Os livros são minha companhia desde o primeiro momento em que comecei a juntar as letras para formar palavras. Eu os tenho sempre comigo. Deles eu tiro lições importantes e posso, por vezes, compreender a política.
Neste momento, enquanto acompanho os acontecimentos em Brasília, me recordo do best seller “A Fogueira das Vaidades”, do irônico jornalista Tom Wolfe. Ele faleceu em maio de 2018. No livro, ele, em forma de romance, define a ação política, a mídia e a justiça com núcleo num acidente em que um milionário de Wall Street, Sherman McCoy, “Mestre do Universo”, se envolve em um acidente de carro no Bronx, que mata um jovem negro.
No romance de Tom Wolfe a mídia é capaz de moldar as notícias e distorcê-las em narrativas com o interesse de estimular a audiência – na linguagem presente – em cliques, likes e compartilhamentos. Nas páginas da “A Fogueira de Vaidades”, o sistema judicial é permeado por interesses políticos, pressões da opinião pública e barganhas. A conclusão é simples: a verdade não importa, mas audiência, ela sim, é relevante, pois produz dinheiro, fama e alimenta carreiras de sucesso.
A “fogueira” é a combustão de reputações alimentada por vaidade, desejo de ter poder e sucesso. Uma vez aceso, o fogo consome não apenas o culpado ou o inocente, mas também a própria confiança social nas instituições.
No romance, o escândalo não é o crime em si ( o atropelamento de um jovem ), mas a oportunidade de explorá-lo em benefício próprio. É o que fazem, por exemplo, o jornalista Peter Fallow e o líder comunitário, Reverendo Bacon. Wolfe conclui que em casos assim, “o dano à reputação é irreversível, mesmo quando a inocência é provada”.
Será mesmo? Para saber, observem o que ocorre em Brasília.
