Nina Benedito

Com as viagens e aglomerações proibidas ou extremamente limitadas durante a pandemia, o setor do turismo indiscutivelmente foi o mais afetado, causando prejuízo para aqueles que dependiam dele para sobreviver e para os mais diversos aparelhos turísticos. Muita gente desconhece, mas a cadeia do turismo é muito ampla, envolvendo funcionários de hotéis, pousadas, bares, restaurantes, atrativos turísticos, companhias aéreas e rodoviárias além dos agentes de viagens e guias de turismo que foram afetados diretamente com a crise sanitária. Em recente entrevista ao “Programa da Nina”, na Diário TV, a Guia de Turismo e CEO da Ecoplay Tour, Julianna Rocha, falou sobre os desafios dessa retomada gradual as atividades turísticas e sobre as novas tendências do setor. “É preciso ter consciência nesse momento que estamos vivendo, mas o turismo é uma atividade econômica e muitas vezes ele é visto como uma atividade só de lazer sem muito valor e sem muita importância”, pontua Julianna. 
Ainda segundo a profissional, o Guia de Turismo é uma profissão bastante requisitada, importante e regulamentada, envolvendo além dos agentes de viagem, as pequenas e grandes agências e as operadoras. “O Brasil é muito rico em experiências e atrativos, tem espaço para uma gama de negócios. Aquele atrativo local que é pequeno, mas que vive da atividade turística, um hotel pousada que às vezes é pequena, os grandes hotéis, grandes agências, todos sofreram muito e continuam  sofrendo, ainda estamos em um momento de dificuldade, onde nem todos estão conseguindo se manter, mas existe um grande caminho de retomada. Todos que trabalham com o turismo tentaram se reinventar, foi um período até muito interessante, porque muitos pequenos negócios tiveram que entender melhor sobre a questão digital e aproveitaram para se capacitar”, afirma.

Julianna Rocha CEO da Ecoplay Tour e Guia de Turismo

Adaptações ao mundo digital
Segundo Julianna, o mercado já vinha se adaptando com a tendência digital e com a pandemia essa questão foi aumentada. Porém, muitos ainda não estavam preparados. Nessa retomada será muito importante a capacitação e entendimento das tendências, o que de fato está acontecendo no mercado, quais são as demandas, o que as pessoas estão precisando, o que elas estão pedindo. “Muitas pessoas que não estavam podendo trabalhar aproveitaram para se capacitar nesse sentido. O Sebrae esteve muito presente nesse período, ajudando os microempreendedores e empresas, com projetos, capacitações, consultorias, e a gente vê que esse é o caminho, você conseguir entender  pra onde o mercado vai”. Vale a pena ressaltar que infelizmente várias agências de turismo fecharam suas portas, várias operadoras quebraram, vários restaurantes, inclusive centenários que não suportaram e encerraram suas atividades, e quando se fala em uma empresa fechada, estamos falando de famílias que dependiam daquele trabalho.

A tendência pós-pandemia
Para Julianna haverá um verdadeiro “boom” no turismo e de maneira mais significativa em viagens nacionais e regionais o que trará benefícios para economia do país e uma recuperação mais robusta para o setor. “A gente tem visto muito o incentivo das viagens nacionais, que é muito importante para o nosso país, e é também, além de uma tendência, uma realidade. O dólar está muito alto e deve continuar assim por um tempo, e o ideal mesmo é que as pessoas queiram viajar pra dentro do seu estado, da sua região. As viagens nacionais são uma tendência natural e serão muito necessárias pra esse retorno da economia de toda cadeia”.

A importância do marketing
“Fora isso, a gente vê muito essa questão da digitalização, a importância do marketing, das empresas focarem um pouquinho nessa parte, se comunicar com o cliente sempre de uma forma humanizada. Embora a gente tenha toda essa tendência do digital, da modernização, temos também pessoas com medo de comprar uma passagem ou de reservar um hotel pela internet e vai que acontece alguma coisa, com quem eu falo, enfim, a compra pela internet nem sempre é a melhor opção nesse caso. É uma situação um pouco contraditória, mas é por isso que precisamos buscar conhecimento para entender  que a gente vai precisar estar presente digitalmente, mas de forma humanizada, dar o retorno de que as pessoas irão precisar nesse momento de incerteza”. 

