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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Moradores do Meudon relatam prejuízos com a retirada das ‘mangueiras pretas’

Eles dizem terem sido surpreendidos e que material de propriedade das famílias ‘desapareceu’

Marcello Medeiros

Há pelo menos seis décadas utilizando água de nascentes vizinhas às suas residências, nas Ruas Ita, Fernando Luiz Filho e Travessa Augusto Sevilha, moradores desse trecho do bairro Meudon foram surpreendidos com operação envolvendo a Águas da Imperatriz, UPAm e uma delegacia especializada da PCERJ. A ação, realizada na quarta-feira (10), teve como foco “desarticular um sistema de abastecimento de água considerado irregular e montado dentro da área do Parque Estadual dos Três Picos”, segundo a concessionária que substituiu a Cedae no município pouco mais de dois anos atrás. Porém, segundo quem teve o abastecimento interrompido bruscamente, não foi feito nenhum aviso prévio ou oferecida uma rápida solução por parte da empresa.

Com a situação e a divulgação da informação, com dados técnicos e operacionais pontuados por quem hoje tem a responsabilidade do serviço de fornecimento de água no município, os moradores ficaram ainda mais indignados. “Não roubamos nada, chamaram a polícia como fossemos criminosos. É um absurdo a maneira que conduzimos isso”, relatou ao Diário uma moradora da Rua Fernando Luiz Filho – uma das muitas pessoas que entrou em contato com nossa redação.

Nossa reportagem esteve na localidade nesta quinta-feira (10), onde outros populares pontuaram a insatisfação. “A empresa simplesmente chegou do dia para noite e retirou todas as borrachas, pegou todo mundo desprevenido. Estamos aqui há mais de 60 anos e a captação sempre foi assim. Não tinha INEA, não tinha IBAMA, a Cedae nunca criou problema. Agora agiram como se tivéssemos cometendo crime, só que a lei não retrocede”, destacou o autônomo Patrick Sampaio, que questiona ainda o que foi feito com as mangueiras: “Tiraram todas as borrachas e levaram com eles. Levaram para onde? Foi comprado com nosso dinheiro, poderíamos pegar e levar para casa, usar em outra obra. Só levaram e não deram satisfação”.

Patrick citou ainda a cobrança pela instalação do hidrômetro, R$ 520, e frisou que a Águas da Imperatriz não disponibilizou pessoal suficiente para rapidamente instalar os hidrômetros e manter o abastecimento do grande número de residências. Ele questionou ainda a falta de disponibilização de caminhões pipas até que o serviço seja regularizado.

“Não roubamos nada, chamaram a polícia como fossemos criminosos. É um absurdo a maneira que conduzimos isso”, relatou ao Diário uma moradora. Foto: Divulgação Águas da Imperatriz

Águas diz estar dando suporte
Em resposta à solicitação feita pelo Diário, a Águas da Imperatriz negou a ausência de caminhões pipas e disse que foi instalada uma tenda na região para oferecer atendimento presencial aos moradores. “Além disso, a concessionária conta com 20 equipes em campo realizando as ligações domiciliares. É importante destacar que todos os moradores que solicitaram o abastecimento por caminhão-pipa foram prontamente atendidos, mesmo aqueles que ainda não possuem ligação ativa à rede”, diz a concessionária.

Sobre a falta de aviso, a Águas da Imperatriz se defendeu dizendo que, nas últimas semanas, “está seguindo um cronograma de regularização de ligações, onde foi oferecido o serviço de abastecimento de água tratada a todos os moradores” e que ofereceu desconto na tarifa de adesão, mas muitos moradores recusaram a proposta.

Há pelo menos seis décadas utilizando água de nascentes vizinhas às suas residências, nas Ruas Ita, Fernando Luiz Filho e Travessa Augusto Sevilha, moradores desse trecho do bairro Meudon foram surpreendidos com a retirada. Foto: Divulgação Águas da Imperatriz

Prefeitura questiona concessão
Procurada pelo Diário, a Prefeitura de Teresópolis informa que as recentes interrupções no abastecimento de água realizadas pela Águas da Imperatriz ocorreram em áreas sob jurisdição estadual, fora da competência do município, e que “repudia com veemência qualquer ação deste tipo e não permitirá, sob nenhuma hipótese, cortes irresponsáveis em áreas municipais”.

Também foi informado que, desde o início da atual gestão, “a Prefeitura vem atuando para rever o contrato de concessão com a empresa, por meio de auditoria independente e total colaboração com o Tribunal de Contas do Estado, que está com fiscalização em curso na cidade”.

Fim das mangueiras pretas?
Não foi informado se outras ações visando a identificação e desmontagem de sistemas de captação em nascentes serão realizadas, mas, ao que tudo indica, as chamadas ‘mangueiras pretas’ devem ser melhor fiscalizadas pela atual concessionária – diferente do que ocorria na época da Cedae. Essa questão, aliás, foi uma das mais debatidas nas audiências realizadas com o objetivo de ‘vender a água e o tratamento de esgoto’, com a população participando muito pouco, ou quase nada, dos debates que culminaram com a escolha de uma nova empresa para gerenciar esses serviços pelo período de 25 anos.


Edição 12/07/2025
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