Atividades que não sejam as esportivas também são proibidas no estádio, deixa claro a Prefeitura
Wanderley Peres
Um mês atrás, o prefeito divulgou em suas redes sociais reunião que teve com o presidente do Teresópolis Futebol Clube, Frederico Menezes, comemorando celebração de um acordo em que o município extinguia ação judicial contra a associação, processo que desde 2017 se arrasta na justiça requerendo devolução à municipalidade do terreno onde se encontra o estádio, na rua Ernesto Silveira, no Alto.
Até uma festa foi marcada para ser realizada no estádio Antônio Savattone, “ato público de assinatura do acordo”, que seria concretizado no dia 2 de julho. “Estamos fazendo justiça a uma associação que presta uma inegável contribuição ao esporte de Teresópolis”, disse o prefeito, que entendia não haver justificativa para a ação, considerando que o terreno teria sido doado ao TFC para a construção de um estádio, obra que foi executada. “Esperamos com essa medida dar segurança para que o clube continue avançando no fortalecimento do esporte local”, disse o Prefeito. “Sou grato ao prefeito Vinícius pelo respeito e reconhecimento ao nosso trabalho. Construímos quase 19 anos de história desportiva e sozinhos já fizemos muito. Mas com essa conquista, partiremos para uma nova fase, onde ainda faremos muito mais”, completou o presidente, do clube que atualmente não tem participado de competições oficiais, limitando-se a oferecer alojamento para jovens treinarem em seu campo.
Apesar do entusiasmo dos dois, não houve festa alguma no dia marcado. A prefeitura não marcou nova data nem divulgou retratação da notícia dada pelo prefeito. E um burburinho nos bastidores mobilizando sócios do clube que já vinham pondo em dúvida a gestão dos atuais diretores, que se supõem donos do TFC, provocou O DIÁRIO a saber mais do assunto.
Apesar de várias tentativas, o presidente Fred Menezes não quis falar ao jornal. Sobre o imbróglio, a prefeitura, respondeu que o acordo não se concretizou porque o responsável pelo Teresópolis Futebol Clube não quis assinar o documento onde o Município incluiu uma cláusula de inalienabilidade do imóvel. Ou seja, pela cláusula, ele não poderá ser vendido, transmitido ou ‘dado’ em hipoteca, assim que a municipalidade premiasse os atuais diretores com a desistência da ação. A ação, aliás, foi uma medida justa porque o clube vem sendo tratado como bem particular, sem eleições transparentes, e com uma diretoria que se adonou do bem, em sendo uma associação desportiva sugerindo a necessária rotatividade de gestão.
“O processo judicial vai continuar, visto que não houve acordo entre as partes”, revelou o governo municipal, observando que a doação do terreno pela municipalidade foi condicionada à construção de um estádio [para a prática de esportes, naturalmente] e para que a referida doação seja mantida, será necessário que o fim da doação seja cumprido, com a devida retomada das atividades do clube de futebol, o que não vem ocorrendo.
Na resposta aos questionamentos feitos pelo DIÁRIO DE TERESÓPOLIS, a prefeitura admite que o espaço possa ser utilizado para outros fins, sociais por exemplo, sendo para isso necessário que “as vontades entre as partes sejam assim alinhadas”. A argumentação oficial responde pergunta do DIÁRIO sobre um show ocorrido no estádio dedicado ao esporte duas semanas atrás. Alegando estar impedida de agir, a Prefeitura disse que “não tem como autorizar ou desautorizar a realização de eventos no local, uma vez que se encontra em andamento um processo judicial pela titularidade do imóvel, e quem detém a posse, no momento, é o Teresópolis Futebol Clube”.
Embora o acordo celebrado e não assinado tenha decepcionado as partes, sugerindo a negativa do presidente do TFC de assinar o documento que ele poderia estar buscando uma forma de se desfazer do terreno assim que tivesse plena posse dele, a Prefeitura disse que está aberta ao diálogo, se colocando à disposição das entidades que promovam benefícios para a sociedade.
O processo de reintegração de posse do campo do Teresópolis Futebol Clube foi promovido pela Prefeitura em 9 fevereiro de 2017, pelo então prefeito Mario Tricano que, na eleição de 2004 apoiou a candidatura do atual patrono do TFC, Álvaro Menezes. Marcada para 31 de março de 2020, audiência de conciliação foi suspensa por conta da pandemia e, agora, depois de andamento em que a direção do Teresópolis Futebol Clube foi intimada a comprovar a prática esportiva no espaço, conforme os termos da doação do imóvel e a demanda na justiça, o processo encontra-se concluso desde 26 de julho de 2021, com carga para o Ministério Público.