Luiz Bandeira
Na semana em que muito se criticou a destinação dos recursos empregados na educação do município, com investimentos em compra de tablets e contratação de coach, a equipe do jornal O Diário e Diário TV não precisou procurar muito para mostrar que não faltam exemplos de objetivos e necessidades mais urgentes, que atenderiam de forma muito mais eficiente o projeto educacional do município. Novas verbas destinadas exclusivamente à educação poderiam, por exemplo, reparar o dano causado à municipalidade com o desperdício de recursos mal investidos, por seguidos governos, que trava o desenvolvimento educacional da cidade. Construída em 2008 com recursos municipais, a escola Aluízio de Souza Silva, no quilômetro 62 da Estrada Rio-Bahia, em Providência, é o retrato de como não se deve investir recursos públicos. Nesta escola deveriam ser atendidos cerca 600 alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, porém, ela nunca sequer foi inaugurada por conta de problema no acesso. Desde o ano anterior, quando no local apenas existia uma placa de publicidade da futura a obra, a CRT, concessionária que administra a rodovia, já alertava para a falta de projetos para construções as margens das rodovias federais. Ainda assim, a PMT continuou com o projeto e hoje encontramos esse quadro deplorável.
Um projeto para construção de um acesso seguro foi feito e chegou a ser iniciado. Porém, na catástrofe de 2011 o rio tomou proporções absurdas e a força da água danificou as margens. A comunidade residente do Segundo Distrito chegou a se organizar para realizar manifestações com o objetivo de que fossem tomadas as providências necessárias, porém a falta de compromisso do poder público, que não sanou as demandas para o funcionamento do estabelecimento de ensino, acabou por facilitar a ação de vândalas e pessoas que saquearam o prédio. Hoje não resta muito das modernas instalações da escola, que contava inclusive com quadra de esportes central, laboratório de informática e oficina de artes.
Nova moradora
Nesta sexta-feira, 01, estivemos no prédio para registrar o abandono, quando nos deparamos com uma senhora, que nos recebeu e disse que morava no local. A agricultora Denise Silveira Rêgo, contou que por ter ficado sem moradia, pois o sítio onde trabalhava foi vendido, e por ter problemas de saúde, procurou a secretaria de assistência social, através do CRAS Alto para se inscrever no programa de aluguel social e que teria informado sua condição de desabrigada. Sem sucesso no pedido, a agricultora viu o prédio abandonado, resolveu entrar e se abrigar temporariamente ali. Ela levou para a escola, o que lhe restou de móveis, poucas roupas e o material reciclável que junta para vender, segundo ela, de onde tira seu sustento. “É temporário, só vim para cá porque não tinha para onde ir mesmo”, relatou, dizendo ter sido vítima de furtos no local, perdendo parte dos seus móveis e do material reciclado que junta em um dos cômodos.
Cobramos um posicionamento do governo municipal sobre o prédio abandonado e a pessoa em questão. No final da tarde, foi respondido apenas sobre o segundo tópico. “A Prefeitura de Teresópolis informa que a referida senhora recebeu assistência da equipe do CRAS Alto. De acordo com a Secretaria dos Direitos da Mulher, que faz o acompanhamento do caso, a senhora foi acolhida por uma conhecida enquanto equipe técnica da secretaria busca alternativas para encaminhá-la para o programa de aluguel social”.
Uma triste história
A inauguração da escola ocorreu em 30 de setembro de 2008. A promessa era que atenderia cerca de 600 alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental a partir do mês seguinte. Porém, no dia da inauguração os representantes do poder público já sabiam que provavelmente a promessa não seria cumprida: Desde o ano anterior, quando no local apenas existia uma placa de publicidade da futura a obra, a CRT, concessionária que administra a rodovia, já alertava para a falta de projetos para construções as margens das rodovias federais. E, apesar da inexistência de uma área de acesso ao prédio com segurança – visto que a escola fica entre duas curvas em trechos de alta velocidade – a prefeitura insistiu com a obra, entregue um mês antes de eleições municipais.
Em fevereiro de 2015, o Governo Municipal apresentou à CRT uma proposta de parceria para a construção de via de acesso a fim de garantir o tão esperado funcionamento do estabelecimento de ensino. “A ideia é que Prefeitura e Concessionária avaliem legalmente a viabilidade de a empresa realizar a obra, numa forma de antecipar ao Município o valor relativo ao repasse de ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza”, informou a Assessoria de Comunicação da PMT na ocasião. A proposta foi apresentada em reunião entre representantes da prefeitura e da concessionária.
Um projeto para construção de um acesso seguro foi feito e chegou a ser iniciado. Porém, na catástrofe de 2011 o rio tomou proporções absurdas e a força da água danificou as margens. Com isso, dois novos projetos tiveram que ser feitos. Um, com custo bem menor, foi vetado pelo Instituto Estadual do Ambiente. O terceiro, que implicaria na modificação do traçado da rodovia, foi apresentado ao governo municipal em 2013. Porém, os custos para tal obra são bastante elevados e, segundo alegou a CRT na ocasião, “não competem à concessionária porque é um serviço que não está previsto em contrato”.
Em setembro de 2016, já no Governo Tricano, a Assessoria de Comunicação da Concessionária Rio-Teresópolis informou que “foi feita uma solicitação pela Prefeitura Municipal de Teresópolis para que a CRT participe na realização da referida obra. O assunto está sendo analisado pela Diretoria da Concessionária e tão logo tenhamos um posicionamento formal da empresa, o mesmo será comunicado”. Em 2019, já no Governo Claussen, foi prometido que seria construída uma unidade de saúde no local, outra ideia que não saiu do papel.
Fotos: Luiz Bandeira, Gilberto Oliveira e Arquivo O Diário de Teresópolis
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