Wanderley Peres
Há quase um mês ainda para a chegada do verão, que substitui a Primavera no dia 21 de dezembro de 2022, às 18h48 e segue até o dia 20 de março de 2023, rendido pelo outono, chegou o período das chuvas fortes em Teresópolis, que vai até abril do ano que vem. Serão seis meses de preocupação, com a possibilidade de desabamentos de morros, de enchentes e tragédias. São costumeiros do período esses eventos que a cada ano provoca mais apreensão porque a densidade habitacional na cidade tem aumentado, consideravelmente, não só nos morros, com as ocupações irregulares, mas também nas partes baixas dos bairros, com a ocupação despropositada pelos prédios de muitas unidades habitacionais, que estão tomando o lugar das residências unifamiliares, aumentando a impermeabilização e a produção de águas, cada dia procurando lugar apropriado que não existe para escorrer, daí os alagamentos constantes.
Os meses de novembro a abril, na Região Serrana, são os mais preocupantes. E as enchentes, algumas com tragédias diversas, ocorrem mais em janeiro. Mas, em novembro já se percebe bem as chuvas fortes. E, mesmo as chuvas finas, quando insistentes e demorando por vários dias, são um perigo para a provocação de desmoronamentos, devendo ser tomadas todas as atenções de agora em diante. As águas vão pesando a terra, infiltrando lentamente, tornando o terreno em volta das residências instável, especialmente nas áreas já consideradas de risco, por conta de ocupação irregular. O período é de grande risco, sendo previstos os desabamentos de construções e desmontes de barrancos, perigo de tragédia iminente, como ocorre em anos anteriores desde que a ocupação dos morros aumentou.
Além de janeiro e abril, nossos meses mais críticos, sempre tivemos chuvas fortes em novembro e dezembro, ainda na primavera e, também em março, e fevereiro, os outros quatro meses chuvosos do ano. Em novembro, especificamente, temos registros de chuvas fortes no dia 21 em 1994; 13 em 1999; 30 em 2006 (quando caíram 25 barreiras); 3 em 2007 (chuva de granizo que atingiu Albuquerque e Canoas, além de parte da área urbana); e no dia 14; em 2012. E, num dia 24, em 1978, 23 em 1978, quando caiu um prédio na rua Fileuterpe. A força das águas foi tanta que elas levaram a ponte provisória da rua Francisco Sá, quando estava sendo substituída pelo governo do Estado.
A chuva deste dia 24 de novembro, data do evento de 44 anos atrás, nem foi tão forte assim. Mas, embora a pancada de chuva fosse rápida, diversas ruas ficaram alagadas, entre elas a Rui Barbosa e Carmela Dutra, em Agriões; Tenente Luiz Meirelles e, entre tantas outras, com menor volume de água, também a rua Manoel Lebrão, que por conta da inconsequência dos políticos de 10 atrás e do governo atual, que autorizaram a ocupação desenfreada no fundo de vale, antiga fazenda Ermitage. Jorge Mario autorizou a construção dos apartamentos populares no condomínio Ermitage, em 2011, inventando os alagamentos da rua Manoel Lebrão, que até então não existia e, no governo atual, foi permitido o desflorestamento do restante da fazenda, onde está surgindo outro condomínio, que além de tirar a permeabilidade da enorme área de amortecimento das chuvas faz produzir ainda muito mais água nos dias dia chuva, criando o caos na cidade ao ponto da água dar refluxo nas galerias em direção ao Vale Paraíso, na avenida Delfim Moreira, e da avenida Lúcio Meira, na Reta, sem nenhum investimento realizado nas vias para a compensação pela agressão permitida pela Prefeitura.
As chuvas são bênçãos que caem dos céus, e causam prejuízos e mortes apenas porque o homem não se adapta de forma correta ao meio em que vive: incentivado por políticos corruptos, constroem nas margens dos rios, debaixo dos morros ou sobre terrenos acidentados e instáveis, ficando as pessoas vulneráveis às tragédias.
As chuvas de verão também provocam transbordamentos de rios, que são agredidos com a ocupação de suas margens, e os alagamentos de ruas, cada dia mais frequente depois do processo de impermeabilização das cidades a partir dos asfaltamentos das ruas.
De uns trinta anos para cá, cada dia mais ruas calçadas em paralelepípedos recebem asfaltamento, um contrassenso porque o piso que se esconde, de primeira qualidade, permite a infiltração da água na terra, diminuindo seu volume, enquanto o asfalto é material descartável, de segunda, e que a todo ano, ou cada eleição, precisa ser refeito. O paralelo, se conserta a imperfeição, bastando fazer frequente manutenção. Ao contrário do asfalto, que ao abrir um buraco o farelo dele vai para o ralo e entra pelo cano, aonde vai parar também o dinheiro público mal aplicado.
Para piorar, a prefeitura não consegue limpar as manilhas das redes de águas pluviais sobre o asfalto, todas elas saturadas pela sujeira do pavimento descartável que, cedo ou tarde sempre se dissolve.
Por causa das nossas experiências dolorosas, tememos as chuvas. Mas, devemos agradecer a Deus pelas águas que caem dos céus, e na quantidade que Deus quiser nos conceder, porque elas promovem a vida do ambiente em que vivemos. As experiências dolorosas nos obrigam também, a nos preocuparmos mais com a ocupação do abençoado planeta em que vivemos. E devemos nos preocupar mais, ainda, com a ocupação urbana, que feita de forma desequilibrada, transforma-se na causa principal das nossas desgraças.
Que caiam as chuvas, e que elas representem bênçãos para todos nós. E que as chuvas nos ensinem a conviver de forma mais correta e amigável com o meio em que vivemos.