Luiz Bandeira
Há muito tempo, a população de Teresópolis enfrenta as dificuldades do sistema de saúde local. Os problemas vão desde o atraso no pagamento, por parte da prefeitura, de serviços prestados pelas unidades hospitalares privadas aos pacientes do SUS, até a longa espera por cirurgias e exames mais complexos. Nesta terça-feira (28), a equipe da Diário TV, atendendo ao apelo de uma espectadora moradora do Jardim Meudon, foi conhecer o calvário enfrentado pela senhora Antonina Mendes França, de 74 anos, conhecida como Dona Nina. Ela convive com dores intensas na coluna, que a impedem de realizar até mesmo as tarefas domésticas mais simples. A idosa, que recebe uma pensão, mora com a neta, que passa a maior parte do dia fora de casa devido ao trabalho.
“Disseram que meu encaminhamento ainda está no sistema, aguardando uma vaga, porque, segundo eles, há muita gente na fila para o neurocirurgião. Perguntei: ‘Mas de novo? Quando eu morrer, essa consulta sai, né?’ A enfermeira que me atendeu até riu”, desabafa
A aposentada revelou que há mais de um ano busca resolver esse grave problema de saúde. “Em 2023, fui parar na Beneficência Portuguesa, onde um médico ortopedista me aplicou dipirona com outro medicamento na veia e recomendou que eu procurasse outro especialista. Em fevereiro do ano passado, fui ao Centro Médico da Unifeso, em Agriões, onde me solicitaram uma ressonância magnética com contraste da lombar e da cervical. O exame mostrou um problema na medula óssea. Sinto muita dor, o que dificulta andar, dormir e realizar atividades cotidianas. Não posso tomar qualquer remédio para dor, e às vezes minhas pernas travam, assim como os dedos, que ficam como ‘gatilho’. Estou nessa espera interminável”.
Desde que começou a buscar tratamento, já se passou quase um ano, e Dona Nina ainda não conseguiu a liberação da cirurgia. Segundo ela, desde agosto, o encaminhamento está parado na secretaria municipal de Saúde. “No dia 13 de agosto do ano passado, fui encaminhada pelo Dr. Lucas a um neurocirurgião. Já vai fazer um ano em fevereiro que comecei a procurar tratamento, e até agora nada”, lamenta a aposentada.
Apesar das dificuldades, Dona Nina segue persistente em busca do tão esperado atendimento. “Hoje fui ao posto de saúde novamente. Já fui ao posto do Meudon umas três vezes. Disseram que meu encaminhamento ainda está no sistema, aguardando uma vaga, porque, segundo eles, há muita gente na fila para o neurocirurgião. Perguntei: ‘Mas de novo? Quando eu morrer, essa consulta sai, né?’ A enfermeira que me atendeu até riu”, desabafa.
Antonina compartilhou sua indignação com o Diário de Teresópolis. “Tenho muita dificuldade para andar. Não consigo descer ou subir escadas. Preciso de transporte por aplicativo para fazer fisioterapia, e isso está pesando no bolso. Estou aguardando essa consulta, pelo menos para saber se a médica vai indicar cirurgia. Tenho todos esses exames aqui, mas até agora nada. Já vai fazer um ano nessa luta”.
A reportagem buscou um posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde sobre o encaminhamento da cirurgia de “Dona” Antonina, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta. O governo municipal, que assumiu no início deste ano, comprometeu-se a investir na saúde. Durante a campanha eleitoral, o atual prefeito, Leonardo Vasconcellos, prometeu a construção do tão esperado Hospital Municipal. Recentemente, o governador Cláudio Castro esteve em Teresópolis e anunciou o aporte de recursos para a saúde no município.
