Maria Eduarda Maia
Beber e dirigir ainda é uma das combinações mais perigosas do trânsito brasileiro. Mesmo com leis rigorosas e campanhas constantes, muitos acidentes – diversas vezes graves e até mesmo podendo resultar em vítimas fatais – continuam sendo registrados por causa do álcool ao volante. É por isso que ações de conscientização seguem sendo essenciais, lembrando as pessoas que a prevenção começa muito antes da fiscalização. Com esse objetivo, Teresópolis recebeu nos últimos dias uma série de atividades dos agentes da Operação Lei Seca, da Secretaria de Governo do Estado do Rio de Janeiro, junto com a equipe composta por PCDs, levando orientação para a população e mostrando o impacto que a mistura de álcool e direção pode causar e reforçando a importância de escolhas responsáveis no trânsito, como ocorreu na Calçada da Fama nesta sexta-feira (21). “Estamos com os nossos agentes PCDs, abordando as pessoas e conscientizando a população com nosso etilômetro, explicando os índices administrativos criminais, destacando essa mistura terrível de álcool e direção”, explicou o chefe da equipe da Operação Lei Seca Educação, Marcelo Gomes, em entrevista ao Diário.

Importância
De acordo com Marcelo, ações de conscientização como esta são essenciais para mostrar que a Operação Lei Seca não existe para multar e arrecadar dinheiro, mas sim para salvar vidas. “É uma fiscalização como outra qualquer, mas o nosso foco maior é a alcoolemia, procurando tirar o alcoolizado das vias”, disse, destacando que essas iniciativas estão sendo reforçadas no final de ano, período festivo em que muitas pessoas comemoram usufruindo de bebidas alcóolicas. As ações, em conjunto com a Seeduc, também chegaram até as escolas, como o Colégio Estadual Higino da Silveira, C.E. Presidente Bernardes e CIA Jose Francisco Lippi, onde os alunos participaram de palestras e blitzes educativas, ensinando e preparando uma nova geração de condutores mais conscientes.

Histórias que ensinam
Durante as ações de conscientização, os agentes PCDs de educação da Operação Lei Seca compartilharam seus relatos pessoais de seus acidentes provocados pelo álcool ao volante. Assim, eles mostram para a população que a Lei Seca não existe somente para punir, mas para evitar tragédias. “Eu fui convidado a fazer parte do projeto para mostrar às pessoas as consequências reais. Em um final de semana voltei de um quiosque na beira da praia com uns amigos, e o motorista tinha bebido. Na estrada, o motorista tentou desviar de algo, perdendo a direção e capotando o carro”, contou um dos agentes, o Leonardo Martins, que fraturou a coluna e não pode mais andar. “Dali para cá, mudaram todos os meus planos e sonhos. Eu gostava de jogar futebol e vôlei, e hoje não consigo mais”, concluiu, enfatizando que se ele tivesse a conscientização antes, poderia ter evitado o acidente.
Valdir Figueiredo Filho, outro agente da educação Lei Seca, professor de Educação Física, teve uma história parecida com a de Leonardo, estando de carona com um motorista alcoolizado. “Ele avançou o final e colidiu o carro. Eu tive uma lesão na medula, que tirou o movimento das minhas pernas”, explicou, dizendo ainda que mostra para os outros que a mistura de álcool e direção não dá certo. “Isso interrompe sonhos e dilacera famílias, além de mudar vários planos na sua vida. A gente não quer que as pessoas passem pelo o que passamos, então contamos nossas histórias para conscientizar”, frisou.
Diferente dos colegas, Diogo Farias, também agente de educação, foi o causador do próprio acidente ao desviar de uma fiscalização da Lei Seca, após ver onde as equipes estavam atuando em um aplicativo ilegal. “Saindo do bar, alcoolizado, eu entrei no meu carro e fugi da fiscalizando, colidindo com um poste a 180 km/h”, disse, contando ainda que sofreu múltiplas fraturas, ficando cinco meses internado e anos de cama, se recuperando para poder utilizar a cadeira de rodas. “Foi um longo processo de sofrimento. Hoje faço parte da equipe, mostrando para as pessoas, com nossa própria imagem de cadeirante, que essa mistura é problemática e que tem consequências irreversíveis”, concluiu.









