Luiz Bandeira
Aos 11 anos, Flora Ferreira Sarmento já acumula conquistas que fazem dela uma das promessas mais brilhantes do xadrez brasileiro. Moradora de Teresópolis, a jovem acaba de conquistar o título de Campeã Brasileira de Xadrez na sua categoria, a sub-12, em torneio realizado em Teresina (PI), e se prepara agora para representar o Brasil em três importantes competições internacionais: o Pan-Americano (Peru), o Sul-Americano (Colômbia) e o Campeonato Mundial (Cazaquistão).
Apesar da pouca idade, Flora tem uma trajetória já marcada por disciplina, talento e superação — construída com muito esforço familiar e paixão pelo esporte.
O início de tudo
A introdução de Flora ao xadrez começou em casa. “Fui eu que ensinei pra ela quando tinha por volta de 5 anos”, conta Lívia Ferreira, mãe da enxadrista. “Ela mostrou bastante interesse, mas ainda era uma brincadeira. Só depois, com as aulas online na pandemia, ela pediu para participar de um torneio presencial.” O desempenho surpreendente chamou a atenção. “Lá, o pessoal disse: ‘olha, ela joga bem, vocês deviam incentivar’. E continuamos”, lembra a mãe.
Desde então, Flora passou a disputar torneios estaduais e nacionais, alcançando resultados expressivos — como o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de 2023. Em 2024, além de ser campeã nacional, também venceu o Brasileiro Escolar, consolidando sua posição entre as melhores do país.
Talento, estudo e equilíbrio
A rotina de Flora é cuidadosamente equilibrada entre os estudos, o xadrez e outras atividades. “Ela não prefere jogar xadrez a qualquer outra coisa. Faz música, natação, brinca, tem tempo livre. A gente incentiva o equilíbrio, porque acima de tudo ela é uma criança”, destaca Lívia. Ainda assim, o interesse pelo xadrez é evidente. “Ela estuda sozinha, busca material, encontra mentores. Aos poucos, vamos construindo essa rede de apoio.”
Essa dedicação lhe rendeu, em abril deste ano, o título de Candidata a Mestre Nacional Feminino, concedido pela Confederação Brasileira de Xadrez (CBX). Com um rating nacional em ascensão – Sistema de classificação que visa avaliar a força e o desempenho de um jogador em relação a outros jogadores, Flora está prestes a se tornar a número 1 do país em sua faixa etária no ranking internacional da FIDE (Fédération internationale des échecs).
Conquistas e desafios
O recente título brasileiro garantiu à jovem enxadrista uma vaga para os torneios internacionais mais importantes da temporada. O próximo compromisso é o Pan-Americano, em junho, no Peru. No entanto, os obstáculos fora do tabuleiro também fazem parte da realidade da família. “Infelizmente, o apoio é pouco ou nenhum. Estamos tentando arrecadar fundos para a viagem por meio de uma vaquinha”, explica Lívia. A inscrição no Pan-Americano tem prazo até 30 de maio, e cada ajuda conta. “Ela tem um perfil no Instagram, e ali estamos divulgando a rifa solidária. Cada R$ 10, ajuda e ainda dá direito a participar de um sorteio.”
O futuro que se desenha no tabuleiro
Flora sonha alto — e sabe o que quer. “Ela diz que quer ser enxadrista profissional”, conta a mãe. “E nós, enquanto for desejo dela, vamos tentar apoiar.” Com um desempenho sólido e um amadurecimento precoce no esporte, tudo indica que o caminho da jovem enxadrista está apenas começando.
“Não tem segredo. É estudo, prática e dedicação. O talento é só o ponto de partida. O restante é muito esforço, muita vontade”, conclui Lívia, emocionada, ao falar da filha que, com cada lance, vai traçando seu próprio destino no xadrez nacional e internacional.
Como ajudar Flora
Para apoiar a ida de Flora ao Pan-Americano no Peru, acesse o Instagram @floranoxadrez — onde há informações sobre a rifa e a chave Pix para contribuições.
