Luiz Bandeira
A mobilidade urbana é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de qualquer cidade. Em Teresópolis, no entanto, o transporte coletivo enfrenta desafios diários que comprometem não apenas a pontualidade, mas também a própria realização das viagens. O principal vilão? Carros estacionados de forma irregular em vias estreitas, especialmente nos bairros. O cenário tem se agravado a ponto de prejudicar significativamente a operação das empresas responsáveis pelo transporte urbano. As viações Dedo de Deus e Primeiro de Março, que atendem a maior parte da população da cidade, vêm enfrentando constantes atrasos e até mesmo a necessidade de cancelar itinerários por conta da obstrução de ruas por veículos mal estacionados.
Nesta segunda-feira (28), o gerente de operações das duas empresas, Alvanir Junior, conversou com a reportagem do Diário e detalhou os impactos dessa prática irregular no funcionamento do sistema de transporte público. “O que a gente tem é que, com veículos mal estacionados e os ônibus ficando retidos em certos pontos, acabam ocorrendo atrasos que interferem diretamente no passageiro. Ao final do dia, esses cinco ou dez minutos acumulados podem significar a perda de duas a três viagens no total da operação”, explicou.
Segundo Junior, os problemas se concentram em regiões conhecidas popularmente como “morros”, como Loteamento Féo, Vila Muqui, Paineiras e Bairro dos Funcionários. Nessas áreas, carros estacionados dos dois lados da via impedem a manobra e a passagem dos ônibus. Em dias mais críticos, as empresas são forçadas a cancelar viagens para tentar restabelecer a regularidade do restante da frota, principalmente nos fins de semana. “O tempo que o ônibus fica retido por conta dessas obstruções atrasa toda a grade de horários. Muitas vezes temos que cancelar uma viagem para garantir que a próxima ocorra dentro do previsto. E isso, claro, prejudica quem depende do serviço”, afirmou o gerente.

Problema desencadeia outros
Outro reflexo do problema é o chamado “efeito comboio”, quando vários ônibus acabam trafegando juntos, desorganizando ainda mais os horários e impactando o trânsito da cidade como um todo. Alvanir Junior alerta que, além do transtorno para os usuários, o acúmulo de veículos pode representar riscos à segurança. “Quando o ônibus não consegue passar, além de gerar atrasos, há também risco de acidente ou atropelamento. Em situações assim, interrompemos o itinerário, avisamos no site da empresa e comunicamos a Guarda Civil Municipal, através da Secretaria de Segurança, para que sejam tomadas as devidas providências”, pontuou.
Motoristas são treinados
Apesar do treinamento constante dado aos motoristas para lidarem com manobras difíceis, a empresa afirma que muitas vezes é impossível contornar os obstáculos. E reforça que os maiores prejudicados são os próprios usuários. “Temos uma programação de viagens e de carregamento de passageiros. Quando uma viagem é cancelada, o prejuízo não é só na nossa imagem. É, principalmente, de quem está esperando por um serviço que não chega”, lamentou.

Pedido de fiscalização
As empresas têm enviado ofícios regularmente à Secretaria de Segurança solicitando ações mais efetivas. A parceria, segundo Alvanir, tem surtido efeito. “Temos sido atendidos com precisão. A situação tem mudado, mas ainda exige mais conscientização da população”, concluiu.
VIAGENS NÃO REALIZADAS
- Congestionamento – 262 em 2024 e 140 em 2025 (até abril)
- Veículos de terceiros – 11 em 2024 e duas em 2025 (até abril)
- Bairros com mais incidência: Vila Muqui, Paineiras, Morro dos Pinheiros e Bairro dos Funcionários
