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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Violência

Falamos de violência como se fosse algo metafísico, ou seja, como se esta fosse um corpo distante das nossas realidades cotidianas. Não só com essa temática, mas com diversas outras, temos uma relação de distanciamento, enquanto, as mesmas se propõem como algo imanente e diário. 
Modelos desse distanciamento nos sobeja, por exemplo, quando falamos de dinheiro público, sobre o caso de algum político que fora flagrado desviando verbas públicas endereçadas para a saúde, educação, saneamento básico, entre outras coisas, falamos disso como se o mesmo não nos afetasse diretamente em todas as instâncias possíveis, isto é, o tal “dinheiro público” saiu do nosso bolso, dinheiro dos impostos pagos. Portanto, esse distanciamento deveria nos converter a uma proximidade comprometedora, a ponto de pedirmos uma auditoria que comprove o uso legitimo e responsável do nosso dinheiro. Talvez, a percepção de “público” caiu tanto nas malhas dos interesses individuais que ficou difícil percebermos o público como algo nosso.  
Sobre a violência cotidiana, cabe lembrarmo-nos da filosofa judia, Hannah Arendt. Hannah escreveu o livro, “Eichmann em Jerusalém” e de maneira perspicaz, avalia o que constatou da pessoa do tal nazista, isto é, que as atitudes cometidas por ele, nomeadas diabólicas, eivadas de psicopatia, não cabia ao personagem julgado pelo Tribunal de Jerusalém. Eichmann demonstrou não ser um homem possuído por uma legião de demônios, mas sim um pai de família, funcionário público, que no exercício burocrático da sua função enviava judeus em Trens para os campos de concentração. Demonstrando assim que a violência não é algo inusitado ou propício apenas a determinado grupo étnico, cultural, religioso ou politico, mas sim uma estrada possível a todo e qualquer ser humano.
Os sinais cotidianos da violência são evidentes quando há falta de diálogo em casa, pelas imposições das ideias, pela maneira ríspida de tratar o outro, na indiferença perante a dor alheia, e em tanto outras situações que são diagnósticos mais do que comprovados de que existem potências geradoras de morte dentro de cada um de nós.
Quando Jesus nos alerta no sermão da Montanha, dizendo que se você apenas falar algo desprezível ao próximo, verbalizar o ódio, reduzir o outro a nada pelas palavras que saem da sua boca, já o matamos, não está tomado por radicalismo incoerente, mas sim comprovando que tudo isso só acontece porque a boca fala do que está cheio o coração. Destilamos o veneno que habita o nosso ser. Quem assim age, já cometeu o homicídio. As vias de fato, da faca alçada ou de um tiro alvejado, são apenas o ato final da trama de horror. 
Esse mal respectivo se tornou algo tão banal entre nós, que a própria vítima acha que as coisas estão dentro de uma normalidade. Tornou-se comum, mas não é normal em hipótese alguma.  Os seguidores de Jesus precisam entender que apesar da potência de morte habitar o cotidiano da existência humana, há uma potência de vida gerada pela ressurreição. Cristo venceu a morte! “A morte foi destruída pela vitória na cruz. Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão". (I Co 15.54,55)
Todos nós somos chamados a estancar a violência, pois as zonas de maldade, dor, afetação, nos circundam e nos assombram todos os dias.
Oremos pelos familiares das vitimas de Suzano. Onde a violência evidenciou que nós ainda não permitimos que o Amor nos abraçasse. A violência é o medo de existir na falência, porém quando o Amor chega aos ambientes temerosos do existir, lança fora todo medo. 
Tiago

Tiago Santana

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Edição 26/04/2025
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