Anderson Duarte
Dois pontos principais foram abordados pelo vereador Alessandro Cahet em entrevista concedida nesta segunda-feira, 20, nos estúdios da Diário TV: a necessidade de se instituir medidas para dar celeridade ao sistema de regulação hospital do município e o sucateamento da Unidade de Pronto Atendimento, hoje, único ponto de entrada da saúde pública teresopolitana. Segundo o vereador do PSDB, não há mais possibilidade de se deixar para depois a busca por soluções para a área, “a população não aguenta mais ficar internada em UPA e agonizando a espera de uma vaga no Hospital”, explica o político. Essa é a primeira entrevista da série com os seis suplentes que assumiram vagas por ocasião da prisão dos mandatários. Todos foram convidados a participar do programa Jornal Diário na TV, e ao vivo, falar sobre suas prioridades a áreas de atuação que pretendem enfatizar no curso de seus mandatos.
Segundo Alessandro, regular o acesso do usuário aos serviços do SUS tem que significar de verdade prover, a partir da identificação da necessidade desse usuário, os recursos necessários para a assistência à sua saúde no tempo oportuno, coisa que segundo o edil está sendo renegada a segundo plano. “A celeridade de atendimento e busca por vagas, caso seja necessária a transferência para uma unidade hospitalar, tem que ser perseguida sempre, está na nossa legislação. Por isso, já colocamos a disposição da Mesa Diretora para votação em plenário, um projeto de Lei que institui a regra da comunicação de vacância de leitos hospitalares em até duas horas pós essa liberação. Ou seja, os hospitais ficam obrigados a comunicarem essa vaga disponível para a regulação em no máximo duas horas pós alta do paciente anterior. Isso vai possibilitar uma regulação mais eficiente e uma transparência verdadeira na liberação destas vagas”, lembra o vereador que ainda cita certo tráfico de influência realizado por agentes políticos na UPA de Teresópolis recentemente. “Essas vagas não podem virar moeda de troca política, não podem se tornar máquina de votos, isso é direito da população”, lembra Cahet.
Segundo o edil, para que a busca de leitos de internação seja otimizada, ou seja, apresente agilidade suficiente para se salvar vidas, é preciso planejamento e inteligência. “Estive na última sexta-feira na UPA e vi lá mais de trinta pacientes internados naquele ambiente, que além de estar sobrecarregado e sucateado, não é preparado para internar ninguém. Os leitos precisam ser cem por cento regulados, mas essa comunicação precisa ser mais ágil e transparente. Vejo que toda internação de paciente tem que passar pela avaliação e autorização dos médicos reguladores, eles é que vão permitir acesso a informações sobre o quadro de saúde do paciente, a gravidade, e avisar quando há alterações importantes, que podem colocá-lo em primeiro na lista por vaga ou tirá-lo dessa disputa”, explica. Ainda de acordo com Alessandro, apenas com esse sistema de regulação em funcionamento pleno e com prazos a serem obedecidos é que se vai ter verdadeira dimensão da desproporcionalidade entre o número de vagas e o número de casos que necessitam internação.
Outro ponto debatido pelo edil na entrevista, também relacionado ao problema da falta de vagas de internação, é o sucateamento e sobrecarga da Unidade de Pronto Atendimento do município. Segundo Cahet, a UPA não deveria ter sido responsabilizada pela totalidade dos atendimentos em urgência e emergência como se dá hoje. “Elas foram lançadas para funcionar como unidades intermediárias entre as Unidades Básicas de Saúde e os hospitais, justamente como uma resposta para ajudar a desafogar o nosso pronto-socorro do HCT, para assim ampliar e melhorar o acesso dos teresopolitanos aos serviços de urgência no Sistema Único de Saúde. Mas o que aconteceu foi que fecharam o pronto-socorro do HCT, ou seja, esse intermédio que deveria existir acaba na própria UPA, já que a etapa seguinte a integração proposta pela unidade, simplesmente deixou de existir. A UPA deve atender a casos de saúde que exijam atenção médica intermediária como problemas de pressão, febre alta, fraturas, cortes e infartos. Hoje tem mais de trinta internados na unidade, não é razoável, muito menos aceitável esse tipo de tratamento desumano para com os teresopolitanos. Vamos trabalhar muito para fiscalizar esse processo de atendimento e vamos lutar até fim para que o nosso pronto-socorro do HCT seja reaberto”, enaltece Alessandro.
O vereador ainda levantou a problemática com relação ao sucateamento da unidade e do abandono das unidades básicas dos bairros. “Temos que equipar a UPA sim, colocando em sua estrutura equipamentos de raio-X, eletrocardiografia, laboratório de exames e leitos de observação, o que já soluciona em média 97% dos casos. Além dela, nós temos aqui o TiroDor, como é conhecido o posto de atendimento do Bairro de São Pedro e também a unidade de Bonsucesso, que podem ser equipados com todos esses tipos de equipamentos. Só essas duas iniciativas já desafogariam e muito o que acontece hoje no nosso município. Sempre sou muito demandado, até por estar na área da saúde, e tenho visto como nossa população paga uma conta muito alta pela desorganização do setor público”, lamenta Cahet. O vereador finaliza sua participação no programa alertando para a necessidade de criação de mecanismos para geração de emprego e renda e também se coloca a disposição do Executivo para buscar essas soluções em outras instâncias.