Maria Eduarda Maia
A quantidade excessiva de fios em postes de energia elétrica em ruas e avenidas de Teresópolis é um problema antigo e que vem se arrastando de gestão em gestão sem uma solução por completo. Fios enrolados e soltos, muitas vezes pendurados sobre calçadas, retratam tal descaso, infelizmente já fazendo parte da questão visual da cidade. Além de deixar as vias com aspecto de total desordem nos postes, a questão tem preocupado os moradores pelos riscos que pode oferecer. Recentemente, um motociclista por pouco não se feriu ao passar por uma fiação baixa no bairro Bom Retiro. No registro de uma câmera de segurança, é possível notar um caminhão de lixo passando pela rua Café Filho e, logo após, um fio se desprende, ficando bem próximo ao chão. Segundos depois, ao trafegar pelo local, um motociclista chega a ter seu capacete retirado pela fiação, evidenciando a real possibilidade de acidentes mais graves.
E esse não foi o único registro na localidade envolvendo fios soltos e próximos ao chão. Na mesma rua, também foi flagrado um motorista de um caminhão baú tendo que ter sua atenção redobrada devido a baixa fiação. Neste caso, os moradores da região poderiam ter sido ser fortemente prejudicados pela falta de energia ou internet, por exemplo, podendo também causar acidentes por conta de curtos-circuitos.
Em entrevista ao Diário, o secretário de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade, Sérgio Mauro Louzada, pasta que coordena a operação ‘Caça Fio’, que visa identificar e retirar fios obsoletos e desativados dos postes de ruas e avenidas de alguns pontos da cidade, conta que empresas de energia elétrica e operadoras de internet não estão cumprindo as normas estabelecidas, já sendo notificadas.


“Existem leis municipais que não estavam sendo cumpridas pela empresa de energia elétrica, a Enel, que está sendo notificada pela prefeitura. Estamos fazendo a operação em regime de mutirão com as operadoras de internet, só que um problema que já foi detectado: as operadoras fazem a limpeza e depois voltam a ter ‘barriga’ novamente”, declarou Sérgio, destacando que já está sendo organizada uma nova programação da operação para a virada do ano, expandindo para outros bairros da cidade.
“A situação é crítica e a prefeitura tem feito o que a compete, que é limpar conforme a rota que foi criada com as operadoras de internet e notificar a Enel, que é a responsável pelos postes. Inclusive, a concessionária cobra das empresas de internet, mas não fiscaliza se estão dentro da regulamentação da Anatel”, esclareceu ainda o secretário.

Risco de curtos e incêndios
Mesmo que muitos cabos não sejam energizados, o risco de acidentes e incêndios provocados por curtos-circuitos é real. Um dos casos que podem ser tido como exemplo é de um incêndio ocorrido no início do ano em um poste no início da Calçada da Fama, em frente a Padaria Império, na Várzea. Além de causar a destruição de redes de energia, internet e telefonia, o grande volume das chamas assustou quem passava pelo local na hora, havendo ainda a preocupação do incêndio atingir estabelecimentos comerciais vizinhos.
Segundo Sérgio Mauro, a operação ‘Caça Fio’ também se estende a evitar ocorrências como essa. “Várias ocorrências estão sendo informadas à secretaria para acionar a fiscalização de postura para que sejam tomadas as medidas contra a Enel. Temos vários postes que correm risco inclusive de incêndio e a própria empresa tem noção disso e as próprias operadoras de internet que acabam prejudicando o cliente quando isso acontece”, ressaltou, destacando ainda que a situação é complexa e que a operação tem previsão de ampliação, mesmo tendo em vista a questão orçamentária do município e a falta de efetivo.

Denuncie
Para que as ocorrências sejam minimizadas, é necessário que a população denuncie ao ver fios soltos e enrolados nos postes de energia elétrica pelo canal do e-Ouve. “As pessoas precisam denunciar para que possamos notificar a empresa que é a responsável e que cobra o aluguel dos postes. E nós já estamos fazendo isso”, afirmou Sérgio Mauro, frisando que o maior problema é que, quando é realizada a prestação dos serviços pelas empresas e operadoras, os fios são deixados com “barriga” e enrolados nos postes, situações totalmente fora da norma. “Nós já estamos estudando, inclusive, uma legislação municipal para que possa cobrar também dos operadores de internet que, quando for refazer uma instalação ou ligar ou cabos, eles respeitem também a norma da Anatel”, concluiu o secretário.


Ainda na rua Café Filho, no Bom Retiro, foi flagrado um motorista de um caminhão baú tendo que ter sua atenção redobrada devido a baixa fiação. Foto: Reprodução
