Foi realizado na última sexta-feira (29) o julgamento do homem acusado de atear fogo no porteiro Jefferson Quintanilha, em um bárbaro crime de grande repercussão ocorrido em 2018 no Condomínio da Fazenda Ermitage. Por sete votos a zero, o júri decidiu pela condenação de Marcelo Cavalcanti a 11 anos e 1 mês de reclusão. Ainda cabe recurso desta decisão e a defesa alegou que pretende recorrer. O julgamento que começou às 13h teve uma duração de quase 8 horas.
Poucos dias antes do julgamento, a defesa já havia pedido uma avaliação da sanidade mental do réu, porém essa requisição não foi aceita, pois o juiz decidiu manter a decisão sobre outro requerimento com o mesmo objetivo de tentar a instauração de “incidente de insanidade mental do acusado”.
“Nenhum requerimento feito neste sentido nos autos veio instruído com informações mínimas a respeito dos indícios de que o acusado possa ser portador de qualquer transtorno ou doença mental”, enfatizou a justificativa da decisão.
Relembre o caso
O ato criminoso e covarde mudou a vida de uma família inteira, especialmente da principal vítima de um ataque que teria sido praticado por causa de ciúme doentio em 19 de junho de 2018. No final da tarde desse dia, o porteiro Jefferson Quintanilha de Sousa, de 23 anos, teve o corpo incendiado após ser banhado por gasolina quando estava no seu local de trabalho, o condomínio Margaridas, no Parque Ermitage.
O acusado, Marcelo Gomes, que se entregou à polícia três dias após o crime, teria como motivação a desconfiança que Jefferson estaria tendo um caso com a sua companheira. Em estado grave, o porteiro passou cerca de 70 dias internado em um hospital na Baixada Fluminense.
Em outubro de 2018, ele esteve na redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV para falar sobre sua nova vida e a luta para continuar o dispendioso tratamento médico. “Foi um ato de crueldade. Eu estava desprevenido e nem imaginava algo do tipo pudesse acontecer comigo. Mas graças a Deus estou vivo, é isso que importa. Estou com minha família, amigos, isso é que importa”, relata o jovem, lembrando o longo período de internação – que terminou há pouco mais de um mês apenas. “Foram 28 dias entubado, em coma. Fui me recuperando aos poucos e somente cerca de 70 dias depois tive alta. Graças a Deus estou aqui, posso dizer que sou um milagre”, contou o rapaz.
Consequências
Jefferson teve 60% do corpo queimado, sofrendo danos na cabeça, face, pescoço, tronco e membros superiores. Durante o período de internação, passou por um processo de enxerto no pescoço, na nuca, braço e tórax. Ele vai precisar de uma prótese na orelha, porque perdeu totalmente a direita e um pedaço da esquerda, estando ouvindo normalmente porque a parte interna não foi afetada.
Enfrentando uma luta diária e rotina bem diferente do que estava acostumado, Jefferson conta com o apoio e carinho não só dos familiares, mas do grande número de amigos e pessoas que passaram a lhe auxiliar de diversas formas após o brutal crime do qual foi vítima. “Nem imaginava que tinha tantos amigos assim, que receberia tanto carinho, que a situação iria se expandir como foi. Agradeço muito a todo mundo que me ajudou e está ajudando até hoje. O obstáculo é grande, mas tenho que ter força para superar e melhorar a cada dia, para tentar voltar ao normal”, enfatiza.
O brutal crime
O ataque foi registrado pelas câmeras de segurança do condomínio. O vídeo mostra o acusado chegando de carro e em seguida se dirigindo à portaria. Ele abre o galão de gasolina, entra na cabine e joga o combustível no rosto do porteiro, ateando fogo com um isqueiro. Jefferson correu cerca de 300 metros da portaria até chegar em casa, no conjunto habitacional, e receber o socorro da mãe e de vizinhos, que usaram um tapete e até terra para apagar as chamas. Os Bombeiros chegaram ao local por volta das 16h30, encaminhando o jovem para o Hospital das Clínicas Costantino Ottaviano. Depois, foi transferido de helicóptero para o Hospital Estadual Vereador Melchiades Calazans, em Nilópolis.