Marcello Medeiros
No final do mês de junho, o Brasil inteiro olhou para Teresópolis. O motivo: uma chacina que vitimou uma família em uma propriedade rural no Segundo Distrito do município. Eujaique José Pereira, 46, também conhecido como Jarbas, teria usado uma arma de caça para atirar contra sua ex-companheira e três pessoas que haviam dado abrigo a ela após o término do relacionamento. Ele foi preso alguns dias depois e, terminada investigação policial, denunciado oficialmente por triplo homicídio qualificado e um feminicídio. O homem, que está em presídio na Zona Norte do Rio de Janeiro, também ficará preso até julgamento. Nesta quinta-feira (29), a reportagem do Diário conversou com o Delegado Titular da 110ª Delegacia de Polícia, que pontuou o encerramento do inquérito.
“Logo que iniciamos as investigações e descobrimos a autoria, pedimos a prisão temporária dele. Depois conseguimos a prorrogação da temporária, pois faltavam algumas diligências, depoimentos e juntar laudos periciais. Essa semana relatamos o inquérito e indiciamos o autor por três crimes de homicídio qualificado e um de feminicídio. Esse inquérito foi remetido à Justiça, o MP concordou com o pedido de prisão preventiva e foi instaurado o processo. A partir desse momento se inicia o processo e com provavelmente ele vai ser levado a Júri Popular e os jurados vão decidir sobre a sua responsabilidade nesse crime bárbaro. A pena máxima pode chegar a 120 anos de reclusão, dependendo o resultado a definição de pena do Juiz. Torcemos que os jurados concordem com a responsabilidade dele e fique resto da vida preso”, destacou Marcio Dubugras.
A chacina ocorreu em uma fazenda na localidade de Gamboa, na região de Ponte Nova, Segundo Distrito de Teresópolis, chocou a população e teve repercussão nacional não só pelas quatro mortes brutais, mas porque uma menina de sete anos de idade teria escapado de ser assassinada por ter sido escondida em uma cocheira pela pessoa que seria o principal alvo do denunciado, sua ex-companheira Roberta Pereira, de 48 anos.
Além dela, foram encontrados mortos na Fazenda Jacuba o casal Anderson Ribeiro, conhecido como “Andrin”, de 44 anos, e Gerciane Grunier, de 33; e Evandro Santos Grunier, de 27, irmão de Gerciane. Imagens postadas em redes sociais mostram a família junto a Roberta em uma festa junina realizada em escola na região, horas antes do crime. Segundo apurado, a arma utilizada no crime foi uma espingarda calibre 28, armamento geralmente utilizado para a caça de animais.
Crime passional
Segundo as investigações, Roberta e Eujaique, tinham relacionamento há cerca de um ano. Nos últimos meses, porém, a situação entre eles não estaria bem, havendo o rompimento no dia 28 de junho. O denunciado não teria aceitado o fim do namoro e ainda ficado revoltado com a família que havia abrigado Roberta até que pudesse retornar para seu local de origem, a cidade de Maricá. Portanto, diante dos fatos, mesmo que não confirmados pelo denunciado, trata-se de crime passional.
Além de Roberta, foram encontrados mortos na Fazenda Jacuba e Evandro Santos Grunier, de 27 anos, Anderson Ribeiro, conhecido como “Andrin”, de 44 anos, e Gerciane Grunier, de 33, irmã de Evandro. Foto: Reprodução
Proteção para a criança
Única testemunha do brutal assassinato, que teve início na casa de caseiro da fazenda e terminou na margem de um rio, a menina de sete anos que escapou da morte está protegida, em companhia de familiares. A polícia acredita que ela só não foi assassinada porque Roberta, ao ver seu ex-companheiro atirando nas pessoas que haviam lhe abrigado após a separação, correu com a menina e a escondeu em uma das cocheiras da fazenda. Em seguida, ao sair do local, acabou sendo baleada e caiu dentro de um rio.
União das forças de segurança
Assim que o dia clareou, a menina saiu do esconderijo e pediu ajuda a um vizinho, que acionou a polícia. Imediatamente, PCERJ e PM deslocaram equipes para a região para entender o caso e buscar o autor dos disparos que haviam tirado a vida de quatro pessoas. A rápida ação foi fundamental para a breve finalização do inquérito. “A gente tem essa integração com todas as instituições. Quando um fato desse tipo acontece, as instituições trabalham juntas para identificar a autoria e realizar a prisão da pessoa acusada. Há uma troca de informações tendo como objetivo trazer segurança para a sociedade. O cidadão não quer saber se é instituição A ou B, quer ser atendido, ter auxílio e ver que pessoas que cometem esses crimes são presas”, pontuou o Delegado Marcio Dubugras.