Wanderley Peres
O prefeito Vinícius Claussen mandou mensagem de lei à Câmara Municipal nesta quinta-feira, 15, pedindo, em regime de urgência, autorização dos vereadores para a realização de leilão de venda dos bens móveis inservíveis da municipalidade, entre eles os veículos em estado de sucata, visando desocupar os espaços que ocupam no Parque de Exposição de Albuquerque. Atual ferro velho da Prefeitura, desde os primeiros anos do atual governo municipal, em vez de servir para exposições ou os eventos da Agricultura, o terreno da Feport se transformou num parque de exposição de sucata, e de entulhos e detritos de obras, por isso inviabilizado para eventos há mais de três anos.
Apesar do veemente apelo, e a aparente intenção do prefeito de se livrar do problema do sucateamento da frota em seu governo, que preferiu a contratação de veículos por aluguel, o pedido foi para as comissões de Justiça e Redação. Pelo ânimo dos vereadores a autorização não deve acontecer, dormitando nas gavetas dos vereadores até o fim do governo. E os motivos nem seriam eventual má vontade política, mas o risco que os vereadores correm de pactuar com o grave dano ao erário provocado pela administração municipal, que fez vista grossa para a roubalheira de peças dos veículos da frota de veículos, como já foi noticiado pelo DIÁRIO.
Motores, caixas de marcha, rodas e pneus… Ar condicionado, bancos, painéis e comandos eletrônicos… Veículos pouco rodados foram canibalizados, sem pudor, e sob os olhares de servidores públicos que deveriam cuidar do patrimônio adquirido com recursos próprios ou encaminhados ao município pelos governos federal e estadual.
E nem há que se falar que as peças teriam sido retiradas para substituição de outros em melhor estado, isso é mentira, porque até mesmo veículos únicos da frota tiveram as valiosas peças roubadas, como um Nissan March, que teria batido o motor com cerca de 20 mil quilômetros rodados e está exposto no parque só em carcaça. Em tantos veículos únicos da frota, também canibalizado ficou o ônibus adquirido pela Educação no governo Petto, e que parou de circular funcionando, e dele roubaram do motor ao ar condicionado, além de bancos e até parte da lataria.
TEM RESPONSABILIZAÇÃO
“Dá pena ver o descaso do atual prefeito com o patrimônio público. Esse ônibus estava rodando quando foi encostado e agora está todo destruído. E tem ainda em exposição tantos outros veículos, aparentemente novos, faltando uma peça ou outra, esperando o leilão, para alguém comprar a sucata e a peça voltar para o lugar, ressurgindo o carro novo. Isso precisa ser investigado, precisa ser apurado, e o prefeito tem que dar conta disso, porque é de sua responsabilidade o correto uso do dinheiro público”, disse o ex-prefeito Roberto Petto no programa Hélio Carracena desta sexta-feira, 16, onde as imagens dos veículos canibalizados foram mostradas.
TEM QUE EXPLICAR
“Deveriam, pelo menos, mandar para essa Casa as imagens desses veículos que serão vendidos como sucata, porque precisamos ver se eles são mesmo sucata, e conhecer a motivação deles terem se acabado tão rapidamente, porque são veículos com menos de 10 anos de uso. Não sou contra o leilão. Mas leilão de sucata, de carros com 10 anos apenas? Como esses carros viraram sucata? Precisamos ver se esses carros são mesmo sucata, e o prefeito tem que dar conta disso, tem que nos informar por que os veículos chegaram a essa condição”, disse o vereador Dr. Amorim, reclamando que não podem autorizar o leilão a partir de um simples ofício, porque os vereadores estariam assinando um cheque em branco, e podem ser responsabilizado pela falta de zelo que o prefeito teve com a frota de veículos.
TEM MARACUTAIA
“O governo teve seis anos para fazer o leilão. Agora, pede em caráter de urgência, para que a Câmara autorize ele a se livrar do problema que arranjou. Por que está correndo com isso, agora? Tem maracutaia aí. Quando vier para votação, eu voto contra. Tem que deixar esses carros onde estão, porque o governo já acabou, e esse é um problema que o prefeito tem que dar conta dele, e não podemos resolver o seu problema. O que nós precisamos é pedir uma auditoria, para descobrir porque os veículos em boas condições viraram sucata em tão pouco tempo”, disse André do Gás.
TEM ARMAÇÃO
“Cadê a peça do carro? Se sumiu tem que aparecer. Para vender a água, foi tudo sem autorização da Câmara. A Prefeitura não pagava água, e agora paga R$ 1 milhão. É por isso que está sem dinheiro, porque já pagou R$ 444 mil de conta dos prédios públicos só em seis meses. Alegar que tem urgência para limpar ao pátio do Parque de Exposições isso é uma armação. Tiveram seis anos para limpar, e agora querem é esconder o que fizeram”, disse Fidel.
Canibalização já foi denunciada pelo DIÁRIO dois anos atrás, sem providências da Prefeitura ou da Câmara
Respondendo a O DIÁRIO, dois anos atrás, em junho de 2022, o governo municipal negou a canibalização dos veículos que haviam chegado ao Parque de Exposição de Albuquerque, a maioria deles, rodando razoavelmente, e pouco depois nem pneus ou rodas tinham mais. Contrariando o que já havia dito antes, de que as peças retiradas eram colocadas em outros veículos, da própria frota, a Prefeitura, desta vez, disse que não faz isso, e nem deixa outros fazerem porque o local teria vigia.
“As imagens dos veículos destruídos desmentem as afirmações do governo. E, se as peças não estão sendo retiradas para consertar outros veículos da frota – o que é errado, mas seria mal menor – estariam sendo retiradas com outra intenção então porque os furtos em curso saltam aos olhos, basta perceber as laterais de alumínio dos ônibus, que só falta o governo afirmar que deterioraram com o tempo. Lanternas, para-choques, para-lamas, volantes, motores, caixas de marcha… O que tem valor no mercado está sumindo no pátio de Albuquerque e a Prefeitura diz que não, que não tem nada de errado. Nem anuncia celeridade no leilão, que já deveria ter sido providenciado, para salvar algum trocado com os restos de peças de valor que possam ter sobrado nos carros “que não estão sendo canibalizados”, disse O DIÁRIO, notícia que não provocou providências da Prefeitura ou da Câmara Municipal, que têm a obrigação de abrir inquérito administrativo um, e fiscalizar o outro.
Embora as condições dos veículos no pátio comprovem o contrário, porque os veículos estavam sendo canibalizados sim, a Prefeitura disse que “a manutenção da frota é feita em oficina especializada e a empresa não tem autorização para retirar peças de quaisquer veículos”, afirmando ainda que a prática teria sido abolida pela atual gestão municipal. “O controle é feito pelo chefe da oficina da Subsecretaria de Assessoramento de Transportes, com identificação de cada bem”, disse o governo.
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