Luiz Bandeira

Durante períodos mais quentes e chuvosos, as pragas urbanas tendem a se multiplicar. O aumento da temperatura acelera o metabolismo dos insetos, permitindo que eles se reproduzam mais rapidamente e atinjam a maturidade sexual em um curto período de tempo. Como resultado, a população de baratas cresce significativamente. Para muitas pessoas, esses insetos são repulsivos, causando desconforto e até desencadeando fobias.
O Diário de Teresópolis consultou Thiago Abreu, especialista em desinsetização da Protect Soluções, empresa especializada no combate a pragas urbanas. Ele explica por que a população de baratas tende a crescer durante o calor. “Durante os períodos mais quentes, como no verão, as baratas — e outros insetos — têm o metabolismo acelerado. É semelhante ao que acontece com as pessoas quando correm bastante: suam, ficam com sede e fome. Com as baratas, a necessidade de procurar por alimento e água também aumenta, para que consigam manter seu padrão de vida”, explica Thiago.

Consideradas pragas urbanas, as baratas oferecem sérios riscos à saúde humana e à economia. Elas contaminam alimentos, danificam materiais e podem transmitir doenças. Estudos científicos demonstram que as baratas são vetores de diversas enfermidades, como gastrenterite, diarreia, toxoplasmose e outras infecções bacterianas. Além disso, podem agravar problemas respiratórios, como bronquite, e intensificar condições alérgicas. Sua presença em ambientes urbanos é ainda mais preocupante, pois elas disseminam bactérias, fungos e vírus ao circularem por locais insalubres, como esgotos e lixões.
Thiago Abreu também esclarece que existem muitas espécies de baratas, algumas mais facilmente identificáveis que outras. “Existem mais de cinco mil espécies catalogadas de baratas no mundo. No Brasil, as mais comuns são a barata silvestre, a Blattella germanica — aquelas pequenas, que geralmente ficam na cozinha, se escondendo em frestas de azulejos, armários planejados e MDF e as Periplaneta americana, as temidas ‘baratas de esgoto’, que também são muito comuns. Essas baratas geralmente causam pânico, especialmente nas mulheres, que para fugir delas sobem nas cadeiras”, revela Thiago.

Prevenção é a melhor estratégia
Para prevenir surtos e infestações em ambientes urbanos, é fundamental adotar medidas de prevenção eficazes. A higienização do local deve ser reforçada, criando barreiras contra a entrada dos insetos, como vedação de ralos e instalação de telas. Thiago recomenda: “Algumas ações simples podem ajudar a minimizar a presença das baratas. Mantenha os lixos bem ensacados e afastados da residência, tampe as frestas nas paredes e azulejos com massa de rejunte, evite acúmulo de sujeira em áreas difíceis de limpar, como atrás do fogão ou da geladeira, e faça a limpeza recorrente de caixas de gordura e esgoto.”

Inseticidas e profissionais especializados
Embora inseticidas disponíveis no mercado possam ter efeito imediato, seu impacto é limitado a um controle pontual. “Os inseticidas de prateleira têm ação de choque, ou seja, matam o inseto no momento da aplicação, mas não solucionam o problema a longo prazo. Já os produtos que utilizamos no controle profissional possuem um residual maior, ficando ativos por mais tempo e oferecendo um controle mais duradouro. Por isso, conseguimos oferecer certificações de três a seis meses, dependendo da situação”, explica o técnico.
No entanto, o método mais eficaz e seguro para combater infestações de baratas é contratar uma empresa especializada em controle de pragas. “Não somos exterminadores, mas controladores. A solução definitiva não existe. A melhor medida é manter o ambiente limpo e higienizado. Quando a infestação foge do controle, é ideal contratar uma empresa licenciada junto ao INEA. Ela tem a expertise necessária para usar produtos que não trazem riscos para pessoas e animais, mas são eficazes contra as baratas”, afirma Thiago. A frequência do serviço pode variar de acordo com a necessidade: algumas pessoas optam por tratamento a cada três ou seis meses, enquanto outras fazem uma vez por ano.

Comportamento e ambiente das baratas
O comportamento das baratas está intimamente ligado ao seu ambiente. Elas preferem locais escuros, quentes e úmidos, como esgotos e galerias subterrâneas, onde encontram tanto abrigo quanto fontes de alimento. Durante a noite, saem à procura de comida e se escondem durante o dia, o que as torna ainda mais difíceis de controlar. “Quando encontramos muitas baratas dentro de casa, é porque elas estão em busca de abrigo do calor. Por exemplo, a Periplaneta americana, que é associada a esgotos, prefere ambientes úmidos e quentes. Elas saem do esgoto e buscam as casas, onde o ambiente é mais fresco e há alimentos disponíveis, como restos de comida”, explica o especialista. Em áreas urbanas, com grande concentração populacional, a situação é ainda mais propícia para o desenvolvimento dessas pragas. O excesso de resíduos alimentares garante a sobrevivência e a proliferação das baratas.