Luiz Bandeira
Teve início em Teresópolis a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da concessionária Águas da Imperatriz. As primeiras etapas da obra — que incluem a retirada de vegetação e a movimentação de solo — já estão em andamento no bairro Cascata do Imbuí, em uma área de nove mil metros quadrados localizada entre as ruas Henrique Claussen e Léo Vitor, próxima à Estrada José Gomes da Costa Júnior. No local, o córrego Antônio José deságua no Rio Paquequer, que será diretamente beneficiado com a futura operação da estação, porém, apenas em seu trecho final na zona urbana, vale frisar.
Mais de 230 árvores foram suprimidas para viabilizar a instalação do empreendimento, que, segundo a concessionária, “faz parte de um amplo projeto de saneamento para o município. Ao todo, serão investidos cerca de R$ 360 milhões em mais de 250 km de novas redes, 60 estações elevatórias e uma moderna ETE, equipada com tecnologia holandesa de alta eficiência, sem emissão de odores ou ruídos”.

Em material de divulgação sobre o projeto, a empresa afirma que a estação é “urgente e necessária” para o cumprimento do novo marco legal do saneamento. A partir de 2028, o serviço de coleta e tratamento de esgoto passará a ser tarifado nas contas dos teresopolitanos. A meta é que, até lá, 50% da cidade já esteja atendida com esgoto coletado, tratado e devolvido aos corpos hídricos dentro dos padrões de qualidade exigidos por lei.
“Além de saúde e dignidade, o esgotamento sanitário vai impactar positivamente o meio ambiente, especialmente o Rio Paquequer, que corta a cidade e hoje sofre com o lançamento de esgoto in natura. Vamos escrever uma nova história para Teresópolis e, em pouco tempo, veremos a vida voltar aos rios da cidade”, declarou Jackson Pires, superintendente da Águas da Imperatriz.

Moradores da região insatisfeitos
Apesar da relevância ambiental e sanitária do projeto, a localização da ETE tem gerado forte reação entre moradores do bairro. Há cerca de seis meses, moradores da Cascata do Imbuí já demonstravam preocupação quanto à escolha da área. “A gente está preocupado porque aqui é uma área residencial e turística. Fomos surpreendidos com essa decisão da Águas da Imperatriz de instalar uma estação de tratamento aqui. Eu, particularmente, temo pela desapropriação da minha propriedade”, afirmou Carlos Henrique Estevam Junior, morador da região, em entrevista à Diário TV em meados de 2024.

As críticas da comunidade vão além da desapropriação. Moradores também apontaram “falta de diálogo e transparência por parte da empresa” quanto aos critérios de escolha do local e à apresentação de estudos de impacto. “Essa é uma pergunta que todos nós fazemos. Não nos foi apresentado nenhum estudo de impacto de vizinhança. Como será a convivência com a ETE? Tem que haver estudo ambiental e consulta à comunidade. Inicialmente seria no Caleme, depois no Golfe e agora foi transferido para a Cascata. Queremos respostas. Até agora, nada nos foi apresentado”, pontuou, também naquela ocasião, o morador Diego Ávila Xavier.
A concessionária Águas da Imperatriz ainda não se pronunciou oficialmente sobre as críticas dos moradores e a ausência de estudos públicos de impacto de vizinhança. A prefeitura também não comentou a possibilidade de desapropriações na área. Enquanto isso, as obras seguem em ritmo acelerado.