Wanderley Peres
No mês em que o primeiro dia dele é “da mentira”, mentiras vêm sendo desmascaradas, e o domingo próximo, dia 7 é quando aparecerão as verdades das filiações, por exemplo. Em qual partido ficaram os pré-candidatos a prefeito? E os vereadores de mandato, como se arranjaram nas legendas para concorrerem à reeleição? “Dia primeiro de abril é o dia mentira, a gente sabe disso, mas o dia 7 é o da verdade. Porque dia 7 vamos saber onde os políticos ficaram alocados, em qual sigla ou grupo, em qual nominata, porque muita gente namorou aqui e ali, escolhendo o melhor lugar para concorrer, então, domingo é quando saberemos onde todos que pretendem candidaturas ficaram”, disse o vereador Leonardo Vasconcellos em entrevista à tevê DIÁRIO nesta sexta-feira, 5, no programa Hélio Carracena.
O vereador-presidente da Câmara repercutiu também grave denúncia feita pelo vereador Marcos Rangel na última sessão, dando conta de que nominatas de reeleição dos vereadores da base de apoio ao prefeito estariam sendo compradas a custo alto. Seriam R$ 70 mil para a campanha, além de 30 cargos, DAS e créditos em obras. “E o Diário Oficial reflete isso, de que está havendo esse movimento, com as secretarias sendo desmontadas a serviço de interesses, que não são do público, mas para a manutenção de um povo que está na Prefeitura há seis anos saqueando, desmontando os setores e sugando a nossa cidade”, disse o entrevistado.
Hélio Carracena quis saber, também, sobre o andamento do caso em que o vereador Leonardo foi envolvido, no ano de 2018, quando foi preso junto de outros cinco vereadores: Dedê da Barra, Cláudia Lauand, Luciano Santos, Rony Carreiro e Rocksilvan.
“Fui preso em 2018 porque alguém disse na Justiça que um grupo de vereadores queria uma conversa que não era correta com o prefeito e isso tudo ‘provado’ com gravações e argumentos que sabemos agora terem sido fraudados. Ficamos presos entre 25 de maio e 21 de setembro, e até hoje não fui ouvido por nenhuma autoridade judiciária, não participei de audiência de custódia e os gravadores que ensejaram as gravações sumiram, o que pode caracterizar fraude processual, porque o desaparecimento desses equipamentos, necessários para a prova, poderiam confirmar a fraude. Esses aparelhos, que precisariam ser periciados para confirmar as denúncias, não foram entregues à Justiça e sumiram, daí a fragilidade da farsa montada.
Leonardo informou, também, a existência de laudos da Justiça que revelam a manipulação dos áudios. Tudo está provado, no processo, pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli, instituto público, porque eu não contratei esse serviço ou profissional ou laudo. É o próprio Estado quem fez a perícia e está provado que teve adulteração das fitas, feito por gente que tem capacidade, porque os denunciantes têm acesso a estação de rádio, emissora de televisão, e tem a espertize profissional para a gravação feita do jeito conforme foi feita. Essa perícia do Carlos Éboli foi feita duas vezes, em tempos diferentes e por peritos diferentes e o resultado foi o mesmo, confirmando que tem mistura, tem atrapalho, e teve trapaça política com o uso da máquina do estado. Isso foi em 2018, e até hoje não fomos ouvidos. O processo cível já foi arquivado pelo juiz, a pedido do Ministério Público autor da ação, e o criminal segue esse mesmo caminho porque as gravações não se sustentam. A justiça pediu os aparelhos de gravação e eles não entregaram. Eles disseram na presença de um desembargador que haviam perdido o aparelho. O principal denunciante disse em juízo que o Leonardo era uma pessoa séria, que eu nunca pedi nada a ele e que não sabia porque eu estava lá. Tenho essas gravações comigo”.
POR CAUSA DA ÁGUA
“Os nossos acusadores fizeram uma artimanha política para vender a água em 2018 e como passava pela Câmara e eles não conseguiram a aprovação fizeram essa armação toda, que servia também a outros interesses escusos. Acabou que o prefeito de hoje conseguiu vender a água, que tanto queriam vender, mas fazendo de forma diferente, não prendendo quem o atrapalhava: vendeu a água comprando muita gente”, disse. Leonardo disse que o objetivo de acabar com o processo, além de se fazer justiça, é também o de trazer a verdade e a prova de que políticos manipularam a opinião pública e o judiciário. “Essas pessoas, no poder, são perigosas. Quando são detentoras de concessões públicas utilizam os seus auditórios, as suas emissoras, para a política, e usaram os seus aparelhos para manipular a verdade a fim de conseguir manter os seus interesses. Vou processar aqueles que engendraram essa trama, porque isso inspira a uma formação de quadrilha, com pessoas desde o alto escalão até o médio e baixo escalão do governo municipal, imbuídos que estavam na trama, recebendo do poder público para arrumar a estratagema que tinha como fim o negócio da água”. Segundo o vereador, o som inaudível em aparelho comum de reprodução deixa clara a montagem e o crime a partir da investigação técnica da polícia científica. “Captando todos os espectros da gravação, o que não é audível na reprodução por um aparelho comum, no laudo se percebe a fala ‘estou gravando, estou editando’. Isso tudo aparece na análise da gravação, conforme os laudos do instituto Carlos Éboli. ‘Estou mexendo aqui, estou ajeitando, aparece tudo isso na gravação’. Ainda segundo Leonardo, o costume do mau uso da máquina administrativa, que teria forjado provas de supostos crimes, não mudou com a mudança do governo. Hoje, está provado, no papel, que tem gente recebendo secretarias para fechar os olhos para os erros do governo, gente que têm parentes, irmãos e esposas nomeados em troca de favores do governo, e não acontece nada. Cadê o Ministério Público? Cadê a mesma justiça e o mesmo fórum que foram atrás de indícios que deveriam perceber que eram suspeitos? E hoje nós temos dados concretos e nada acontece diante de relação de comércio tão flagrante na administração municipal”?