Luiz Bandeira
A causa animal em Teresópolis vive um momento de comoção e incerteza. O jovem protetor Guilherme Motta, conhecido por dedicar sua vida ao cuidado de cães resgatados das ruas e vítimas de maus-tratos, faleceu recentemente, deixando para trás mais de 300 animais sob sua tutela em uma residência no bairro de Campo Grande. Mesmo enfrentando dificuldades financeiras e estruturais, Guilherme mantinha o abrigo com o apoio de voluntários e, nos últimos meses, contava também com a ajuda da Prefeitura de Teresópolis, por meio da Coordenadoria de Proteção e Bem-Estar Animal (COPBEA), em cumprimento a uma determinação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
A morte prematura do protetor, que problemas de saúde que podem ter sido agravados pelas condições insalubres em que vivia, gerou forte comoção entre amigos, voluntários e defensores da causa animal. Ao mesmo tempo, reacendeu o debate sobre a responsabilidade do poder público e da sociedade civil na proteção de animais abandonados. Enquanto não há uma definição sobre o futuro do abrigo, a Prefeitura e o Ministério Público estudam uma forma de o município assumir a gestão temporária do espaço, garantindo a alimentação, os cuidados veterinários e, principalmente, a adoção responsável dos animais.

Apelo da Família de Guilherme Motta
Em apelo emocionado, Gisela Motta, irmã de Guilherme, divulgou vídeo nas redes sociais onde pediu o engajamento da população para reduzir o número de cães no local: “Eu peço, eu suplico ao pessoal, às cidades vizinhas que possam ir lá para adotar cinco, seis cachorros. Vamos tentar acabar com aquele sofrimento. Não podemos mais aceitar aquele cenário, não podemos mais viver aquela angústia e eu conto com a ajuda de vocês”, pontuou, entre outros assuntos relacionados ao espaço e ao irmão.
COPBEA presta apoio ao abrigo
A situação já estava em discussão há algumas semanas, após novo alerta de Guilherme de que não teria condições de continuar mantendo no espaço. Na semana passada, conversamos com a coordenadora da COPBEA, Josi Domingos, que na ocasião informou que o município presta suporte emergencial: “Estamos dando todo o suporte possível ao abrigo. A Secretaria Municipal de Saúde, junto com o Ministério Público, está alinhando as ações, e aguardamos uma decisão sobre o futuro do espaço. O abrigo está aberto — quem puder adotar, dar uma nova vida a esses animais, será muito bem-vindo.”
Enquanto a cidade ainda tenta se recuperar da perda de um de seus mais atuantes protetores, cresce o sentimento de solidariedade e a urgência em encontrar um destino digno para os mais de 300 animais que ficaram sob os cuidados do abrigo de Guilherme Motta.
Soltura de cães rendeu prisão do protetor
Nos últimos meses, Guilherme se envolveu em algumas polêmicas devido ao grande número de animais que mantinha, solicitando ajuda para continuar tocando o projeto de guarda de cães resgatados de abandono e maus tratos. Em meados do ano, alegando não ter mais condições de manter o espaço, soltou diversos cachorros em via pública e acabou preso por maus tratos. Recentemente, a situação voltou a se repetir e houve nova intervenção do judiciário, com a COPBEA sendo acionada para realizar procedimentos médicos e de saúde no local.

COPBEA se defende de acusações
A COPBEA afirma que vinha acompanhando a situação do abrigo e prestando apoio determinado pelo Ministério Público, como fornecimento de ração, atendimento veterinário e acompanhamento psicológico ao protetor, por meio do Desenvolvimento Social e do CAPS. “O Guilherme não foi injustiçado, ele vinha recebendo as doações da Secretaria de Saúde conforme determinação do MP, de populares, inclusive de pessoas de fora. Seguimos tudo o que foi solicitado pelo Ministério Público. Chegamos a doar ração, dar suporte veterinário e oferecer acompanhamento psicológico ao protetor”, explicou Josi, na última semana.









