“Jesus não é super-homem nem charlatão”, foi a manchete do portal Folha de São Paulo para noticiar a homilia da primeira missa do Papa Leão XIV. O Papa tomou como base a interrogação de Cristo aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” Eles responderam: “Uns, João, o Batista; outros Jeremias ou um dos profetas. “E vós”, indagou Jesus. Pedro saiu na frente: “Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo”.
Quando li a manchete da Folha de São Paulo, veio à mente a polarização no ambiente da política, onde dois grupos guerreiam um contra o outro, motivados pelo ódio. Um dos grupos tem Jair Bolsonaro como super-homem e Lula como charlatão. O outro grupo inverte os personagens e os conceitos. O ódio entre eles chancela a certeza: nenhum dos dois acredita que Jesus Cristo seja, de fato, Filho do Deus vivo. Não há ódio onde reside o amor, sentimento que Jesus Cristo definiu como sendo a essência do Evangelho. Também não há paz onde o ódio impera.
Antes da homilia houve o sermão do Papa para apresentar-se ao povo. A palavra “paz” foi citada nove vezes, qualificada quatro vezes: a paz desarmante, a paz desarmada, a paz humilde e a paz perseverante”. Porventura haverá paz armante; paz armada; paz arrogante e paz impaciente? Quantos tipos de paz haverá? No livro de João há uma palavra de Cristo sobre a paz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá…”
Diante do que disse Cristo, posso considerar a existência da paz armante, armada, arrogante e impaciente, pois ela é a paz que o mundo dá. É uma paz não presente no coração, nem na alma nem na mente. É ela que mantém as aparências entre pessoas que se toleram só para não chegar à violência. Gente que prefere silenciar sobre alguns assuntos, para não estrangular os outros.
Eu não consigo definir a paz. Posso sentí-la, posso transmiti-la, mas defini-la? Eu não consigo. Quem sabe você não me ajuda?