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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Hipócritas

Hipócritas! Eles estão por todo lado, inclusive, ou principalmente, diante do espelho. Numa contradição anatômica, os seus maiores órgãos são a língua e os olhos. Não procure explicações biológicas, mas na psique, na persona destes. Por falar, em persona, os personagens que os tais desempenham os papeis no palco da existência diz muito sobre o adjetivo que carregam: Hipócritas que no grego traz as seguintes conotações: “aquele que representa um papel”, “fingir”, “atuar”. O hipócrita é alguém que finge ser algo que não é, para receber reconhecimento ou sair lucrando.
Segundo o filósofo americano Noam Chomsky: “o hipócrita é aquele que recusa a aplicar a si mesmo os critérios que aplica aos outros “. A partir dos evangelhos dá para imaginar que Jesus foi o fundamento da afirmação de Chomsky. É interessante perceber que as referências de Jesus para os que desempenham esse papel está direcionada por completo aos religiosos de sua época. Não em vão, já que a religião tem altos índices na produção dos hipócritas. Os dados escandalosos que provam essa estatística tem suas explicações e, pretendo, em poucas linhas elencar uma ou duas delas.
A primeira se justifica na atitude religiosa como portadora do olhar do juízo divino nesse mundo. O interessante é que os olhares sagrados são similares ao olhar de Sauron sob os pequenos hobbits. Frodo sentia dores intensas e lancinantes a cada investida do um anel, aquele que de acordo com a poesia de Tolkien era,” Um anel para todos governar, um anel para encontrá-los, um anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los.” Para comprovar que para os religiosos, o olhar de Sauron e o olhar de Deus são tão similares as crianças são aterrorizadas com a seguinte canção: “Cuidado olhinho o que vê. O salvador do céu está olhando para você”. Contraditório, chamar de “salvador”, faria mais sentido chamá-lo de Juiz.
Os que se autoproclamam promotores do tribunal divino ficam à espreita nas janelas das suas casas ou no frenético rolar da linha do tempo da sua rede social, em busca das informações que possam utilizar contra alguém. Procuram e é claro, encontram. Não há um justo nem um sequer, mas claro que esse verso bíblico não será levado em conta, pois o desejo de punir é incontrolável. Punem para não serem punidos. Falam em alto e bom som sobre os pecados expostos de alguém para não terem os seus revelados. A voracidade com que se fala do pecado alheio indica a identificação com este. O erro exposto do outro, revela o meu que estão ocultos e bem guardado.
Esses juristas de botequim, que investidos de sua hipocrisia se declararam abstêmios e hastearam a bandeira da Lei seca, incorrem numa segunda atitude nessa dramaturgia, opinam a respeito daquilo que não foram chamado. Os tais religiosos hipócritas como sabedores de todos os desígnios divinos, (Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? 1 Coríntios 2:16), tem regimento para absolutamente tudo que você comenta, inclusive são censores das falas. Descobri que é uma arte que pode ser aprendida, aquela de conseguir ficar quieto quando alguém expõe uma ideia contrária à nossa. Difícil mais não impossível. Portanto, segue abaixo o exercício para conseguir realizar os primeiros passos contrários a hipocrisia:
Se alguém falar alguma ideia discordante da sua e não pedir sua opinião, respire fundo, conte até dez, só mais um pouco, solte o ar, mas que não sai nenhuma palavra por engano, e, assim continue a vida normalmente, entretanto, se mesmo assim se tornar muito difícil, após a tal fala diferente, peça licença, diga que vai ao banheiro, e não volte mais. Quanto ao exercício para não sentenciar a morte uma pessoa no erro que ela cometeu, procure um espelho e fixe na imagem que aparece na sua frente, fique aí durante… cerca de… bem, honestamente, fique aí a vida inteira. Esse tempo sendo atendido, há uma grande probabilidade de dar certo e menos sentenciamentos e mortes ocorrerem.

Tiago

Tiago Sant´Ana

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Edição 07/02/2025
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