Marcello Medeiros
Com os portões fechados desde o dia 17 de março, o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis foi reaberto de forma parcial nesta terça-feira, 09, seguindo as flexibilizações previstas pelo último decreto do governo municipal relacionado às ações de combate ao novo coronavírus. Porém, apesar da boa notícia para os amantes da natureza e aqueles que tinham a importante unidade de conservação ambiental como refúgio do cada vez maior caos urbano, nem todas as atividades estão liberadas neste primeiro momento. A partir de agora, com previsão de nova avaliação daqui a 15 dias, estão permitidas somente as atividades de caminhada e contemplação. Portanto, o requisitado camping da Pedra da Tartaruga, que permite excelente vista para os outros dois parques que cercam nosso município, Três Picos e Serra dos Órgãos, continua com utilização suspensa. Também ainda não estão permitidas as escaladas e rapéis. O horário de visitação e dias de visitação também devem ser observados, de 8h às 17h, de terça-feira a domingo. Outra exigência é a utilização de máscaras e a manutenção do distanciamento social. As medidas são válidas para núcleos Tartaruga e Santa Rita, no segundo distrito, únicos em funcionamento até momento. O Parque do Imbuí, onde só existem vias de escalada, ainda não deve ser utilizado.
Criado em 06 de julho de 2009, o PNMMT está prestes a completar 11 anos de existência e muitas conquistas. Com uma área de 4.397 hectares, o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis é a maior unidade de conservação de proteção integral criada por um município no estado do Rio de Janeiro. O parque está situado na porção noroeste de Teresópolis, parcialmente inserido no primeiro e segundo Distritos e limitando-se com os municípios de Petrópolis e São José do Vale do Rio Preto. Ele possui em seu território uma imponente cadeia de montanhas onde se destacam os afloramentos rochosos como as pedras da Tartaruga, do Camelo, Alpina e Santana, entre outras. A unidade de conservação também protege muitas nascentes e importantes remanescentes florestais que abrigam significativas espécies da fauna e flora do bioma Mata Atlântica, na região.
A trilha da Tartaruga
O núcleo Tartaruga fica entre os bairros do Salaco, Granja Florestal e Córrego dos Príncipes, sendo acessado através da Servidão Pedro Mendes Filho. A partir da Cascata do Imbuí há placas indicando o acesso. Com aproximadamente 20 minutos de subida, em ritmo lento, o caminhante se depara com um dos visuais mais bonitos do município. Do “casco” do quelônio de pedra, a 1.180 metros de altitude, a vista para as montanhas protegidas pelo Parque Estadual dos Três Picos e as mais altas formações da Serra dos Órgãos é impressionante. Se a experiência acontecer nas primeiras horas do dia então, com certeza o caminhante guardará essa imagem na memória por muito tempo. As cores quentes da manhã, as silhuetas dos muitos cumes e o serpentear de nuvens característico dessa região compõem um cenário que tem levado cada vez mais gente para o principal atrativo do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis.
“Outro lugar”
Administrada pela secretaria municipal de Meio Ambiente, a unidade de conservação ambiental mudou totalmente essa região. Até 2009, quem chegava ao topo da Tartaruga não se deparava apenas com os encantos naturais. No lugar de uma arrumada área de camping, com direito a duas mesas e bancos feitos em madeira, muito lixo espalhado. Os agudos sons resultados dos golpes de talhadeira e marreta em vários pontos de extração de pedras substituíam o canto dos muitos pássaros hoje comuns nessa região. Também após o início das atividades legais e ambientais, foi descoberta uma nascente nas proximidades da montanha vizinha, o Camelo, que hoje atende os visitantes ao longo dessas duas trilhas graças à instalação de sistema de encanamento e torneiras.
De olho nos baderneiros
O fácil acesso, garantido por uma trilha com manutenção constante e pequena distância da portaria ao cume, faz com a Pedra da Tartaruga possa ser visitada por público de todas as idades. É ideal para os pequenos adquirirem o gosto pelas nossas belezas naturais e também para aqueles que não têm mais tanta disposição para se divertir montanha acima. Tal facilidade, porém, tem levado a esse local também um público que não deveria estar ali. Vândalos e “farofeiros” têm sido o grande problema dos gestores da unidade, pessoas que insistem nas pichações – com tinta ou rabiscando pedras – e destruição de placas, além daquelas que costumam não respeitar o horário de silêncio na área de camping, por exemplo. Vale lembrar que, em ambos os casos, os envolvidos podem ser autuados na Lei de Crimes Ambientais.