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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Mesmo com decisão judicial, professor de Teresópolis não consegue medicamento

Samuel Alves faz tratamento contra leucemia e teme prejuízo na saúde devido a dificuldade para liberação de recursos obrigatórios

Vinicius Barros *

Mais um problema na saúde pública do município. Nesta quarta-feira (18), recebemos na redação do Diário um teresopolitano que sofre com câncer, especificamente leucemia linfocítica crônica (LLC), um tipo de doença que atinge as células sanguíneas da medula óssea as tornando cancerosas e, de forma lenta e progressiva, substitui as células saudáveis do corpo. E, não bastasse o sofrimento em um tratamento tão severo, ele não está tendo acesso a um medicamento considerado fundamental para amenizar as consequências dessa doença. Trata-se do conhecido professor de história Samuel Santos Alves, de 69 anos, que há cinco anos enfrenta o câncer e, há alguns meses, vem também enfrentando dificuldade para obter os recursos necessários para obter um medicamento com preço totalmente fora da realidade – mesmo com uma decisão judicial favorável, obtida através da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Samuel foi diagnosticado com câncer em dezembro de 2019, sendo a leucemia do tipo LLC. Foram seis messes de quimioterapia, durante o ano de 2021, e, em 2023, a médica receitou o uso do medicamento Calquence (Princípio ativo: Acalbrutinibe 100mg), para tentar melhorar sua qualidade de vida diária. E ela veio. Porém, o valor do tratamento é altíssimo, custando aproximadamente R$ 40 mil cada caixa. Para conseguir o medicamento, ele se viu obrigado a recorrer ao judiciário.
“No ano passado a médica me indicou esse remédio e ele me trouxe uma sobrevida muito grande e me estabilizou bastante onde posso exercer minha atuação normalmente. A partir do momento que tomei esse remédio, que só consegui através da Defensoria Pública, tive uma grande melhoria em qualidade de vida”, pontuou Samuel, que nos últimos meses não vem conseguindo fazer a decisão judicial de liberação de recursos, através do Fundo Municipal de Saúde, para a compra do Calquence. “Quero entender o porquê dessa demora, que já está trazendo dificuldades grandes para mim, na medida onde estou quase um mês sem toma-lo”.
O professor relatou ao Diário ter sido informado pela Defensoria Pública que, apesar da decisão de liberação de verba através do município, a decisão não tem sido cumprida por saldo insuficiente no Fundo Municipal de Saúde. Ainda segundo tal comunicação, seria tentado o bloqueio de outras contas da prefeitura para fazer valer a liberação do dinheiro para a compra do medicamento.

Vida está piorando
Devido à falta do medicamento, Samuel revela que está com a saúde alterada e o impedimento de utilizar o medicamento lhe traz sintomas desagradáveis como labirintite, podendo ainda ter anemia e baixa resistência. Mesmo passando por isso, Alves disse está não apenas vendo o seu lado, mas também a todos que sofre com esse problema e necessitam do remédio. “Queria deixar claro, não estou para apenas vendo o meu lado, estou aqui para pedir que possam ver todas aquelas pessoas que estão precisando desse remédio. Queremos viver e viver com dignidade. Eu quero continuar trabalhando bastante, na minha função que é dar aula, pois é algo que eu gosto de fazer e não quero perder isso de maneira nenhuma”, frisou o profissional da educação.

Documento da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro destaca valor do medicamento necessário ao tratamento de Samuel. Foto: Marcello Medeiros / O Diário

PMT diz que não é sua responsabilidade
Apesar da comunicação feita pela Defensoria Pública ao paciente da necessidade de recursos liberados através do Fundo Municipal de Saúde, o governo municipal alega que tal atendimento deve ser realizado em outra esfera. Em nota, encaminhada à redação do Diário, a prefeitura de Teresópolis informa “que o medicamento não é dispensado pelo Município. Trata-se de medicação oncológica com dispensação sob a responsabilidade do Governo do Estado”.

Sobre a LLC
A leucemia linfocítica crônica (LLC) é um tipo de câncer que começa quando certos glóbulos brancos, componentes do nosso sangue chamado linfócitos, se transformam. Esse processo de transformação das células é lento e muitas pessoas não apresentam sintomas por alguns anos. Porém, com o passar do tempo, o número de células de leucemia aumenta, espalhando-se pelo corpo, atingindo linfonodos, fígado e baço.
A LLC é uma doença mais comum em homens que em mulheres e acomete, principalmente, idosos na faixa dos 72 anos. Para cada ano entre 2020 e 2022, a expectativa é de que no Brasil sejam diagnosticados 5.920 casos novos de leucemia em homens e 4.890 em mulheres, sendo a LLC responsável por cerca de um quarto desses novos casos.

  • Estagiário


Edição 22/11/2024
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