Cadastre-se gratuitamente e leia
O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
em seu dispositivo preferido

Alguém conhece um bom curso de datilografia?

Esta semana uma novidade na Câmara de Vereadores de Teresópolis despertou, mais uma vez, a discussão com relação ao uso, ou não, da figura dos cobradores de ônibus em nosso município. Um dos edis quer tornar novamente constante em lei a obrigação de sustentar esse profissional em todas as linhas de coletivos da cidade. Deixando de lado as questões populistas, a visão romantizada da atuação deste profissional e, claro, absolutamente abandonando a possibilidade de se estar promovendo uma dificuldade para vender certa facilidade, nos debruçamos em uma esquina entre o que precisamos caminhar para um transporte público de qualidade e aquilo que efetivamente nos prende ao passado.

Anderson Duarte

Esta semana uma novidade na Câmara de Vereadores de Teresópolis despertou, mais uma vez, a discussão com relação ao uso, ou não, da figura dos cobradores de ônibus em nosso município. Um dos edis quer tornar novamente constante em lei a obrigação de sustentar esse profissional em todas as linhas de coletivos da cidade. Deixando de lado as questões populistas, a visão romantizada da atuação deste profissional e, claro, absolutamente abandonando a possibilidade de se estar promovendo uma dificuldade para vender certa facilidade, nos debruçamos em uma esquina entre o que precisamos caminhar para um transporte público de qualidade e aquilo que efetivamente nos prende ao passado. Assim, ao invés de nossa Casa Legislativa promover audiências públicas para instituir de vez um sistema de transporte público integrado e com oferta de horários que atenda a nossas reais necessidades, promova a discussão acerca das modalidades alternativas de mobilidade e constituição de vias centrais, fica mais uma vez na superfície questionável do põe e tira cobrador. O tema é complexo, e surge por certo a relação entre o corte de vagas de emprego e a necessidade de se considerar o impacto social da medida, entretanto, se configura cada dia mais como uma profissão em extinção, cabendo aos entes públicos buscarem soluções alternativas, e não simplesmente a manutenção dos postos. Imaginem se tivéssemos na Câmara defensores dos cursos de datilografia e das lojas de revelação de filmes fotográficos, não seria estranho ainda contarmos com tais postos de trabalho defesos em lei?
Não é nenhuma maldade, ou prejuízo à economia municipal eliminar essa figura adicional no transporte, na verdade é um processo natural que já é adotado em todos os países desenvolvidos e grandes capitais nacionais. Quase todas as grandes cidades brasileiras já adotaram faz tempo os sistemas de cartão recarregável, método amplamente utilizado mundo afora em ônibus, trens e metrôs. Aliás, estaria aqui uma bandeira muito mais justa a ser defendida pelos vereadores, e muito mais condizente com nosso processo histórico, ou seja, defender a criação de projetos de mobilidade urbana que impedissem, por exemplo, que todas as nossas linhas de ônibus existentes no município tivessem que passar pelo centro da cidade a exemplo do que acontece hoje. Imaginem o desafogo no trânsito se não tivéssemos esse fluxo todo de coletivos?
O chamado exercício da dupla função pelos motoristas do transporte público é mesmo um risco e precisa ser combatido, mas não com a simples permanência do cobrador no veículo, e sim com a instalação de centrais de autoatendimento para que usuários sem bilhete possam comprar a passagem com dinheiro, cartão de crédito ou débito e os motoristas tenham que se preocupar unicamente com a direção dos veículos. Isso funciona muito bem, inclusive com a emissão de cartões provisórios que englobam apenas uma viagem, sendo ali presente também a possibilidade de integração. No mais, investir na capacitação dos antigos cobradores é uma boa maneira de inserir mais trabalhadores qualificados no mercado, necessidade real das próprias empresas. Sendo assim, esses profissionais terão alternativas para deixar uma função que se torna a cada dia mais obsoleta. Exigir em lei que essa função seja obedecida pela iniciativa privada é privar a sociedade de benefícios tecnológicos e evolutivos que racionalizam o transporte público e a mobilidade urbana. O resto é mesmo o bom e velho “lançar a dificuldade para vender a facilidade”.

Tags

Compartilhe:

Edição 09/05/2025
Diário TV Ao Vivo
Mais Lidas

Operação Athos: investigações indicam rixas e planos de assassinatos

Bairro do Alto pode ficar sem agência dos Correios

Unidade K9 da Guarda Civil de Teresópolis ganha agilidade no apoio às forças de segurança

‘Dia D’ de vacinação contra a gripe neste sábado, dia 10

Prefeito de Teresópolis apresenta balanço de 100 dias de governo na Câmara de Vereadores

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE