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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Enquanto reforma não ocorre, situação é cada vez pior na Calçada da Fama

Prefeitura informa que painéis de LED e banca funcionam a título precário e que permissões poderão ser revistas

Marcello Medeiros

Um dos principais pontos comerciais da região central de Teresópolis, com enorme potencialidade também para ser explorada turisticamente, a Calçada da Fama completa em breve 22 anos de inauguração. Entre a realização do projeto e os dias de hoje, muita coisa mudou. E, infelizmente, para pior. A identidade, que previa um lugar com assinaturas de famosos, daí o nome, foi uma delas. Não há mais nenhum resquício de lembranças dos homenageados, como Fernanda Torres. A deterioração dos equipamentos ao longo desse trecho da antiga Francisco Sá é outro problema. Hoje, ainda há poluição visual, ampliada pela liberação de questionáveis propagandas, como painéis de LED que tecnicamente não dão nenhum retorno ao local ou ao município, e afundamento em vários trechos da passagem de pedestres. Há previsão de uma grande reforma no calçadão, mas, enquanto ela não vem, segue em decadência um dos ambientes fundamentais para a sobrevivência do já combalido comércio de rua.
Na última quarta-feira, O Diário cobrou do governo municipal um posicionamento sobre a readequação do importante espaço. Em nota, foi informado “que desde os primeiros meses do ano, o Governo Municipal vem estudando propostas e analisando projetos voltados à revitalização da Calçada da Fama” e que “o tema tem sido pauta de reuniões regulares com comerciantes e representantes de classe, sempre com o objetivo de construir uma solução conjunta que valorize o espaço”.

Afundamento da passagem, sujeira e um aspecto ruim onde deveria haver beleza. Foto: Marcello Medeiros / O Diário

Painel de LED ‘todo mundo quer’
Não bastasse a decadência de um espaço tão importante para o comércio local, recentemente a Calçada da Fama recebeu dois painéis de LED de um banco, com o pretexto de ‘instalação de termômetros’, mas que, no final das contas, exibem quase que em sua totalidade propagandas da agência. Instalados em valioso espaço público, despertaram a atenção de outros empresários, que têm questionado O Diário sobre tal liberação. Afinal, quem não gostaria de divulgar a sua marca em uma via com tamanha movimentação. Paralelo a isso, qual o retorno para o município? Tal contrapartida não deveria estar atrelada apenas aos tais termômetros, justamente porquê o próprio calçadão demanda de melhorias que poderiam ter sido realizadas pelo banco para poder utilizar as suas duas extremidades, por exemplo. Por que não patrocinar novas lixeiras? Ou instalar bancos mais modernos e confortáveis? A prefeitura falou sobre a autorização também da banca, que chegou a ser removida e recentemente foi reinstalada pelo proprietário.
“A banca de jornais atualmente instalada no local é fruto de uma permissão de uso a título precário, o que significa que sua permanência depende da compatibilidade com o projeto de revitalização a ser definido. O mesmo princípio se aplica a outras autorizações concedidas, como a instalação de painéis de LED, que também possuem caráter temporário e poderão ser revistos caso o novo projeto não contemple sua manutenção”, justifica a PMT, que falou ainda sobre possível patrocínio do banco beneficiado para tão aguarda reforma: “Até o momento, não há decisão definitiva quanto a patrocínios ou parcerias privadas relacionadas a futuras obras da Calçada da Fama. O Governo Municipal segue avaliando propostas e possibilidades, sempre com base no interesse público. Ressalta-se, contudo, que eventuais parcerias que contribuam para a valorização do espaço, e não impliquem custos aos cofres públicos, poderão ser consideradas”. Tais parcerias poderiam ser estendidas, por exemplo, à substituição das destruídas lixeiras instaladas nos postes da antiga Francisco Sá.

LED pra quê? Prefeitura diz que ‘autorização pode ser revista na futura remodelação do espaço’. Foto: Marcello Medeiros / O Diário

Identidade perdida com o tempo
Com o objetivo de criar um novo atrativo turístico para o município e atendendo a uma antiga reivindicação dos próprios comerciantes, visando atrair mais consumidores ao local, foi inaugurada em 13 de dezembro de 2003 a Calçada da Fama de Teresópolis. O projeto previa fechar a Rua Francisco Sá, no Centro, para a criação de um calçadão onde artistas, atletas e outros famosos deixariam sua marca. Porém, poucas pessoas de destaque registraram a mão e a assinatura no local, placas que acabariam ‘desaparecendo’ poucos anos depois. Dessa forma, sequer o nome do espaço continuaria fazendo sentido. Uma ‘calçada da fama sem famosos’. Mas a ideia de retirar as placas de concreto com as marcas da atriz Fernanda Montenegro, do compositor Carlos Cola, da cantora Fátima Guedes e do Presidente da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, Anísio Abrahão, foi apenas uma das ações de descaracterização do espaço.

Lixeiras destruídas por vândalos poderiam ter sido atualizadas por quem ganhou direito de explorar propaganda na área. Foto: Marcello Medeiros / O Diário

Autor lamenta descaracterização
O projeto foi idealizado pelo teresopolitano Alessandro Nogueira, que em entrevista realizada em janeiro passado relatou ao Diário ter pensado em um calçadão totalmente diferente e que sequer seria realizado no trecho inicial daquela via. “Pelo projeto original a Calçada da Fama não seria na Rua Francisco Sá, não tinha essa previsão de fechamento de rua. Quando eu criei o projeto e apresentei para o governo da época, a minha ideia era que fosse feito no Parque Regadas, que já tem uma calçada ali bem construída, uma calçada larga que você poderia sim fazer o projeto de um a Calçada da Fama ali. Tanto que na ocasião eu fui agraciado pela então vereadora Margareth Rosi com um Voto de Congratulações pela elaboração do projeto. Paralelamente, a Margareth fez uma solicitação na Câmara de Vereadores dando respaldo ao projeto original para a criação de um espaço de lazer e entretenimento com está acontecendo agora com o governo Leonardo Vasconcellos, que é a criação desse espaço de lazer e entretenimento pra congregar toda família em um complexo que compreenderia Parque Regadas e Praça Olímpica. Mas na ocasião o governo da época preferiu fechar a Rua Francisco Sá e aí a Calçada da Fama foi levada pra lá”, relata Alessandro.
O idealizador destaca ainda que, se tivesse sido seguido o croqui original, hoje não seria necessário resolver a bagunça de fios na Calçada da Fama. “Havia uma previsão de que toda aquela fiação seria subterrânea, os postes seriam todos padronizados, as lojas seriam todas padronizadas, obviamente respeitando a identidade visual de cada comércio, enfim tudo isso estava previsto no projeto original”, pontua, citando também que na ideia embrionária seria feito um piso de concreto tingido e não em blocos, como ocorre agora. Outra ideia inicial que não saiu do papel foi criar um acesso de veículos de moradores da Ranulfo Féo através da Travessa Portugal, evitando o trânsito que se vê hoje.

Projeto original do importante espaço, que acabou saindo bem diferente do previsto. Foto: Acervo O Diário

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Edição 08/11/2025
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