Imagine você passando por uma dificuldade financeira e tendo o fornecimento de um bem essencial à vida, a água, interrompido por uma empresa autorizada pela prefeitura do seu município a realizar tal serviço. Já é uma situação complicada, mas, além de ficar com a torneira seca, em Teresópolis o contribuinte terá ainda mais dificuldade para voltar a receber o precioso líquido em casa. Além de colocar as contas em dia, terá que pagar R$ 265 a Águas da Imperatriz, concessionária que venceu a outorga realizada pela gestão Vinicius Claussen para a prestação do serviço pelo período de 25 anos. O valor é quase cinco vezes maior do que a tarifa mínima de consumo, de R$ 57, e supera em muito o que é praticado pelas empresas de energia elétrica e gás natural em Teresópolis. A Enel pratica os seguintes valores para religação: Monofásico – R$ 8,64; Bifásico – R$ 11,91; eTrifásico- R$ 35,75. A tarifa da Naturgy pelo mesmo tipo de serviço é de R$ 57,26.
Nesta quinta-feira (22), a reportagem do Diário ouviu um dos muitos insatisfeitos clientes da Águas que ficou surpreso ao descobrir quanto teria que desembolsar depois de ter o serviço cortado. “É uma tarifa que é difícil acreditar, que ela alega que está na concessão e contrato e que é o custo do serviço. É difícil acreditar que uma coisa tão desonesta é colocada em contrato e aprovada, isso é que é assustador”, destaca Afonso Henriques Coimbra, morador do Parque do Imbuí, que trouxe ainda conta de uma familiar residente no Jardim Europa e que vive a mesma situação.
“Eu entendo que é subestimar o discernimento das pessoas, o que é extremamente deselegante. Eu não deveria estar aqui com esse mal estar e tentando uma providência. O poder público tem obrigação de evitar isso. O valor mínimo é de R$ 57 e a religação é quase cinco vezes a mais, o que não é admissível, isso é no mínimo desonesto. O povo tem que ser tratado com respeito. Isso foi feito pelo poder público, pois foi uma concessão feita pelo poder público. Antes de ser concretizada tinha que ser estudada, ter um amparo técnico. Falam que é custo serviço, mas não tem como falar que é. A religação de luz é 10 reais, o que mostra que lamentavelmente está errado e alguém tem que tomar providência, Ministério Público, judiciário, alguém tem que tomar uma atitude”, completou Afonso.
“Cobramos porque a prefeitura deixou”
Questionada pelo Diário sobre a aplicação de valor tal alto – principalmente em comparação a outras concessionárias que prestam serviços semelhantes – a outorgada pela gestão Claussen se defendeu dizendo estar trabalhando segundo o que foi acordado com o governo municipal. “A Águas da Imperatriz informa que a tarifa de religação está prevista no edital e no contrato de concessão. É importante destacar que o contrato de concessão é fiscalizado e regulado. Antes de realizar a suspensão do serviço por débito, o cliente recebe notificações de cobrança, e a concessionária oferece condições facilitadas para evitar a interrupção do fornecimento”, pontuou Águas, em nota encaminhada à redação do Diário pela Assessoria de Comunicação. “Para solicitações ou informações sobre débitos e condições de pagamento, os clientes podem entrar em contato pelos canais de relacionamento da concessionária: WhatsApp (21) 97211-8064, 0800 757 0422, site www.aguasdaimperatriz.com.br ou Aplicativo Cliente Águas”, completa o documento. Tentamos ainda um posicionamento da Cedae sobre como era aplicado em Teresópolis até dezembro de 2023, não recebendo resposta até o fechamento desta edição.
QUANTO É COBRADO POR CADA CONCESSIONÁRIA
TARIFA RELIGAÇÃO ÁGUAS DA IMPERATRIZ
R$ 265,00
TARIFA RELIGAÇÃO ENEL
Monofásico: R$ 8,64
Bifásico: R$ 11,91
Trifásico: R$ 35,75
TARIFA RELIGAÇÃO NATURGY
R$ 57,26