Nos últimos dias, quem precisa agendar exames laboratoriais em algumas unidades credenciadas para o atendimento através do Sistema Único de Saúde em Teresópolis tem encontrado muita dificuldade. Apesar de situações na grande maioria das vezes emergenciais, que precisam ser tratadas após exames sanguíneos, o agendamento tem ocorrido apenas para o segundo semestre. Questionada, a Secretaria Municipal de Saúde alega que “é notório que há um laboratório que está marcando para daqui a até seis meses exames simples, como o hemograma”.
Em vídeo divulgado nas redes sociais da prefeitura, o responsável pela pasta, Fábio Galotte, disse que “a Secretaria de Saúde não vai admitir esse comportamento. Não foi isso que foi pactuado. Vamos notificar tal laboratório e convidamos o paciente que foi prejudicado com esse agendamento longo para que, a partir de amanhã, compareça à Secretaria para que seu exame seja reagendado dentro de um período muito mais curto”. Também segundo a publicação da PMT, o paciente prejudicado nessa situação deve se dirigir diretamente à Secretaria de Saúde (Rua Júlio Rosa, nº 366 – Tijuca), no Setor de Marcação de Exames, das 8h às 17h.
Denúncias na Câmara Municipal
O tema foi duramente debatido na sessão desta quinta da Câmara Municipal. Médico, o Vereador Raimundo Amorim (UNIÃO) atentou para a gravidade da demora na marcação dos exames e falou em “pressão” para o pagamento de valores que deveriam ter sido quitados pela gestão Vinicius Claussen. “Estão marcando exames de rotina para outubro e novembro, e é verdade, mas por falta de compromisso com um contrato assinado por esses laboratórios. Falta de compromisso dos laboratórios, de cumprir o contrato assinado. Querem que o prefeito atual pague o que outro prefeito o que estava devendo para poder fazer esses exames, ou seja, estão chantageando a secretaria de Saúde, o prefeito… Mas se tem contrato assinado com laboratório, tem que cumprir. Se não cumprir, passa o rodo, encerra o contrato e contrata outro”, pontuou.

Os Vereadores Rangel (PP) e Fidel Faria (UNIÃO) foram além e falaram sobre supostas irregularidades nos contratos realizados na gestão Vinicius Claussen, envolvendo inclusive o alto escalão do então governo – que se despediu melancolicamente e deixando um grande volume em dívidas – e na prestação do serviço por alguns dos terceirizados. “Realmente a gente já constatou, com documentação e tudo, que um laboratório funciona estranhamente dentro do outro… O que precisa fazer é passar um pente fino nessa história…. Não pode ter pessoas fazendo o mesmo exame de sangue três vezes na mesma semana, a não ser que tenha erro de conclusão na análise, mas se é erro do laboratório não pode cobrar de novo”, comentou Rangel, falando ainda em “máfia dos laboratórios”.

Fidel Faria relatou que na gestão anterior havia previsão orçamentária mensal na faixa de R$ 70 mil, mas que mensalmente o governo Claussen estaria pagando na casa dos R$ 180 mil. “Muitas vezes tinha pessoa que fazia mais de um exame, tinha muita coisa escusa lá dentro e o secretário hoje está fechando a torneira, enxugando… Estávamos pagando o mesmo exame mais de uma vez na mesma semana”, disse, citando ainda supostos crimes de sonegação. Também de acordo com Faria, laboratórios teriam previsão para realizar 460 tipos de exames, mas estariam oferecendo apenas 300 aproximadamente. “Poderiam cumprir o contato, seria de bom tamanha, mas não cumprem. Eram quadrilheiros lá dentro”, esbravejou. Questionado sobre as denúncias dos Vereadores, o governo Leonardo Vasconcellos não respondeu ao Diário até o fechamento desta edição.

Atraso no pagamento e mudanças
O Diário conversou com representante de um dos laboratórios que presta o serviço no município e foi citado na sessão da Câmara. Segundo ele, os estabelecimentos estão há quatro meses sem receber e a cota mensal do valor aplicado no serviço foi reduzido no fim do ano passado, ainda na gestão Vinicius Claussen. Também de acordo com a pessoa, o atual sistema de agendamento teria sido orientação da administração recente, com a promessa de pagamento dos atrasados, o que não teria ocorrido até esta quinta.
