Creio que alguns que elaboraram as metas desse ano, provavelmente colocaram dentre elas sua vida profissional. Talvez, a busca por um emprego ou mudança do atual, alguns sonham em passar em um concurso público, outros querem ampliar seus campos com uma especialização, um curso técnico. Há ainda aqueles que estão no primeiro patamar, ou seja, estão no dilema de qual o curso da faculdade escolher e assim dedicar a vida nessa profissão.
Um detalhe esmagador na estatística não nos pode escapar, infelizmente, cumprimos menos de 10 % da tal lista da virada de ano. Parece que aquele momento de introspecção que gerou um acerto dos nossos desajustes do ano que acaba de se despedir, foi apenas um evento isolado de nossa tomada de consciência.
Entretanto, não me parece prudente que você retire sua vida profissional dessa lista de uma maneira descuidada. Aquela do tipo: Pena que não deu! Quem sabe no outro ano? Por isso, te proponho a pensar em dois pontos que podem ajudar na condução do seu cotidiano laborativo, isto é, o ócio e o negócio.
Em primeiro lugar vamos entender o que significa cada um desses conceitos. Ócio, em suma é falta de trabalho, como também é algo que estamos acostumados a utilizar em nosso vocabulário, quando queremos atingir alguém que no ambiente de trabalho não exerce a função do jeito que queremos. Assim denunciamos: Cara, você é muito ocioso! Ou, você tem muito tempo ocioso, por isso consegue ficar falando mal dos outros na empresa!
Por consequência, o Negócio é o oposto da atitude anterior. Negócio é a negação do Ócio. Abdicar de não fazer nada para estar sempre fazendo algo.
Como em quaisquer extremos, esses dois conceitos sofrem com essa demanda. De um lado quem tem muito tempo ocioso, tem a capacidade, dentre tantas coisas, de gerar problemas que não existem ou potencializar aqueles que se lhe apresentam. Sabe aquela história que mente vazia oficina do bicho ruim, pois bem, é nessa proposta que a ociosidade em extremo, pode encaminhar o indivíduo que com ela se compactua.
Na contrapartida, o Negócio em demasia dá cria ao Workaholic, gente viciada em trabalho, pessoas compulsivas por este. O Workaholic tem o trabalho como única referência na sua existência, isso porque, encontra nele um meio de compensar os insucessos que o avizinha como pai, mãe, marido, esposa, filho, filha. É comum que lancemos luzes no que somos bons para assim obscurecer os demais confrontos e desajustes da vida.
O ponto de equilíbrio entre os dois é promovido quando o Negócio convida semanalmente o Ócio para se hospedar em sua residência, todavia, com dia de check in e check out programado, sem possibilidade de estender suas diárias. O Ócio pode programar sua hospedagem na próxima semana, contudo não pode achar que aquele lugar se tornou moradia, residência permanente. Será bem-vindo desde que entenda que o Negócio tem seus afazeres semanais.
O Negócio, por sua vez, promete não se comprometer com nenhum de seus, assoberbados, afazeres no dia do Ócio. O celular não fica à mesa no momento da refeição para atualizá-lo do cotidiano da empresa. O olhar de quem se ama será a lente viva que vai ser consumida pela sua atenção, apenas essa lente, não mais aquela fria e magnética que cabe na palma de sua mão. O chamado do filho, da mãe, esposo, esposa será o único som a ser percebido nas cenas que seguem naquele dia.
Na criação do mundo, durante 6 dias o Negócio conheceu seu projeto, mas no sétimo abriu gentilmente espaço para o Ócio vir ao palco. No início não houve disputas de Ego, pois cada um entendeu seu momento de protagonismo.
Invista na sua meta profissional, apenas não esqueça que Negócio e Ócio são viciantes e passaram a querer atenção total, tendenciando cada qual para si, portanto, para não cair nas malhas de seus extremos, viva-os com moderação e faça-os respeitar seus já delimitados espaços.
