Leve, versátil, com sabor doce e textura macia, o palmito pupunha se tornou o queridinho da gastronomia, mas agora também vem mudando a vida de produtores rurais do município de Magé, no Rio de Janeiro. A cultura deste alimento se tornou uma alternativa de diversificação dos agricultores da região, aumentando a renda familiar. Com o apoio técnico da Secretaria da Agricultura do Estado, através da Emater-Rio, esses produtores viram o seu faturamento aumentar em mais de 150% nos últimos 15 anos.
Segundo a Embrapa, o Brasil é um dos maiores produtores e consumidores de palmito do mundo. O sucesso da atividade rural em Magé acontece por esta ser uma região com bom clima, solo e água para o plantio deste alimento. A partir disso, a equipe da secretaria elaborou um planejamento a longo prazo, oferecendo acesso à financiamentos, serviço de extensão rural, pesquisas, assistência técnica e oportunidade de plantio desse tipo de palmito.
– Os agricultores acreditaram na implantação da cultura do palmito no município e hoje está sendo mais uma opção para eles, suas famílias e o meio ambiente. Além de promover melhor distribuição de renda e ter essa cultura em uma área como a Região Metropolitana do RJ, que é considerada o segundo maior mercado consumidor do país. Isso gerou uma grande mudança, trouxe mais rentabilidade e injetou mais recursos na economia do lugar. O apoio da Emater está sendo fundamental – disse o secretário de Agricultura, Marcelo Queiroz.
Hoje o escoamento do produto é feito na venda para hortifrutis, feiras livres, restaurantes, pizzarias e até agroindústrias. Ele é cultivado tanto pelos agricultores familiares como pelos médios produtores. Atualmente o município tem agricultores com 200 plantas e outras com 20 mil plantas.
Entre os casos de sucesso estão a da agricultora Assima Azem Takaki, que em 2012 recebeu do governo R$ 3.820 de incentivo para promover a diversificação da sua produção, que era de aipim e milho verde. Na época, ela adquiriu 2.550 mudas de palmito pupunha. Na área em que ela plantou o palmito, era produzido aipim, uma média de 400 caixas por ano. Considerando o valor médio hoje, de R$ 30 por caixa, com o aipim, a renda anual bruta ficava em cerca de R$ 12 mil reais. Com o palmito, a agricultora cultiva 5 mil hastes por ano, com uma renda bruta de R$ 30 mil reais, ou seja, um aumento de 150% na rentabilidade, usando a mesma área de plantio. Ela ficou tão satisfeita com o resultado que já plantou mais 5 mil mudas.
– Um ponto importante é lembrarmos que o plantio de palmito é considerado uma silvicultura econômica, portanto numa área que todo ano era arada, gradeada e recebia aplicações de herbicidas e inseticidas, hoje temos praticamente uma floresta produtiva, onde quem agradece é o meio ambiente – explicou a presidente da Emater, Stella Romanos.
Outro caso de destaque é o do agricultor familiar José Antônio Callado Farias, produtor agroecológico (sem agrotóxicos) que tem cerca de 200 touceiras de palmito, plantados em um Sistema Agroflorestal (SAF). Toda semana ele colhe 10 hastes e consegue uma renda bruta por ano de R$ 15.300,00 somente com a venda do palmito.
A planta tem em média 2 colheitas por ano, mas em alguns casos, quando a cultura tem oferta de água e bons tratos culturais, pode render de 4 a 5 cortes por ano. O custo de produção do palmito na implantação fica em cerca de R$ 21 mil reais e de R$ 7.600 a manutenção (segundo ano em diante). Normalmente o palmito paga o investimento até o quarto ano, mas em Magé, temos casos como do agricultor Oscar Gangorra, que pagou seu financiamento no primeiro ano só com a renda do aipim, usado como planta companheira para sombrear o palmito.
Em 2004 o município de Magé tinha cerca de 500 pés de palmito pupunha em produção e em desenvolvimento vegetativo. Hoje só em produção tem cerca de 160 mil plantas e mais 40 mil em desenvolvimento.