O fenômeno da Fake News remeteu o diagnóstico de que o nosso povo sofre porque lhes falta aprofundamento. Cada vez mais se levanta pseudo-sumidades em assuntos tais como: politica, antropologia, religião, biologia, sociologia e dentre tantos campos do conhecimento, mas que na realidade são “papagaios de pirata” a repetirem discurso fomentado por certa opinião, certo orador ou certo influenciador digital patrocinado pelas mãos invisíveis de um projeto de poder.
Conteúdos ideológicos são transmitidos, a torto e a direito, para dar uma falsa sensação de liberdade e de livre escolha, entretanto, tal qual qualquer ideologia, esta se comprova mais uma vez como um conjunto de ideias falsas e ilusórias que faz como que o indivíduo não perceba sua própria realidade, não tome consciência de si e do mundo que o rodeia. É uma maquiagem do real. Sendo bem direto, ideologia é a arte de esconder, de despistar a verdadeira intenção de um indivíduo ou de um determinado coletivo.
Para que haja sucesso nas intenções maquiadas, há um instigar, um lançar de certo combustível inflamável sobre os conteúdos ideológicos para que estes sejam absorvidos pelos seus partidários. E, para não ocorrer o perigo, de uma lucidez apanhar ocasionalmente um dos seguidores de tal ideologia, inflamam, portanto, o passional para não se ruminar os conteúdos, mas apenas experienciar, sentir, fibrilar, fazer doer inconsequente e incoerentemente.
A Pós-modernidade não apenas trouxe um novo nome para nosso tempo, mas substituiu um cenário onde a razão dominava para assim dar voz a uma era de incertezas. Como não há mais questões absolutas, o que restou então foi uma passionalidade desenfreada que preencheu nossos vazios. Nas cenas os atores que dividem ao palco são conhecidos como: Relativismo, Subjetividade, Prazer, Estética, Sentimento, entre outros.
Não há possibilidade de outro script com os protagonistas do quilate supracitado. Nossa época evoca o sentir em detrimento do compreender, o deixar-se dominar pela imaginação das mídias eletrônicas, o consumismo como uma autoafirmação, ou seja, a maneira de dizer que existe porque tem, como também um descrédito a toda e qualquer instituição que a partir de então é vista com suspeição e como ferramenta de manipulação.
Precisamos sim reestruturar instituições, ressignificar ideias, ruminar conceitos, entretanto, ficar sem chão tal como a sociedade atual se encontra, fez a mesma se enveredar para um tempo de procura de qualquer chão que apareça. Por isso, um olhar mais atento nos fará perceber atitudes em determinadas pessoas ou grupo, que destoam da realidade, discursos agressivos que não tem nenhuma coerência, movimentos, passeatas, carreatas, sapatadas ou algo parecido, que surgem sem concretude digna de um vir-a-ser, isto é, não teriam direito de acontecer ou existir se fosse pensada de maneira lógica e racionalizada.
Em nossos piores pesadelos não existiam os cenários desse tempo gasoso ou para ser mais atual, desse tempo liquido. Não me disponho em ser um apologeta de estruturas que no processo de existir já, estas mesmas, se implodiram, todavia não podemos condenar a construção inteira como passível de descrédito. As bases e a fundação dessa estrutura foram lançadas com o investimento do visionário que acreditava que nesta base não será construída só uma casa, mas um imenso arranha-céu.
Que as forças de uma ideologia não nos façam morar em casa de palha com pilhas de lama com maquiagem de solidez, pois quando o lobo faminto de poder e controle, que surpreende com sua abrupta presença, chegar e soprar forte tudo desmoronará e é possível que não tenhamos uma casa segura para nos refugiar, pois nossos vizinhos também não se preocuparam em construir com cuidado e destreza suas moradias.
