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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Atendimento pediátrico volta a ser motivo de reclamações em Teresópolis

Falta de médicos, exames essenciais, baixa cobertura de atendimento e aumento da demanda preocupam pais e responsáveis. Assunto foi debatido na Câmara

Luiz Bandeira

Neste momento de mudança de estação, quando as temperaturas começam a cair, o que aumenta muito é a preocupação de pais e responsáveis pelo atendimento de saúde das crianças que apresentam problemas respiratórios. E é exatamente isso que vem acontecendo nos últimos dias com um crescimento na demanda por atendimento pediátrico no município e com isso, mais uma vez, a população vem manifestando preocupação e indignação pela baixa cobertura na especialidade em unidades de saúde de Teresópolis. O tema veio à tona esta semana, quando dois vereadores usaram da palavra no plenário da Câmara para externar as reclamações que chegam da população ao legislativo municipal sobre a falta de pediatras na cidade. A unidade referência no município para atender pediatria pelo SUS é o Hospital da Beneficência Portuguesa, onde são tratados casos de urgência e pronto atendimento para crianças e adolescentes. Mas, segundo nos informou um profissional que trabalha no setor, “a Beneficência dispõe apenas de dois pediatras, para atender cerca de 150, 160 crianças por dia”. Ele destaca ainda que, diante desse número “deveria haver pelo menos três médicos pediatras”, informando “que está difícil encontrar pediatras disponíveis, pois os recém-formados buscam mais a especialização do que o atendimento público em clínica médica e emergência”.
Os casos de baixa complexidade em pediatria são atendidos na unidade de saúde Eitel Abdallah, no Bairro de São Pedro, que desde maio do ano passado também vem oferecendo atendimento pediátrico às crianças enfermas de Teresópolis. O Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Otaviano não tem pronto atendimento pediátrico, atende SUS somente em casos de internações encaminhadas de outras unidades de saúde. Porém, no HCTCO, há relatos de que mesmo quem possui plano de saúde precisa ter paciência, pois há uma defasagem de atendimento e segundo esses relatos, aguardam-se horas por um atendimento pediátrico particular. Já o Hospital São José não atende pediatria desde 2019.
Essa questão foi tema discutido no plenário da Câmara de Vereadores na última sessão desta terça-feira, 18. O vereador Dr. Amorim, que inclusive é um conceituado médico pediatra do município, manifestou preocupação com a deficiência no atendimento pediátrico em Teresópolis. “Em relação ao atendimento de pediatria na Beneficência Portuguesa, no dia em que foi inaugurado esse ônibus (Ônibus da Saúde), nós tivemos com a secretária (Dra. Clarissa Guita) e a subsecretária (Dra. Ednéia Martuchelli) e o prefeito Vinicius Claussen, juntos e nós solicitamos mais um médico pediatra pra lá e a secretária ficou de, juntamente com o prefeito, ficaram de estudar pra que botassem mais um terceiro pediatra, porque realmente a quantidade de criança pra ser atendida lá pra dois pediatras é realmente muito grande, principalmente no momento que chega uma criança em estado grave de saúde, que precisa do atendimento dos dois pediatras. Então quando chega uma muito grave que precisa ser entubada, por exemplo, é necessário que os dois pediatras sejam ocupados nesse momento para salvar a vida dessa criança e o atendimento fica totalmente parado, não tem como fazer outra coisa”. O médico relatou ainda que há na Beneficência Portuguesa laboratório para exames de sangue, urina e raio-X, mas faz ressalva sobre o exame complementar de ultrassonografia. “Não tem e nunca teve”. Dr. Amorim relata que pra ter esse exame disponível é preciso contratar um médico para elaborar o laudo, especialista que não tem na unidade de saúde pediátrica do município.

