No último final de semana um exemplo da precariedade no atendimento aos pacientes de Covid-19 tomou grande repercussão mostrando que até mesmo um médico do SUS que atende no Pedrão sofre com os problemas da Saúde municipal em um momento grave de pandemia. De acordo com o painel da prefeitura, a ocupação de leitos de UTI era de 96% e o médico precisou esperar por 12 horas até a liberação de um leito para transferência.
A situação foi divulgada por amigos do profissional que se queixaram da falta de ações da prefeitura em viabilizar o aumento de leitos, mesmo com as verbas e equipamentos já recebidos e disponíveis para utilização.
“Não temos mais leitos de UTI. Hoje o Dr. Léo Lima que trabalha na linha o de frente ao Combate ao Coronavírus no Pedrão precisou de uma UTI para uso próprio, pois o mesmo contraiu a doença e não havia leito no HCT. O mesmo conseguiu o último leito no Hospital são José. Repito: não há mais vagas na cidade, nem mais para os Guerreiros da Linha de Frente. Que dirá para nós pobres mortais se precisarmos de um CTI. Total irresponsabilidade desse Prefeito! Ou manda pacientes pra outra cidade ou fecha tudo Seu Prefeito!? Pare de banalizar a vida da população da cidade”, questionou Leonardo Woichoski em uma publicação da página da prefeitura.
Depois a foi o próprio médico que relatou a angústia que estava passando: “Jamais esqueçam como é bom ter a saúde de vocês e como isso é uma coisa boa! Jamais brinquem nessa pandemia por qualquer motivo que seja… Achar que nunca vai acontecer com a gente é fácil. Mas, e quando acontece? Estou há mais de 12 horas aguardando vaga em uma unidade sem intensiva/ CTI por causa de uma pneumonia com Covid associada, com a cabeça em um turbilhão sabendo como funciona os 2 lados dessa história e não gostaria disso nem para o meu pior inimigo! Tomem consciência! Cuidem dos seus para que cuidem de vocês, seus próximos e quem tá na luta cuidando de todos! Essa sensação é inexplicável, inestimável e agonizante! Que Deus e todos os espíritos de luz possam estar comigo, porque eu já estou farto de cansado…”, disse o doutor Leonardo em seu perfil no Instagram.
O número de casos confirmados vem batendo recordes de crescimento a cada semana e ao mesmo tempo são muitos os relatos de atendimento precário oferecido pelo governo municipal à população. Reclamações sobre as dificuldades impostas por um acolhimento médico deficiente e falta de leitos são cada vez mais comuns.
Nem mesmo o fato de o município ter um vice-prefeito médico faz diferença, pois a promessa de campanha de uma guinada na UPA para se tornar uma atendimento eficiente e bem equipado nunca foi cumprida.
Prefeitura não responde
Pedimos à prefeitura um posicionamento sobre os problemas apontados no atendimento para os pacientes de Covid-19, porém até o fechamento desta edição não recebemos respostas.
Caos na UPA
A precariedade e o descaso com a população vão além dos casos de Covid, já que a UPA também vem sendo alvo de vária denúncias de pessoas que sofrem por dias sem conseguir transferências em um local que está sucateado, sem condições de dar atendimento digno às pessoas e assim se torna comum que ocorram mortes antes mesmo de conseguir atendimento adequado. Na semana passada, um home e uma mulher morreram esperando uma transferência, enquanto seus parentes denunciaram a indignação com a situação caótica encontrada dentro da unidade.
