido por maior debate com a comunidade escolar e as aglomerações no transporte público.
O Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Teresópolis (SindPMT) também divulgou seu posicionamento e foi contundente em discordar de qualquer possibilidade de retorno sem vacinação dos profissionais, até mesmo nas escolas particulares:
“O SINDPMT mantém seu posicionamento de que só é possível voltar quando, todos os profissionais de educação estiverem imunizados contra o Coronavírus, que é a indicação da comunidade científica mundial. Para isso, é preciso que o governo apresente, em seu plano de vacinação, uma atuação mais consistente, uma busca mais rápida pelas vacinas”.
“Sabemos que há uma pressão do Sindicato Patronal e empresários para que as escolas retornem suas aulas presenciais normalmente mesmo sem as vacinas para que mães e pais voltem a ocupar seus postos de trabalho, e as escolas voltem a receber suas mensalidades”.
“As escolas particulares buscam retorno das aulas presenciais baseadas na perca do financeiro. Somos uma rede, analisamos que nenhuma escola deve voltar; nem as particulares, nem as públicas, e que os protocolos devem ser únicos. Se o setor da educação privada voltar alegando estar mais preparado, só reforça a segregação. O lucro continua acima da vida. Nesta compreensão, o SINDPMT segue reafirmando seu posicionamento contra a volta às aulas presenciais, acentuando que a preocupação e a defesa pela saúde e segurança de todos é mais importante que qualquer tentativa de retorno das aulas presenciais”.