As datas comemorativas de julho reforçam a importância dos vínculos afetivos e intergeracionais. O Dia do Amigo, celebrado em 20 de julho, destaca o valor das conexões genuínas na vida cotidiana. Em seguida, o Dia dos Avós, em 26 de julho, homenageia a sabedoria, o cuidado e o papel essencial dos mais velhos na formação das novas gerações. Já o Dia Internacional da Amizade, em 30 de julho, instituído pela ONU, amplia esse olhar para a importância das relações humanas como base para uma sociedade mais empática e solidária — incluindo, claro, a amizade profunda entre avós e netos.
Os avós são a memória viva da família, define Ana Cristina Fabbri, psicóloga e docente da Estácio. São guardiões de histórias, conselhos e valores. Ao compartilharem suas vivências, oferecem aos netos não apenas conhecimento, mas também uma sensação de continuidade, pertencimento e identidade. Essa transmissão de saberes e afeto ajuda os netos a se sentirem mais seguros emocionalmente, desenvolvendo empatia, respeito e gratidão. “Ter um avô ou avó como confidente pode ser essencial em fases difíceis, como a puberdade ou momentos de conflito familiar”, destaca.
A especialista lembra ainda que a psicologia reconhece a importância dessa troca entre gerações. A teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson aponta que o convívio tem muitos benefícios. “Na velhice, o senso de integridade é fortalecido quando os avós percebem que suas experiências têm valor. Já os netos desenvolvem senso de identidade e pertencimento ao se conectarem com as raízes familiares”, explica.
Do outro lado da relação, os netos também trazem vitalidade à vida dos avós. Para muitos idosos, a presença constante dos netos reacende o prazer em brincar, aprender e compartilhar momentos simples. “O fato de se sentirem úteis, amados e incluídos melhora a autoestima e contribui para a qualidade de vida. Esses vínculos estão associados à prevenção de sintomas depressivos e à redução da solidão”, diz Fabbri.
A psicóloga também ressalta a importância do papel dos avós no ambiente familiar e no desenvolvimento emocional das crianças. Referindo-se à Teoria dos Sistemas Ecológicos, de Urie Bronfenbrenner, ela explica: “Os avós que participam do dia a dia dos netos atuam diretamente no microssistema, promovendo segurança emocional, estabilidade e apoio afetivo”.
Pesquisas científicas reforçam esse impacto positivo. Estudos mostram que idosos que mantêm laços próximos com seus netos apresentam maior satisfação com a vida. E crianças e adolescentes que convivem com seus avós desenvolvem mais empatia, resiliência emocional e habilidades sociais saudáveis.
Diante de uma sociedade marcada pelo isolamento, a psicóloga defende a criação de espaços que valorizem a convivência intergeracional. “Programas sociais, escolas que acolham os avós e famílias que incentivem esse convívio contribuem para uma sociedade mais afetiva e conectada emocionalmente”, sugere.
Por fim, Fabbri reforça que a amizade entre avós e netos é uma herança emocional rica, que ultrapassa o tempo. “Mesmo quando um dos dois já não está mais fisicamente presente, o vínculo permanece vivo nas lembranças, nos ensinamentos e nos gestos. Cuidar dessa relação é cultivar amor, equilíbrio e saúde mental para as próximas gerações”, conclui.
