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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Jesus chorou.

Reli nesses dias o relato de Jesus junto a Lázaro. A história de conhecimento público, descreve Jesus seguindo em direção a Betânia, e surpreendido pelas notícias da enfermidade de seu amigo, prossegue o caminho, porém frente a evolução da doença, a morte iminente ocorrera. Por fim, Jesus chega ao local, pede que lhe conduzam até o túmulo de seu amigo e ressuscita milagrosamente Lázaro. Uma história de um ser que se refez dentre inúmeras impossibilidades. Um milagre sem precedentes.
Esse relato do evangelho é de fato surpreendente, entretanto, preciso confessar a quem me lê que não é a ressurreição de Lázaro que me salta aos olhos, não é esse fato que me aquece o coração, não entraria no debate entre o naturalismo e o sobrenaturalismo. O surpreendente em Jesus é sua reação frente as dores que permeia aquele espaço, Jesus chora. Por que chorou? Será que seria uma demonstração de impotência frente ao túmulo de seu amigo? Alguns assimilaram o choro de Jesus como uma confissão de fraqueza: “Será que ele, que abriu os olhos ao cego, não podia fazer com que Lázaro não morresse?” Sempre haverá críticos de plantão diante das dores alheias. Não conseguem silenciar, precisam sinalizar a partir de sua língua pérfida e venenosa, palavras que se revestem de ares religiosos, mas que querem matar mais um indivíduo naquele cortejo fúnebre.
Pessoas venenosas tem jargões e frases prontas para a dor alheia. Muitos ousam a dizer, frente ao desespero e ao sofrimento de alguém: “Não fique assim! Você não confia em Deus? Parece que está te faltando fé. Deus quis que isso acontecesse a você para provar sua fé, e pela sua reação, será reprovada.” Deus não precisa fazer algo que nos traga dor ou até mesmo que assistamos a dor de alguém para assim ocorrer um determinado aprendizado. Deus não lança tutoriais em plataformas de vídeo mundo a fora. Como também Deus não é um diretor que conduz a vida de pessoas para encenar algum Sitcom para prover risadas nas estações planetárias. Esse Deus de performances cinematográficas é o Deus da religião, não o Deus e Pai de Jesus.
Quando Jesus chora, o faz pela autodeterminação de amar. Amor não é sentimento é atitude frente ao diferente e perante a necessidade de quem não tem muito ou nada a nos dar em troca. Amor é movimento que não aguarda o efeito boomerang, mas sim a dinâmica de um ser determinado em seguir em frente, mergulhando no vazio sentido pelo outro, visitando o inferno alheio e dando-lhe, a partir de nossa presença, o vislumbre de vida frente a morte.
Sabe como fazer a vida aparecer diante da morte que visitou o outro? Não é uma oração “forte”, mas sim a intercessão movida de compaixão (intercessão – o ato de se colocar entre o necessitado e o provedor). Orações “fortes”, Campanhas de “cura e poder” são movimentos mágicos em busca de uma solução, porém a intercessão, aquela que chora em conjunto, que não precisa de palavras, mas se manifesta pela reação do outro frente a dor, essa sim transmite vida. Intercessão está no plano real e imanente que só se faz transcendente por elevar nosso coração em direção ao outro nos retirando dos nosso redutos egocêntricos.
O choro de Jesus é o divino nos conduzindo a humanidade. Deus não se encarnou para nos fazer deuses, mas sim para nos ensinar a ser humanos de verdade. Uma humanidade que toque o outro com reverência, que assimile o conhecimento técnico para promover cura ao outro, como nos afirma o psiquiatra suíço Carl G. Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”. Não é sobre a tecnicidade que se tem, mas sobre a capacidade de ser uma alma que toque gentilmente e com reverência a outra alma humana. Ainda hoje Jesus chora ao lados dos que sofrem, pois pior do que sofrer é sofrer sozinho. Que a manifestação de Jesus seja encontrada através de você.

Tiago

Tiago Sant´Ana

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Edição 19/04/2025
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