Luiz Bandeira
A atleta teresopolitana Gisele Lourenço, carinhosamente conhecida como Gigi Lourenço, voltou da África do Sul com um feito histórico: o terceiro lugar no levantamento terra no Campeonato Mundial de Powerlifting Master, realizado em Cape Town, de 10 à 19 de outubro. Competindo entre 12 atletas de diferentes países, Gisele ainda conquistou a sétima colocação no ranking geral da competição, que soma os desempenhos nas três provas da modalidade: agachamento, supino e levantamento terra.
Com um levantamento impressionante de 182,5 kg, Gigi superou suas próprias expectativas e emocionou o público presente, que vibrou com sua performance. “Na última barra, meu treinador disse que meu 3º lugar estava ali. Eu falei: ‘Gente, agora essa barra vai ter que subir nem que seja no dente’”, contou Gisele, rindo ao lembrar do momento decisivo.

Essa foi a primeira participação de Gigi em um campeonato mundial, e ela reconhece que a experiência foi desafiadora. “Quando eu olhava para as marcas das outras atletas, pensava que era meio impossível. Elas competem há muito tempo. É o meu segundo ano em competições internacionais, então tudo ainda é muito novo pra mim”, disse.

O resultado veio graças a uma preparação intensa de nove meses e uma trajetória que já soma títulos importantes. Gisele é bicampeã brasileira na categoria até 63 kg, campeã sul-americana e já havia conquistado o 3º lugar no Pan-Americano. Agora, com o pódio mundial, ela consolida seu nome como um dos principais do powerlifting master brasileiro.

A emoção tomou conta da arena sul-africana durante sua última tentativa no levantamento terra. A torcida brasileira, composta por uma delegação numerosa, fez a diferença. “Na hora do meu último terra, as pessoas realmente não estavam acreditando no que estava acontecendo. O negócio veio abaixo! Até na hora da premiação dá pra ouvir todo mundo aplaudindo e feliz, curtindo comigo”, relatou.

Mesmo em meio à competitividade, Gisele destacou o clima de companheirismo que marca as disputas da categoria master. “Todo mundo se ajuda, torce um pelo outro. Claro que a gente quer ganhar, mas é muito amistoso, um tentando ajudar o outro o tempo inteiro”, contou a atleta.

Desafios e dificuldades
Apesar das conquistas, a realidade do esporte ainda impõe obstáculos. Sem apoio institucional ou patrocínios regulares, Gigi precisou recorrer a uma rifa para custear parte da viagem internacional. “Gostaria de ter uma lista de apoiadores para agradecer, mas a verdade é que o atleta de powerlifting no Brasil arca com tudo sozinho”, desabafou.
Ela fez questão de agradecer à uma empresa de viagens de Piabetá que colaborou com parte dos custos, além da sua equipe de suporte — fisioterapeuta, nutricionista e o CT Força Pura, no bairro Tijuca, onde realiza seus treinos. O destaque, no entanto, vai para o treinador Janir Marques. “Ele é quem me conhece no olhar, sabe se eu estou bem, se aquela carga vai subir ou não. Ele acredita mais em mim do que eu mesma. É o culpado disso tudo”, disse, emocionada.

Próximos passos
Com os olhos no futuro, Gigi já mira a próxima competição: o Campeonato Brasileiro de Powerlifting Master, previsto para o primeiro trimestre de 2026. “Agora o desafio é superar essas marcas, melhorar o que já fiz. O atleta de powerlifting é testado ao seu máximo o tempo inteiro. E isso é bom”, afirmou.
A história de Gisele Lourenço é mais do que uma sequência de pódios: é a prova de que dedicação, disciplina e paixão pelo esporte podem levar uma atleta além dos próprios limites — mesmo diante de tantas dificuldades. Sua trajetória inspira não apenas pela força física, mas também pela força de vontade que move cada conquista.