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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Lula, Rei-Sol

Três imagens marcam a COP 30 na minha cabeça: o caríssimo iate Iana 3; o incêndio num dos pavilhões da exposição e o novo companheiro inseparável do Presidente da República, o chapéu panamá, indumentária usada como uniforme oficial daquele que sorri, posa, promete e some (a estética da vigarice elegante).
Sabe-se pelo conhecimento da história que a sociedade brasileira, durante bastante tempo, viveu sob a sombra luminosa do estilo francês. Pois bem. Lula e o PT são a representação tupiniquim de Luís XIV, o Rei-Sol.
Há 18 anos no poder, com um curto intervalo de quatro anos, o Partido dos Trabalhadores construiu e mantém um teatro político, onde brilham os palanques, as narrativas coreografadas, os inimigos inventados e os heróis e heroínas artificiais.
No reinado de Luís XIV, o povo francês descobriu o custo silencioso de viver sob um governante que acreditava ser o centro do universo. Nós também já sabemos como é viver uma relação política fundada não no diálogo, mas no espetáculo.
Luís XIV criou Versalhes para afastar o país real e encenar o país oficial. Esse trabalho o PT encontrou pronto,feito por Juscelino, que criou Brasília com o mesmo propósito.
O Rei-Sol brilhava, o povo ardia. Lula brilha, o povo…
No tempo de Luís XIV, só ao rei cabia a liberdade para pensar e decidir. Ao povo, obedecer e pagar a conta. O PT nos vê como alguém a quem basta entregar o mínimo e exigir o máximo em fidelidade eleitoral e sustento financeiro.
Assim como o povo francês pagou o preço do brilho falso do Rei-Sol, o povo brasileiro arca com o custo de um governo que prefere encenar poder a exercer responsabilidade.
A propósito, em 1694, François de Salignac de La Mothe-Fénelon (1651–1715), teólogo, escritor e mais tarde arcebispo de Cambrai escreveu uma carta a Luís XIV. Sirvo-me dela, como uma mensagem que eu, se tivesse intimidade com Lula, enviaria a ele:
“Sire. Quem toma a liberdade de vos escrever não tem interesse em vos prejudicar. Não o faz por desapontamento nem por ambição, tampouco por desejo de intervir em grandes questões(...).
Se fala com vigor, não vos surpreendais: a verdade é livre e forte. Não estás acostumado a ouvi-la. Os que vivem cercados de lisonjas confundem a franqueza com azedume, ressentimento ou exagero, quando ela é apenas pura verdade. Ocultá-la seria traí-la.(...).
Há cerca de trinta anos, vossos principais ministros derrubaram os antigos princípios do Estado para elevar ao máximo vossa autoridade, que na realidade concentraram em suas próprias mãos.
Ninguém mais fala do Estado e de suas leis, mas apenas do Rei e de sua vontade. Eles aumentaram as vossas rendas e multiplicaram os vossos gastos sem medida.
Exaltaram-vos até aos céus, pretendendo eclipsar a grandeza de todos os vossos predecessores juntos; mas, na verdade, empobreceram toda a França, estabelecendo na corte um luxo monstruoso e incurável.
Desejaram erguer-vos sobre a ruína de todas as ordens do Estado, como se fosse possível ser grande arruinando aqueles de quem depende a vossa grandeza. Rígidos, altivos, injustos e de má-fé, seus ministros nada respeitaram nas relações exteriores: quiseram apenas destruir o que se opunha a vós.
Acostumaram-vos a louvores que roçavam a idolatria, e que, para vossa honra, deveríeis ter rejeitado com indignação. Tornaram o vosso nome odioso e a nação insuportável aos povos vizinhos.
Não conservaram nenhum dos antigos aliados, pois desejavam apenas escravos(...). Enquanto isso, vosso povo — que deveríeis amar como filhos, e que até agora vos tem servido com abnegação — morre de fome.
A terra é abandonada, cidades e campos se despovoam, a indústria perece, os operários não têm sustento, o comércio está arruinado(...). As autoridades impotentes, ora toleram insolências, ora distribuem dinheiro para acalmar tumultos.
Massacram sem piedade um povo levado ao desespero pelos impostos exigidos para sustentar guerras que ele paga com o suor do rosto.
Há muito que o braço de Deus se ergueu sobre vós. Ele tarda em abater-se porque tem piedade de um príncipe cercado por bajuladores e porque os vossos inimigos são também inimigos dele.
Mas vós não o amais verdadeiramente nem o temeis com reta devoção. Vossa religião resume-se a superstições, a observâncias exteriores. O que amais é apenas vossa glória e vossos triunfos. Quereis tudo para vós, como se fôsseis o deus da terra, e tudo deve ser sacrificado ao vosso engrandecimento.
Perguntais talvez, Excelência, o que deveis fazer? Eis: humilhar-vos sob a mão poderosa de Deus, e não esperar que Ele vos humilhe. Pedir a paz e expiar, por essa humilhação, toda a glória que transformastes em vosso ídolo.
Sire, quem vos dirige estas palavras, longe de se opor a vossos interesses, daria a vida para ver-vos tal como Deus deseja que sejais — e não cessará de fazer preces por vós”.

Jackson Vasconcellos

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