Bem diferente de Rei Leão: o Parque Estadual dos Três Picos registrou, no fim do mês de setembro, uma cena curiosa que demonstra o equilíbrio ecológico de região: uma onça-parda (Puma concolor) seguindo um grupo de catetos (Pecari tajacu) na unidade de conservação administrada pelo Inea. O flagra, feito pelo Projeto Aventura Animal por meio de armadilhas fotográficas montadas no Vale dos Deuses, o núcleo de montanha do PETP, mostram uma possível perseguição que quase terminou em um banquete para o felino.
“Registros como este são a comprovação do sucesso do trabalho de conservação realizado pelo Inea. O uso de armadilhas fotográficas nos permite monitorar a saúde da nossa biodiversidade e comprovar a importância das unidades de conservação na preservação da Mata Atlântica”, destaca o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
A sequência capturada pelas câmeras começa com a aparição de um grupo de catetos, que passam pelo local. Minutos depois, chega a onça-parda. No vídeo, é possível ver e ouvir o momento em que o felino fareja e localiza exatamente o rastro do grupo de catetos que havia passado ali pouco antes. O registro captura um comportamento típico da espécie, usando seu olfato para alcançar as presas. Esse ato, de cheirar o chão, é conhecido como acostamento. Trata-se de uma técnica de caça na qual o animal segue uma pista de cheiro deixada pela presa. A cena se encerra com uma nova aparição dos catetos, que já estão distantes, mostrando a dinâmica constante de predador e presa na floresta.
A onça-parda é nativa da Mata Atlântica e o segundo maior felino das Américas, ficando atrás apenas da onça-pintada. Como predadora de topo de cadeia, ela é fundamental para o controle de populações de outras espécies, como o próprio cateto, garantindo o equilíbrio do ecossistema. Também conhecida como Suçuarana e Leão-baio, a espécie alimenta-se de animais silvestres de portes variados e exerce papel vital na manutenção da integridade dos ecossistemas onde ocorre.
Os catetos, também conhecidos como porcos-do-mato, são fundamentais para a saúde da Mata Atlântica. Ao se alimentarem, esses mamíferos dispersam sementes por grandes áreas, promovendo a regeneração e a diversidade da floresta. Por serem uma presa-chave, sua população serve como um termômetro para a saúde do ambiente: onde os catetos prosperam, os predadores de topo, como a onça parda, também podem existir.
Sobre o parque
Com área aproximada de 65 mil hectares, o Parque Estadual dos Três Picos abrange partes dos municípios de Teresópolis, Guapimirim, Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim, na Região Serrana do Rio. A unidade de conservação possui sede em Cachoeiras de Macacu, um núcleo de montanha em Nova Friburgo, outro em Teresópolis e um núcleo operacional em Guapimirim.