“A Beneficência dispõe apenas de dois pediatras, para atender cerca de 150, 160 crianças por dia. Tem que ter pelo menos três médicos pediatras e está difícil encontrar pediatras disponíveis”, relatou o Dr. Amorim

Pedido
Sobre a estrutura em pediatria disponível à população o vereador Diego Barbosa pediu, através de uma moção, informações ao governo municipal. “Com relação ao atendimento de pediatria na Beneficência Portuguesa, nós queremos entender melhor hoje como é que está funcionando, a quantidade de médico, aquilo que pode melhorar, porque têm chegado muitas reclamações de que a demanda é muito maior do que a capacidade hoje da Beneficência Portuguesa, de dar atendimento pras crianças. Nós sabemos o quanto que é importante a emergência da pediatria nessa instituição, que tem papel importante pro nosso município e nós queremos essas informações pra pensar de que maneira a gente pode somar esforços para melhorar a cobertura de pediatria na Beneficência. Nós vamos entrar com uma moção hoje (18/04). Com relação à questão de ultrassom, nós tivemos a informação que há oito anos não tem mais o ultrassom lá na parte de emergência e nós entendemos que é extremamente importante, nesses casos, que ali tenha esse aparelho de ultrassom. Então nós queremos essa informação para poder entender sobre esse atendimento e entender de que maneira a gente pode somar e fazer essa solicitação para que o mais rápido possível possa ter novamente esse equipamento de ultrassom”, manifestou preocupação o vereador.

Diego Barbosa protocolou na Câmara de Vereadores, na última sessão, uma moção pedindo ao governo informações acerca do atendimento pediátrico no município

Serviço inexistente
O profissional de saúde que consultamos, e que preferimos não identificar, nos revelou preocupação também quanto à falta de um Centro de Tratamento Intensivo pediátrico na cidade para atendimento SUS. “Não tem CTI pediátrica no município, uma cidade de 200 mil habitantes não ter vaga, há a promessa de construir um CTI pediátrico na área em expansão da Beneficência Portuguesa. O HCTCO recentemente inaugurou um CTI pediátrico com vaga para atender o SUS, porém, nunca tem vaga SUS disponível, recentemente tivemos que transferir um recém-nascido em estado grave de saúde para um hospital de São João de Meriti na Baixada Fluminense que disponibilizou um leito de CTI. Cirurgia infantil, você não pode fazer uma cirurgia infantil mais complicada porque não tem CTI”, revelou o médico ao Diário.

Unidade de saúde Eitel Abdallah, no Bairro de São Pedro, atende casos pediátricos de menor complexidade desde maio de 2022

Promessa
Em entrevista ao Programa Hélio Carracena, na Diário TV, em fevereiro do ano passado, pouco depois de assumir a secretaria municipal de Saúde, justamente quando o município vivia situação semelhante a atual no atendimento pediátrico, a médica Clarissa Guita afirmou que iria reforçar o atendimento público pediátrico no município. “Assim que assumimos, levamos as demandas de urgência ao prefeito e obtivemos autorização para contratação de mais profissionais na Beneficência Portuguesa. Eram dois médicos, colocamos mais um e depois mais um, normalizando o atendimento. Retornamos com a pediatria no Eithel, com dois pediatras e temos pediatria também no interior, em Bonsucesso. A Bené atende as 24 horas e o Eithel de 8 às 20h, de domingo a domingo”. Porém, hoje, dois pediatras se revezam para atender na Beneficência Portuguesa. Também recebemos informações de crianças sendo transferidas para outros municípios pela falta de diversos tipos de especialidade no município.

Posicionamentos
Nesta quarta-feira, cobramos um posicionamento da secretaria municipal de Saúde sobre o grave assunto. Porém, até o fechamento desta edição a Assessoria de Comunicação do governo Vinicius Claussen não havia se posicionado. Também aguardamos informações do HCTCO sobre possível reforço nos quadros da área de pediatria e do HSJ se futuramente tal especialidade pode voltar a ser oferecida na unidade. A Assessoria de Comunicação da unidade hospitalar que faz parte da Rede Santa Catarina informou que “Nós, do Hospital São José, cujo perfil é voltado a alta complexidade, informamos que, desde dezembro de 2020, deixamos de atender a especialidade de Pediatria”. Sem o HSJ, quem tem plano de saúde só tem o Hospital das Clínicas para levar as crianças para todo o tipo de atendimento.

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Edição 02/05/2024
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