“Dizemos que as pessoas se preocupam com a saúde mental, porém buscam no atacado, e não no varejo, as suas respostas”. O debate sobre saúde mental ganhou visibilidade, especialmente nas redes, mas a forma de cuidado ainda é superficial.
O Ipsos Health Service Report revelou que a saúde mental preocupa 52% dos brasileiros, superando o câncer (37%) e colocando o país na terceira posição mundial em preocupação. Esse dado positivo, contudo, contrasta com uma realidade alarmante: o Brasil é o país com maior incidência de Ansiedade e Depressão na América Latina, e os afastamentos laborais por questões emocionais crescem significativamente. Afinal, qual a qualidade das ações que tomamos no dia a dia?
É aqui que notamos o problema do “atacado”: a maioria busca dicas e soluções generalistas em redes sociais e programas de TV. Dados recentes reforçam isso: apenas um a cada quatro brasileiros recebe algum tipo de tratamento, e somente 5% fazem terapia. É um número sofrível diante dos 52% que manifestam tanta preocupação.
Muitos atribuem a “conselhos” como “buscar equilíbrio” ou “praticar esportes” o papel central no cuidado, desprezando fatores subjetivos que, muitas vezes, são a base de um prédio prestes a ruir. Soma-se a isso o preconceito cultural, que ainda associa psicoterapia, psicólogos e psiquiatras à “loucura” e à falta de credibilidade.
A busca por respostas no “atacado”, ou as soluções fáceis e rápidas, impede-nos de trabalhar a subjetividade, entender o mundo atual e criar relações saudáveis. Precisamos desenvolver em nosso meio o entendimento do que é, de fato, a saúde mental, e separá-la dos “penduricalhos” que apenas empurram os problemas para debaixo do tapete.




