Marcello Medeiros
O último dia da ação de reflorestamento do núcleo Pedra da Tartaruga do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis foi marcado pela força da coletividade, pela importância da união para garantir que as futuras gerações tenham acesso ao que hoje nós podemos desfrutar. Na manhã do último sábado, dia 26 de outubro, aproximadamente 100 pessoas abraçaram a causa em prol da recuperação dos 110 hectares destruídos por um incêndio criminoso em meados de setembro e colocaram a mão na terra para rapidamente plantar mais 700 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica nas trilhas da Tartaruga, Camelo e Vidocq Casas. Foram quatro dias de trabalho voluntário, com a participação de mais de 200 pessoas e, no total, aproximadamente 1500 novos exemplares vegetais foram colocados no solo para ajudar a recuperar o hoje acinzentado cenário do núcleo mais visitado do PNMMT.
Para a direção da unidade de conservação ambiental administrada pela secretaria municipal de Meio Ambiente, sem a participação popular o número de mudas espalhadas ao longo das áreas degradadas não teria chegado sequer à metade alcançada. “A gente conseguiu não só bater, mas mais do que dobrar a meta prevista. Mas se não tivesse o apoio da sociedade, o engajamento que tivemos essa semana, não teríamos um resultado tão bonito como tivemos. Então não podemos deixar de agradecer a todos que participaram e também o apoio institucional das equipes do Ibama/Prevfogo em todos os dias”, pontua o Chefe do PNMMT, Vitor Cunha.
“Conseguimos cobrir as áreas mais afetadas, ultrapassando bastante as nossas expectativas. Trabalhamos com espécies nativas para ajudar na restauração, que já ocorreria naturalmente, mas iremos acelerar o processo e ainda evitar que espécies invasoras ocupem essa área”, destaca Ricardo Mello, Subchefe do Parque Montanhas. “Ficamos muito felizes em ver a população abraçar a causa, nos ajudar de maneira absurda a acelerar esse processo. Foi lindo demais ver o engajamento da população para deixar um lugar melhor para nossas gerações futuras”, completa o também biólogo Vinicius Netto, que faz parte da equipe de pesquisadores do PNMMT.
Trabalho de formiguinha
Foram plantadas espécies como Ipê amarelo, Ingá e Embaúba, entre outras comuns à Mata Atlântica. Públicos de todas as idades prestigiaram a ação, de idosos a crianças, integrantes de associações ou apenas apaixonados pela riqueza da região da Tartaruga. Rapidamente as centenas de mudas foram sendo carregadas e espalhadas montanha acima, sendo já colocadas pelos voluntários nos buracos abertos pela equipe do Prevfogo ou posicionadas até que novas covas fossem preparadas pelos agentes. Em dado momento, a fila de gente carregando mudas parecia a de formigas levando folhas para o formigueiro, uma bonita analogia à importância da ação coletiva e organizada.
Criado em 06 de julho de 2009, o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis é cada vez mais conhecido e valorizado pelo morador local, que entende sua importância não só para a conservação ambiental, mas para a manutenção da qualidade de vida de toda a população. “O parque é de fato do município, construído por teresopolitanos, que desde a sua criação o abraçam. E hoje foi só mais um exemplo de como juntos podemos manter essa unidade de conservação sempre em crescimento”, reforça o biólogo Ricardo Mello.
Entre tantos bons exemplos registrados nos quatro dias de reflorestamento, no último deles uma presença acabou sendo marcante como símbolo de que respeitar a natureza é respeitar as nossas futuras gerações: a pequena Rebeca, de apenas oito meses, iluminou a ação voluntária graças à participação e entendimento de responsabilidade ambiental dos seus pais, Tiago e Priscila Oliveira. “Ela completou oito meses antes e ficamos felizes de participar com ela, marcamos a árvore que plantamos e com certeza iremos acompanhar seu crescimento junto com o da Rebeca”, relatou ao Diário o orgulhoso papai Tiago.
