
O caminho é longo, íngreme e desafiador. Mas vale todo o esforço dispensado quando se chega ao ponto mais alto, onde fica ainda mais evidente que somos pequenos. Muito pequenos. No ponto mais alto da Serra dos Órgãos, a 2.255 metros de altitude, a vista para toda a região é daquelas impactantes, inesquecíveis, ainda mais se se for em um dia azulado de inverno – quando se enxerga ainda mais longe. Assim é a Pedra do Sino, a trilha mais antiga e uma das mais bonitas do Parnaso, um daqueles locais difíceis de descrever. É preciso viver. É preciso ser intenso.
Para mim, a Pedra do Sino é ainda mais importante porquê foi graças a ela que comecei a praticar montanhismo. A manhã de 1º de agosto de 1998, quando assisti ao nascer do Sol desse cume pela primeira vez, deixou uma marca irreparável: ‘quero continuar fazendo isso o resto da minha vida’, pensei. E já são 27 anos de montanhas vivenciadas, no Brasil e exterior. Tudo graças ao raiar do dia no promontório da Serra dos Órgãos.
O acesso da mais longínqua rota de hiking e trekking do Parnaso fica na sede Teresópolis da unidade de conservação ambiental. São aproximadamente 22 quilômetros de ‘aventura’, ida e volta. Além da trilha, é preciso somar aproximadamente mais três quilômetros, caso vá de carro ou moto, pois os veículos precisam ser deixados na antiga pousada, a 1,5 quilômetros do início da subida.

Subida forte
Os dois primeiros quilômetros são os mais duros, visto que são mais íngremes e há muitas pedras soltas. A aspereza desse trecho também é sentida na volta. Pouco depois da cachoeira Véu de Nova, a trilha tem trechos mais planos e cortes em curvas de nível, facilitando a caminhada. Também pouco depois começam as ‘janelas’ com visuais para Teresópolis e região, inspiradores para continuar subindo.
Campos de altitude
Cerca de três quilômetros após o antigo abrigo três, se chega aos campos de altitude. Vegetação arbustiva e rasteira dão lugar à protegida floresta. Entra em cena também o ‘geladinho da montanha’ e, se for na alta temporada, ainda pode encontrar poças d´água congeladas no trecho final.
Devagar e sempre
Em ritmo tranquilo, são aproximadamente quatro horas até o cimo – cume, daí o nome da montanha. No marco zero, estrutura construída pelo Serviço Geólogico do Exército décadas atrás, a indicação que você chegou ao ponto mais Alto da Serra dos Órgãos.
Para qualquer lado que se olhe, há o que contemplar e se apaixonar. Desde as mais afastadas montanhas protegidas pelo Parque Estadual dos Três Picos às formações ainda no Parnaso e que compõem a famosa Travessia Petrópolis x Teresópolis. Olhando em direção ao Rio de Janeiro, a Baía da Guabanara ‘se espraia’ de maneira única. É um visual impactante. Se puder assistir ao nascer ou ao pôr do Sol, vai se apaixonar ainda mais pelo Sino, garanto a você.
História e histórias
O caminho que leva ao ponto mais alto dessa cadeia de montanhas foi aberto em 12 de abril de 1841, a pedido de George March, um dos fundadores de Teresópolis, com objetivo de se conhecer melhor a região. Ao longo de tanto tempo, essa trilha viveu muitas histórias e fases diferentes. E você, está esperando o quê para vivenciar a sua? Saiba mais sobre as regras de visitação nas redes sociais do Parque Nacional da Serra dos Órgãos https://www.instagram.com/parnaso_oficial/ e https://www.facebook.com/icmbio.parnaso