Estudantes e servidores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) protestaram nesta quinta-feira (13) contra a falta de pagamento de salários pelo governo do estado. A instituição terminou neste mês o segundo semestre letivo do ano, devido às graves dificuldades financeiras e há possibilidade de nova greve no começo do mês de agosto.
Mesmo sendo a décima primeira colocada em qualidade entre as 195 universidades brasileiras e a vigésima na América Latina, a Uerj enfrenta a maior crise de sua história. Neste ano, após meses de recesso, a universidade retomou as atividades somente no dia 10 de abril, devido a um esforço conjunto da Reitoria, servidores técnico-administrativos, professores e alunos.
Com bolsas e salários atrasados há quase três meses, sem contar com o décimo terceiro salário do ano passado, a Uerj enfrenta também falta de verbas para manutenção do Campus Maracanã e de mais 14 unidades externas, incluindo a Faculdade de Formação de Professores, localizada em São Gonçalo e responsável pela organização da manifestação de hoje.
De acordo com a vice-diretora do Departamento de Educação, Mariza De Paula Assis, a manifestação foi um ato de resistência. “Iniciamos o protesto com roupas pretas para simbolizar o sucateamento que o estado está realizando e terminamos todos com roupas coloridas e soltamos balões para mostrar que resistimos e lutamos contra essa decisão”, afirmou Mariza.
Além dos funcionários, que enfrentam dificuldades para se manter com os salários atrasados, os alunos da universidade sentem na pele os problemas da instituição. Segundo o estudante de ciências sociais André Romero, de 20 anos, que entrou na Uerj no início do ano passado, o último período foi o pior de todos. “Primeiro, pela correria – os professores tiveram que cortar muita matéria, houve muitas paralisações, as bibliotecas estavam todas fechadas, o bandejão não funcionou em nenhum momento. E diminuiu muito a frequência de estudantes porque muitos não tinham condições de ir assistir às aulas.”
Mayara Gomes, de 23 anos, que está no penúltimo período de história da arte, emocionou-se ao falar sobre a situação da Uerj. “Nós, universitários, somos muito jovens, ainda estamos acertando a cabeça. Então, somos muito vulneráveis a tudo, e o que está acontecendo com a universidade nos afeta. Muitos de nós, que víamos lugares como a Uerj como a única opção para realmente arrumar a vida e tentar ter alguma coisa digna, estão desistindo de seus sonhos. Eu estou no final, vou me formar, mas ainda precisamos da Uerj, ela é lugar de ensino, pesquisa, trabalho, de vida, de tudo.”
De acordo com Mariza, ainda não foi definida a data de início do próximo semestre, referente ao primeiro período letivo deste ano. Também não há previsão para uma próxima manifestação.
*Agência Brasil Ana Luiza Vasconcelos**Estagiária sob supervisão de Paulo Virgilio Preard