Um discurso que diz mais do que o orador gostaria de dizer é algo bem complicado. A função de um estrategista é analisar os discursos antes que eles aconteçam, para evitar desastres políticos. É o caso do discurso proferido pelo Vice-Governador Thiago Pampolha durante a semana, num Fórum patrocinado pela Associação de Negócios do Brasil. Vamos a ele. Reproduzo, ipsis literis, com todos as agressões à Língua Pátria, o que ouvi e do modo como ouvi:
“A economia é um avião. A cabine do avião e a tripulação é o governo, que aponta de onde estamos decolando e para onde nós vamos pousar. A população, claro, a sociedade, são os passageiros. Nós, os empresários, somos os verdadeiros motores e turbinas dessa aeronave. Instrumentos necessários. Sem ela não é possível viajar. Então, nós temos que ter condições plenas de funcionamento para fazer um voo seguro. Agora, vocês imaginem só. Vocês têm um bom piloto, boa cabine, tripulação, tudo funcionando no aspecto do maquinário. A população segura, tranquila e quando você olha pela janela para ver a paisagem, você simplesmente se depara com a seguinte situação: Não tem asas. E você sabe o que é asa? Segurança Pública. É fundamental que haja Segurança Pública para que todo o resto funcione. Sem segurança, não tem desenvolvimento econômico e não tem desenvolvimento social…”
Minhas considerações: Os eleitores andam entre escolher gente que representa a Esquerda e gente que representa a Direita. Onde se situa Thiago Pampolha? O discurso o posiciona à Esquerda, onde ficam os que entendem que o Estado tudo comanda, tudo pilota, enquanto resta à sociedade o papel de componentes de uma platéia. Thiago Pampolha também se posiciona num lugar onde a sociedade das pessoas comuns não têm espaço. Ele é governo e se coloca como empresário.
A minha alegria é que ele, sob os olhares atentos de um Senador que julgo liberal, gente da Direita, inclui-se entre o grupo de tolos que é capaz de embarcar num avião sem perceber que ele não tem asas. Ou seja, gente capaz de votar numa chapa composta pelo orador e pelo Senador, sem saber, antecipadamente, se o avião pilotado por eles tem “asas” ou seja, um Estado incapaz de cumprir a única função que lhe cabe, aos olhos dos liberais, grupo que o Thiago Pampolha pensa compor.
Thiago Pampolha é Vice-Governador do Estado por decisão do Governador Cláudio Castro. Cláudio quis Washington Reis, mas a Justiça não! Então, Cláudio se contentou em convidar Thiago, que, certamente, por acreditar que a plateia do encontro fosse formada por gente que, para compreender o que é segurança pública, precisa de uma didática infantil.