Luiz Bandeira
O reposicionamento recente de um radar na BR-116, nas proximidades do Posto Garrafão, em Guapimirim, trouxe à tona uma série de críticas sobre a forma como novos equipamentos de fiscalização eletrônica vêm sendo instalados nas rodovias que cortam a região. Em entrevista, o ex-deputado estadual e liderança política local, Nilton Salomão, afirmou que o radar retirado representava risco à segurança viária e vinha causando uma quantidade elevada de multas, muitas delas, segundo ele, aplicadas de forma indevida. “Ali, o motorista não tinha sequer condições de visualizar o radar. A atenção está na estrada. A retirada foi uma vitória da coerência”, destacou.

Salomão explicou que outros pontos de fiscalização implantados pela nova concessionária da BR-116, a EcoRioMinas, também estão sendo questionados. “Alguns desses radares não têm justificativa técnica. Estamos recebendo muitas reclamações, e com razão”, afirmou. Ele destacou, porém, que há trechos onde a instalação é necessária, como no distrito de Pessegueiros, onde um radar está sendo instalado de “forma correta”.

As tratativas para revisão desses equipamentos estão sendo conduzidas pelo deputado federal Hugo Leal, que, segundo Salomão, “abraçou a causa” e vem articulando ações junto aos órgãos competentes para que as situações mais críticas sejam reavaliadas. “Levei essa preocupação ao deputado, que imediatamente se mobilizou para buscar soluções junto ao Governo Federal”, disse.
Teresópolis-Friburgo
Outro ponto que gera preocupação é a situação da RJ-130, que atualmente está sem fiscalização eletrônica devido à expiração do contrato de manutenção dos radares. Salomão afirmou que o contrato está sendo refeito, mas aproveitou para reforçar a importância de se respeitar a legislação vigente sobre a sinalização prévia dos equipamentos. “Existe uma lei de minha autoria, de 1999, que exige que radares nas estradas estaduais tenham sinalização com, no mínimo, 500 metros de antecedência. É uma garantia de transparência para o motorista”, lembrou.
Sistema Free Flow
Salomão também alertou sobre os riscos da implantação do sistema Free Flow, já adotado em rodovias como a BR-101 (Rio-Santos). O modelo permite a cobrança automática de pedágios sem a necessidade de cancelas, mas, na prática, tem gerado milhares de multas a motoristas que desconhecem a obrigatoriedade do pagamento.
“Tem gente sendo multada em mais de R$ 200 por não pagar um pedágio de R$ 15 ou R$ 20. Isso é desproporcional e precisa de revisão. A lei que criou o Free Flow existe, mas a implantação precisa vir acompanhada de informação, educação e bom senso”, criticou. Segundo ele, a EcoRioMinas, que administra a BR-116, também deverá adotar o sistema em breve.
Segurança
Para Salomão, o objetivo não é impedir o avanço tecnológico nas rodovias, mas garantir que os motoristas sejam tratados com respeito e que a fiscalização tenha caráter educativo, e não meramente punitivo. “Não podemos permitir que o motorista seja surpreendido com multas altíssimas sem sequer saber que estava sendo monitorado. Essa não é a função de um radar ou de um pedágio”, finalizou.