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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Agricultura familiar sem apoio em Teresópolis

Produtores enfrentam dificuldades sem apoio da prefeitura que só incentiva "plantar cerveja"

 

Marcus Wagner

Enquanto a Prefeitura de Teresópolis se esforça para tentar emplacar a incipiente cultura do lúpulo, a agricultura familiar do município está indo de mal a pior. Os produtores enfrentam abandono e descaso, sem receber a devida atenção do governo para a área que faz parte da principal atividade econômica de Teresópolis. Dificuldades tanto para produzir quanto para escoar a plantação, com estradas precárias e sem incentivos, fazem se tornar cada vez mais inevitável o fim das feiras da agricultura familiar.
A reportagem do jornal O Diário de Teresópolis constatou junto a vários agricultores na localidade do Brejal que a situação vem se agravando e nem sequer há uma previsão de que algo seja feito em favor desses trabalhadores que lutam contra todas essas condições adversas para produzir verduras e legumes de qualidade. 
A agricultura familiar teve um impulso há cerca de dois anos com a criação das feiras exclusivas em locais como a praça Nilo Peçanha e a pracinha da prefeitura, mas há alguns meses a situação começou a ficar insustentável . 

Adilson Maia afirmou que os produtores gostariam de poder fornecer para a merenda escolar, mas nunca tiveram a oportunidade

“Quando começou, o apoio foi grande e de repente, após a mudança de governo, abandonaram a gente completamente e está difícil. Eu vivo desse trabalho, só trabalho com isso, como que vou sustentar minha família? Estamos querendo apoio, que não esqueçam do interior. Nem mesmo os vereadores não nos dão atenção, só um deles. Estamos abandonados. Na feira hoje só temos quatro produtores e assim não funciona, eram quinze. Não tenho como plantar muito, senão vou perder. Eu consigo cobrar barato, até mais barato que nos mercados”, explicou Maicon da Silva, mais conhecido como Kiko.
Uma medida que facilmente ajudaria estes produtores seria a inclusão deles como fornecedores da merenda escolar, uma promessa que o governo fez no ano passado, mas que nunca se cumpriu. O produtor Adílson Maia explicou que a plantação de 30 mil pés de couve que cultiva gera cerca de R$ 2 mil reais de custo para conseguir vender cerca de seis a sete mil molhos por semana, mas garante que isso está muito abaixo do que poderia ser: “Nunca fomos procurados, poderíamos fornecer para creches, colégios , hospitais, asilos. Se houvesse o incentivo, uma ajuda para conseguir fazer isso seria ótimo, mas em Teresópolis só o grande produtor tem ajuda”. 

Maicon Silva destacou que as condições estão cada vez mais difíceis para os produtores e em breve as feiras poderão acabar

Com o preço elevado de fertilizantes e defensivos, sem a possibilidade de obter linha de crédito e nenhum programa de assistência por parte da prefeitura, muitos deles já desistiram de seguir produzindo. Quem continua, não consegue ver muito futuro, caso o governo municipal não passe a dar a importância que os agricultores merecem.
“O que está faltando é apoio. As feiras estão por um fio de acabar. Somos só quatro produtores e poderiam ser vinte. Amarraram muito a feira e acabou não compensando para quem estava indo”, alertou Quico.
“São muitas dificuldades para escoamento por conta da situação precária da estrada para fazer o transporte, no preço dos insumos que está muito alto, a energia elétrica que subiu muito e está complicando muito porque o preço da mercadoria não dá pra aumentar, mas os custos subindo demais. Muitos produtores abandonaram, os filhos de quem produz já não querem mais trabalhar com isso. O povo do interior está abandonado, está difícil mesmo”, completou Adílson Maia.

Plantação de lúpulo ainda é pequena e está apenas em fase de testes em uma propriedade do interior do município
 

Plantação de lúpulo em Rio Preto
A prefeitura de Teresópolis tenta implantar a ideia de que Teresópolis seria uma município produtor de lúpulo, algo que não condiz com a realidade e é desmentido pelos próprios agricultores que relatam apenas uma iniciativa muito recente em poucas propriedades de testar o cultivo da planta, encorajados pelo prefeito Vinicius Claussen.
Com muito custo, conseguimos encontrar um lugar onde está sendo feito este teste, uma pequena propriedade em Rio Preto, ao lado de Sebastiana, tem apenas poucos exemplares da planta que se já estivesse produzindo, não daria conta de atender sequer a demanda de um único cliente.
Para ser lucrativa, a produção do lúpulo precisa ser ocorrer em um volume muito grande e o valor cobrado tem que ser muito alto. Devido a não ter tradição neste mercado, essa aposta no lúpulo não tem sustentação, enquanto os produtores da agricultura familiar padecem e perdem seu espaço, sem o devido reconhecimento.

 

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Edição 23/11/2024
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