Luiz Bandeira
O Vale da Lua, conhecido espaço de lazer e prática esportiva localizado entre os bairros Golf, Espanhol, Loteamento Féo e Prata, vem enfrentando um processo de degradação alarmante. Tradicionalmente procurado por moradores e turistas para atividades como trilhas, corrida, ciclismo e motociclismo, o local agora também é utilizado, de forma desordenada e muitas vezes ilegal, por grupos organizados que promovem “combates de pipas” — prática de alto risco que utiliza linhas cortantes para disputar território aéreo.
As denúncias partem de frequentadores assíduos, preocupados com o futuro da área, que é considerada um dos últimos refúgios naturais urbanos da cidade. Segundo relatos colhidos pelo Diário de Teresópolis, grupos mobilizados por meio de redes sociais têm se reunido no local para promover esses eventos, deixando para trás um rastro de destruição ambiental.
Durante visita in loco realizada pela equipe do jornal, foi possível constatar a gravidade da situação. O que se vê no Vale da Lua hoje é uma paisagem marcada por lixo espalhado por todos os cantos: pedaços de pipas, restos de fitas plásticas utilizadas em rabiolas, linhas com cerol e linha chilena — todas proibidas por lei estadual — além de garrafas plásticas e de vidro, sacolas, copos descartáveis, latas e embalagens de alimentos.
A falta de consciência ambiental desses grupos agride diretamente a natureza da região, onde a vegetação nativa ainda resiste mesmo diante das constantes agressões. O acúmulo de resíduos não apenas compromete a paisagem e a qualidade ambiental do espaço, como também representa sério risco à fauna e flora locais. Animais silvestres podem ingerir plásticos ou se enroscar nas linhas abandonadas, enquanto o lixo orgânico e inflamável contribui significativamente para o aumento do risco de incêndios florestais — um problema recorrente na região serrana durante os períodos de seca.

Além dos impactos ambientais, as práticas observadas no local representam um grave risco à segurança de quem circula pelo Vale da Lua. As linhas com cerol e linha chilena — extremamente cortantes — oferecem ameaça real a motociclistas, ciclistas, corredores e caminhantes que utilizam o espaço regularmente. Os acidentes causados por esse tipo de linha podem ser fatais ou causar mutilações severas.
Outro ponto crítico é o uso do espaço para soltar pipas sob a rede de alta tensão que atravessa a área. Esta prática é muito perigosa, pois pode provocar choques elétricos fatais, curtos-circuitos e o desligamento da rede de energia. A linha, mesmo sem material cortante, pode se enrolar nos fios e conduzir eletricidade até o solo, colocando em risco vidas humanas e provocando danos à infraestrutura elétrica da cidade.
A legislação do Estado do Rio de Janeiro é clara quanto à proibição do uso de linhas com cerol ou chilena. A Lei nº 8.091/2018, por exemplo, prevê multa e apreensão de materiais para quem for flagrado utilizando ou comercializando esse tipo de linha. Além disso, o artigo 225 da Constituição Federal garante a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
E quem vai fiscalizar?
A ausência de fiscalização efetiva e de políticas públicas voltadas à preservação ambiental contribui para a deterioração de áreas como o Vale da Lua. Frequentadores sugerem que a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e em parceria com a Guarda Civil Municipal e demais órgãos de segurança, intensifique as ações de monitoramento, fiscalização e educação ambiental na região.
A comunidade também tem papel fundamental nesse processo. A conscientização sobre os riscos das práticas ilegais e a responsabilidade coletiva no cuidado com os espaços naturais são essenciais para garantir que locais como o Vale da Lua permaneçam acessíveis, seguros e preservados.
O Diário de Teresópolis segue acompanhando o caso e reforça a importância da denúncia cidadã como ferramenta para proteger os bens naturais da cidade. Casos como este evidenciam que a preservação ambiental não pode ser negligenciada e que a convivência harmoniosa entre natureza e lazer exige responsabilidade e respeito às leis.

Bike Park
Em dezembro de 2017, o grupo “Turma do Pedal” concretizou o sonho de muitos os ciclistas de Teresópolis e criou um circuito de MTB Vale da Lua”. Aproveitando as condições naturais da região, e outras estradas abertas justamente para o acesso às torres, foram criados vários percursos, com muitas subidas e descidas técnicas, específico para a prática do mountain bike na modalidade XCO. O grupo, já realizou vários encontros e eventos no local.



Motocross e corrida
Além dos ciclistas, a grande área do Vale Lua é democraticamente utilizada pelos praticantes do motocross e outros esportes off-Road, como os jipeiros. Os adeptos das corridas de rua ou de aventura também aproveitam as íngremes subidas e descidas para melhorar o condicionamento físico aproveitando o visual espetacular para as montanhas protegidas pelos três parques que cercam o nosso município.