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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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A exploração do turismo literário em Teresópolis

Unindo dois mundos distintos, o da realidade que encanta os olhos voltados para as belezas dos atrativos turísticos e o da imaginação que nos remete ao passado contado em livros de consagrados escritores, o turismo literário tem provocado muitos viajantes a saborearem a história do país por diferentes caminhos Brasil afora.

Casas onde nasceram ou viveram autores de consagrados romances são agora museus, como também os cenários de histórias de ficção e de fatos históricos, ou mesmo de gravação de novelas e filmes, transformados em relevantes atrativos turísticos que permitem o deleite com a memória de um lugar, dando a ele uma identidade nacional.

“O turismo literário não é importante apenas para a união desses dois mundos, mas também se configura como uma forma de valorização da memória e do patrimônio, tanto o reconhecimento do lugar que o sedia quanto a importância do autor e da sua obra homenageados. A localidade que abraça o turismo literário, não só desenvolve uma particularidade interessante de atividade turística, mas também tem a chance de criar uma identidade única, pois esse tipo de turismo não é muito popular no país”, escreveu em seu TCC Príncia da Cunha Araujo Dionízio, da UFRJ, ao defender a importância do aparelho turístico criado em Sumidouro para vender a ideia de que o cenário do romance O Guarani teria sido o Paquequer de lá, rio que nasce de um dos cabeços da Serra da Soledade, na divisa com o nosso município.

A casa onde foi amamentado o menino Augusto dos Anjos, em Sapê, na Paraíba, virou museu, e a moradia do autor de “Eu” em Leopoldina, Minas Gerais, também. Em Goiás, tem a casa da poetisa Cora Coralina; Guimarães Rosa em Cordisburgo; Vespasiano Ramos no Maranhão; Jorge Amado em Ilhéus; José de Alencar em Fortaleza; Mario Quintana em Porto Alegre… Em Alagoas, a região de Angicos, onde o bando de Lampião foi abatido, se transformou num concorrido ponto de atração histórica e turística.

A casa onde nasceu Manuel Bandeira, em Recife, virou museu e a casa onde morou dos 6 aos 10 anos, na mesma cidade, também. O poeta, que produziu boa parte da sua obra em Teresópolis, aonde chegou com apenas 16 anos de idade, morou por dois anos em casa própria, sobrado que comprou em 1966, na rua Antônio Santiago, no bairro de Agriões. Manuel Bandeira era figura fácil de encontrar nos eventos sociais e tinha o prazer de caminhar pela cidade que escolheu para viver a mocidade e a velhice.

Poeta das Cigarras, Olegário Mariano fez a sua toca no Parque do Imbuí, casa tombada pelo Patrimônio Histórico e que ainda existe, como também ainda existe o sobradinho do Manuel Bandeira. E muitos outros poetas de renome viveram entre nós. Fatos históricos relevantes aconteceram em Teresópolis também, e vem sendo ignorados esses sítios de memória. Como Angicos, que presenciou o fim do cangaço, o bairro do Campo Grande foi onde a tragédia de 2011 se manifestou mais aterradora na Região Serrana e nem memorial às vítimas foi erguido no local. Seria um ponto de atração, pelo episódio passado ali e a conscientização ambiental que poderia ser o eixo de uma atração turística, resquício relevante que o tempo vai fazendo o mundo esquecer.

Em Recife, a Prefeitura criou um corredor cultural para homenagear Antônio Maria, Joaquim Cardozo, Capiba, Carlos Pena, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Mauro Mota, Solano Trindade, Ascenso Ferreira, Luiz Gonzaga e Chico Science e dispôs suas estátuas cidade afora, por onde correm agora os turistas a contemplar esses artistas.

Olegário Mariano, Gastão Neves, Manuel Bandeira, Lúcio de Mendonça, Bastos Tigre, Adelmar Tavares, JG de Araújo Jorge, Manoel Peres, Marisol, João Oscar, Rubens Tavares, Saul Mariano… Se fôssemos homenagear doze poetas teresopolitanos, teríamos que deixar muita gente boa de fora. No livro “Sonetos de Teresópolis”, lançado em 2020, foram 62 poetas biografados. E, somente os sonetistas, não figurando outros poetas e escritores de grande relevância.

Um museu para Manuel Bandeira e Olegário Mariano, pelo menos, é necessário. Ou um espaço cultural voltado a todos os nossos poetas, onde as suas obras e biografias ficarão mostradas ao público. E, por que não, uma digna homenagem ao escritor José de Alencar, que fez das margens do rio Paquequer o cenário do seu livro O Guarani?

Que atrativo para o turismo literário não seria um monumento que reverenciasse a obra do escritor!

Edição 23/11/2024
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