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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Dois homens brilhantes num mundo de idiotas

Aproveitei o feriadão da Páscoa para ler “Invasão Vertical dos Bárbaros”, de Mário Ferreira dos Santos, filósofo, que nasceu no Brasil em 1907 e faleceu com 61 anos de idade. O livro, publicado no início dos anos 60, é uma assustadora radiografia da sociedade moderna. Mário Ferreira dos Santos mostra a decadência cultural em todos os campos das atividades humanas.

Escreveu Mário Ferreira dos Santos:
“Uma das mais atuais providências dos bárbaros consiste em lutar contra a inteligência, inclusive usando a própria inteligência, por julgá-la como o mais legítimo sinal do civilizado, do homem culto… Com essa frase, Mário Ferreira dos Santos abriu o livro “Invasão Vertical dos Bárbaros”, um manifesto, segundo Luiz Felipe Pondé, que apresenta a obra ao público… “no limite, um manifesto sobre como hoje se dá a tragédia da condição humana esmagada pela bota da superficialidade…”
“Na verdade, a invasão gradual e ampla dos bárbaros não só se processa horizontalmente pela penetração no território civilizado, mas também verticalmente, que é a que penetra pela cultura, solapando seus fundamentos e preparando o caminho à corrupção mais fácil do ciclo cultural, como aconteceu no fim do Império Romano, e como começa acontecer agora entre nós”.

Surpreendente não é a mensagem, mas o tempo em que ela foi escrita. Eu, hoje com 71 anos de idade, estava com seis ou sete quando a obra foi colocada à venda. Antes de ler Mário Ferreira dos Santos, li “A Civilização do Espetáculo”, obra bem mais recente, de Mário Vargas Llosa, que faleceu há poucos dias com 89 anos. O livro dele, publicado em 2012, diz, exatamente, o que Mário Ferreira dos Santos escreveu 60 anos antes.

Escreveu Mário Vargas Llosa:
“Agora somos todos cultos de alguma maneira, embora nunca tenhamos lido um livro, nem visitado uma exposição de pintura, assistido a um concerto, adquirido algumas noções básicas dos conhecimentos humanísticos, científicos e tecnológicos do mundo em que vivemos,”

Mário Ferreira dos Santos escreveu: “A voz da liberdade culta não encontra ouvidos para ouvi-la, nem mentes suficientes para entendê-la… A liberdade, que despontava como uma grata esperança, torna-se uma amarga desilusão… O criminoso, que revela habilidade, é exaltado como inteligente, e a astúcia é apresentada como virtude. A audácia desenfreada é índice de heroicidade…Sexualismo, semi delinquência, afrontas à moral, vida irregular são acentuadas com requintes publicitários”

Vale ler as duas obras, mas com o cuidado de não se deixar deprimir. Ocorre que se a depressão chegar, é possível que ela seja a prova incontestável de que você não está, ainda, entre os idiotas presentes no mundo real dos brilhantes Mários. Quem sabe? Há momentos em que eu acredito que a humanidade apodreceu e, por isso, a política exala mau-cheiro.

Fiquei surpreso ao ler “Invasão Vertical dos Bárbaros”, porque acreditei já ter vivido tempos de menor mediocridade. Eu estava certo? Você que me lê pode me dizer se sim ou se não.

Jackson Vasconcellos

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Edição 26/04/2025
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