Julianna, Elvira, Nelma e Geovanna do projeto Conexão Turismo preparando o segundo semestre FOTO arquivo pessoal de Julianna Rocha

Turismo de sustentabilidade
De acordo com a CEO, outra tendência será o turismo de sustentabilidade, do apoio ao negócio local, nesse momento que precisamos cuidar do que é nosso. “Voltaremos a fazer turismo muito mais nos ambientes naturais, o que foi percebido na pandemia. Essa tendência é de estar em locais adeptos de estratégias voltadas para sustentabilidade, locais, estabelecimentos, destinos, empresas, tudo que a gente puder fazer e que traga essas questões para a prática será muito bem vindo”. Uma outra tendência, na verdade uma  necessidade, será a supervalorização da questão da higienização, segundo a profissional, as pessoas vão valorizar mais,  locais que tenham espaços abertos, sempre higienizados, limpos, locais familiares, mas que também atendam grupos de forma muito segura, tanto a lazer ou a trabalho.

Retomada de uma forma diferente
Seguindo essas questões de novas tendências e de retomada, Julianna vem com novidades para o seu trabalho. “Eu pude perceber que muitas empresas, agências, guias de turismo, atrativos, aparelhos turísticos, poucas pessoas estavam entendendo que a coisa não vai começar de onde parou. A gente parou de um ponto antes da pandemia, e não vamos voltar desse mesmo ponto. A gente percebe que quem está capacitado, quem está atento, quem se atualizou, quem cuidou da sua gestão, da sua rede, da sua forma de lidar, vai estar na frente. Foi quando eu conheci outra pessoa do trade que tinha essa mesma ideia, o mesmo projeto de ajudar outras pessoas nessa retomada, que será de uma forma mais exigente tanto do público, quanto nossa própria. O cliente vai estar atento, ele está na internet, está visualizando, está entendendo como algumas coisas funcionam e precisam estar adaptadas”. 

A experiência de um café da manhã tipicamente da roça

Em Teresópolis, profissionais do turismo unindo forças e experiência para a tão esperada retomada. “Somos quatro mulheres e cada uma dará consultoria para um setor específico. Elvira Menezes, expert em turismo de experiência no Rio de Janeiro, com um produto muito bacana que é o Império Musical realizado na Confeitaria Colombo, estará trazendo questões de viagens de experiência que é uma forte tendência, já que as viagens vão precisar ter mais valor, ser mais colaborativa com o local. Nelma Gadi , guia de turismo muito experiente no Rio de Janeiro que atua há 10 anos como guia, vai passar um pouquinho sobre essa experiência do contato com o cliente, que terá que ser mais pensado e muito mais atento as necessidades individualizadas.  Geovanna Silva tem um projeto chamado Conexão Turismo, que vai ensinar o ‘be a bá’ do turismo para quem quer começar, além de trazer todas as questões burocráticas e toda a construção do negócio”, explica Julianna, que vai ajudar as empresas e os empreendedores  que querem montar um produto turístico, fazer da sua propriedade um atrativo turístico, um local para receber, transformar em um aparelho turístico, pessoas que queiram ser guia de turismo ou agente, que queiram atuar no receptivo, como já fez em algumas propriedades no município. “O objetivo do projeto é de unir forças e não há como trabalhar no turismo sem rede, sem parcerias, e precisam ser sólidas e sempre fortalecidas de acordo com o profissionalismo. A gente precisa aprender a atuar dentro desse setor com muito profissionalismo, ajudando uns aos outros, colaborando para que a gente se fortaleça”, diz.

Mais sobre a agência
A Ecoplay Tour é uma agência receptiva em Teresópolis com foco na experiência do cliente, seja no destino, seja no roteiro.  Para maiores informações entre em contato pelo telefone (21) 97172-7057. No Instagram, @ecoplay_tour.  Saiba mais sobre o projeto em @conexãoturismo.br